Não será muito arriscado dizer que esta noite o Sporting terá averbado a derrota mais honrosa da sua história.

A jogar em pleno Santiago Bernabéu contra o campeão europeu o Sporting esteve a vencer até ao último minuto do tempo regulamentar, graças a um golo de Bruno César, e quase protagonizou a grande surpresa da jornada inaugural da Liga dos Campeões.

Foram 89 minutos de sonho, mas a dura realidade de jogar em Madrid contra um Real que é um verdadeiro colosso do futebol mundial impôs-se nos derradeiros cinco minutos de jogo. A pequena «traição» de Cristiano Ronaldo, sublinhada com um pedido de desculpas após cobrar o livre que valeu o empate aos espanhóis, viria a agravar-se no último dos quatro minutos de descontos, com um cabeceamento de Morata, após cruzamento do ex-portista James Rodríguez, a valer a vitória merengue.

A inglória e até cruel derrota sportinguista veio com laivos a déjà vu. Ronaldo cumpriu a tradição de voltar a marcar à antiga equipa. Tal como havia feito em novembro de 2007 – época 2007/08 – em Old Trafford, com a camisola do Manchester United. Nessa altura, o resultado também os leões se haviam adiantado no marcador e o poderoso adversário acabou por igualmente garantir o triunfo por 2-1 com um golo nos descontos. Dessa vez, também Ronaldo de livre bateu Rui Patrício, selando a vitória dos Red Devils (depois de Carlos Tévez ter feito a igualdade).

Desta vez, o «monstro» precisou de amigos, em particular James e Morata, para já no final sentenciar a reviravolta por 2-1.

No entanto, o Sporting esteve muito perto de fazer história. O melhor resultado de uma equipa portuguesa no Bernabéu foi um empate a uma bola do FC Porto em dezembro de 2003.

Segundo dia, o mesmo tropeção caseiro

Por falar no FC Porto, a exibição desta noite foi insípida e o resultado nada animador. Um empate em casa a uma bola face à equipa teoricamente mais acessível do grupo – ou não fosse proveniente do pote 4 – coloca os dragões em alerta para as deslocações a Leicester e Brugges nas jornadas seguintes.

O FC Copenhaga surpreendeu, com Cornelius a restabelecer já na segunda parte a igualdade após um golo de Otávio, e conseguiu fazer história ao garantir um ponto no reduto dos dragões, algo que nunca nenhuma equipa dinamarquesa havia alcançado.

Dragões cederam pela primeira vez um empate em casa frente a uma equipa dinamarquesa

Nas três receções anteriores, o FC Porto havia sempre conseguido o triunfo: por 3-0 sobre o Vejle-Kolding na Taça das Taças de 1981/82, por 1-0 sobre o Brondby na edição da Taça dos Campeões Europeus que viria a vencer em 1986/87 e por 2-0 sobre o Aalborg na Liga dos Campeões de 1995/96. Outra curiosidade é que o FC Porto nunca venceu na Dinamarca, um registo que convém quebrar caso queira recuperar o arranque em falso desta estreia para lutar pelos primeiros lugares do grupo – derrota por 2-1 com o Vejle-Kolding e empates a uma bola com o Brondby e a duas com o Aalborg.

Paradoxalmente, apesar dos resultados abaixo das expetativas, ambos com empates em casa a uma bola, só FC Porto e Benfica, terça-feira diante do Besiktas, somaram ao coeficiente de Portugal na UEFA nesta jornada de estreia na Liga dos Campeões.

Um arranque abaixo das expetativas e que se torna perigoso, considerando que duas das seis equipas qualificadas para as competições europeias desta época – Arouca e Rio Ave – já foram afastadas e que a Rússia conseguiu uma vantagem tangencial e com a sua pontuação nesta época ultrapassou para já Portugal no sexto lugar do ranking.