Outra vez fora da Champions, agora fora da Europa. A primeira já não é uma novidade, é, aliás, a normal realidade do Benfica na Liga dos Campeões, nos últimos anos. Aconteceu quatro em cinco vezes na era Jesus. O suficiente para pensar neste pesadelo recorrente. Desta vez, os encarnados deixam a prova milionária a uma jornada do fim da fase de grupos. Pode ter sido por causa da derrota em casa com o Zenit, pode ter sido pelo jogo de Leverkusen, acabou por ser em definitivo com uma derrota em São Petersburgo.
 
Numa partida equilibrada, valeu a eficácia de Danny, algo que o Benfica nunca teve, apesar de um bom período na segunda parte. Pouco para o que estava em causa. Na análise aos 90, o Zenit superiorizou-se. É verdade que na segunda parte o fez de forma mais clara após o golo. Num jogo de tudo ou nada, o Benfica acabou a zero. E em suspense pelo Leverkusen-Mónaco que confirmou o descalabro: o campeão português sai das provas da UEFA.
 
O primeiro tempo resume-se em poucas palavras. Houve quase um equilíbrio total. Ninguém dominou e toda a gente controlou, ainda que o Zenit tivesse ligeiríssima supremacia. Hulk era uma ameaça à partida, mas André Almeida fez uma grande exibição. Por isso, só num livre aos seis minutos o brasileiro ex-FC Porto causou perigo. Júlio César resolveu com alguma dificuldade.
 
Ao intervalo, esse era o único remate do Zenit à baliza encarnada. E desse lance a nova ocasião passou mais de meia hora. Apesar de não permitir ocasiões ao adversário, o Benfica nunca definiu bem os lances ofensivos. Talisca não desequilibrou entre linhas e nem teve intensidade. Gaitán procurou furar, seja em fugas pela linha, seja em jogo interior, mas raramente o conseguiu. 
 
A exceção foi aos 38 minutos. Gaitán e Talisca combinaram e o argentino serviu o compatriota Salvio ao segundo poste. O camisola 18 disparou a melhor oportunidade dos 45 iniciais contra o corpo de Lodigin. O nulo mantinha-se e, mais do que aceitável, era justíssimo.
 
O melhor período do Benfica surgiu na entrada para o segundo tempo. Os encarnados podiam, e até deviam, ter chegado à vantagem. A equipa entrou mais pressionante, mais agressiva na recuperação da bola e começou, por isso, a definir melhor no ataque.
 
Aos 50 minutos, Luisão surgiu na área do Zenit. Talvez um avançado fizesse melhor, pela normalidade que teria na situação. Já o defesa tinha apenas Lodigin entre ele e o golo e atirou um pontapé que fez a bola andar paralela à baliza.
 
A confirmar a ascendência das águias, Gaitán ganhou a linha de fundo e com várias camisolas encarnadas na área, o argentino colocou a bola rasteira. Outra vez paralela à baliza. Era, no fundo, o Benfica a passar ao lado da Champions…
 
Villas-Boas tinha perdido Lombaerts por lesão. Perdeu depois Javi Garcia, mas a única alteração que fez por opção mudou o jogo. Instantes depois de André Almeida fazer um corte fulcral na área de Júlio César, Shatov foi para campo. Nos 15 minutos seguintes, o Zenit começou a ganhar duelos a meio-campo de novo. Por outro lado, a substituição de Talisca [melhor no segundo tempo] por Derley não provocou efeito nenhum positivo no Benfica.
 
Ora, com o Zenit mais rápido e mais agressivo de novo, Hulk recebeu nova bola na direita do ataque. Ao contrário de todas as outras, não insistiu na progressão para o meio ou uma tabela no mesmo sentido. Preferiu colocar na área. E entre Luisão e Samaris, Danny surgiu para um pontapé certeiro.
 
O 1-0 foi a morte anunciada. O Benfica nunca mais conseguiu reagir. Nem mesmo apostou em futebol direto quando isso se impunha. Luisão ainda acabou expulso e falha a próxima jornada com o Leverkusen. Um jogo que vale quase nada. Quase porque vale um milhão. Os outros o Benfica desperdiçou-os.

artigo atualizado às 21h56