Não foi um passeio no parque, mas tudo terminou com uma caminhada triunfal de Jardim, Bernardo, Moutinho e companhia, que na noite de quarta-feira entraram para a realeza do futebol europeu.

Após perder por 5-3 em terras de sua majestade, no principado, o Mónaco apresentou a sua candidatura ao trono do Velho Continente ao dar a volta à desvantagem trazida de Manchester para eliminar o milionário City – clube de um emir, já que seguimos na analogia de realeza –, graças ao 3-1 no Estádio Louis II.

O cetro é do Real Madrid, já se sabe, mas na noite de quarta-feira Pep, sua majestade Guardiola, perdeu a coroa tudo por culpa do incrível Mónaco de Leonardo Jardim.

Jamais Guardiola havia sido eliminado antes das meias-finais da Liga dos Campeões. Desta vez, não chegou sequer aos quartos. Nunca em quatro épocas à frente do Barcelona ou nas três em que orientou o Bayern tal havia sucedido. À oitava época, a primeira no comando do City, Pep tombou antes do esperado. E assim, pela segunda vez em três épocas, a equipa monegasca orientada pelo técnico português, com Bernardo Silva e João Moutinho em campo, chegou aos quartos-de-final.

Mbappé, 18 anos: o mais jovem de sempre a marcar nas duas mãos

Foi uma eliminatória atípica, desde logo com dois dados inéditos na Liga dos Campeões: pela primeira vez uma equipa foi eliminada depois de ter feito cinco golos na primeira mão e nunca ambas as equipas haviam marcado meia dúzia de golos em 180 minutos. Considerando toda a história da Taça dos Campeões Europeus é preciso recuar a 1966 (aos noruegueses do FC Lyn) para igualar o primeiro feito e até 1973, mais precisamente ao Dinamo de Dresden-Bayern de Munique, a um duelo entre alemães ocidentais e orientais, para encontrar seis golos para cada lado nas duas mãos.

Mbappé celebra com Bernardo Silva

Não só o número de golos mas também quem os marcou torna esta eliminatória excecional. O jogador mais jovem de sempre a marcar nas duas mãos de uma eliminatória da Champions havia sido Anelka, em 2000, quando tinha 21 anos e 56 dias. Pois bem, logo aos 8 minutos de jogo, outro jovem avançado francês tratou de pulverizar esse registo. Kylian Mbappé, que ainda gatinhava quando há 17 anos Anelka havia conseguido tal feito, fez o mesmo, mas com menos três anos de idade, ou seja, tem apenas 18 anos e 85 dias!

Igualmente incrível é que também no jogo, o alemão do City Leroy Sané, que fez o tento de honra dos ingleses, se tornou, aos 21 anos e 63 dias, no terceiro jogador mais jovem a marcar em duas mãos da mesma eliminatória. Ou seja, por uma semana de diferença não ultrapassou também Anelka, mesmo assim deixou para trás Rooney.

Sané em ação, pressionado por Sidibé

Tal como o Arsenal, também o Manchester City caiu nos oitavos. O Tottenham havia sido eliminado ainda na fase de grupos e o único representante inglês na Liga dos Campeões é o campeão Leicester – oitava equipa inglesa a apurar-se para esta fase da prova; mais do que qualquer outro país.

62 golos nos oitavos mais produtivos de sempre

Um representante da Premier League (Leicester), outro da Ligue 1 (Monaco), mais um da Série A (Juventus) juntam-se aos dois da Bundesliga (Bayern e Borussia Dortmund) e ao trio espanhol que, depois de Real Madrid e Barcelona, ficou completo com o Atlético de Madrid.

Após a impressionante vitória em Leverkusen por 4-2 os colchoneros geriram a eliminatória e garantiram o nulo caseiro diante do Bayer. Foi o único jogo destes oitavos que terminou a zeros naquela que foi a eliminatória mais produtiva de sempre na Liga dos Campeões: 62 golos em 16 jogos.

O Atlético, que nas 83 eliminatórias que havia vencido fora de casa na primeira mão jamais havia sido eliminado, cumpriu o esperado e passou pela quarta vez consecutiva aos quartos-de-final da Liga dos Campeões, em que foi duas vezes finalista nas três últimas épocas.

Na noite do Vicente Calderón surpreendente mesmo só a extraordinária tripla defesa de Oblak, que fez até o portista Iker Casillas abrir a boca de espanto.