Depois de seis anos de aposta ibérica para liderar o plantel (exceção feita aos interinos), com treinadores como Victor Sánchez, Paulo Bento, Marco Silva, Michel, Vítor Pereira, Leonardo Jardim e Ernesto Valverde, Vaggelis Marinakis mudou o paradigma e apostou em Besnik Hasi para liderar o campeão grego em 2017/18.

O presidente do clube contratou o albanês com passado na Bélgica, com cinco anos como treinador adjunto do Anderlecht e mais três como principal, e que na última época teve uma aventura negativa no Legia. Hasi começou a temporada, mas curiosamente quando ia jogar com o Sporting para a Liga dos Campeões em setembro acabou despedido.

Agora, surpreendentemente, lidera uma equipa hegemónica na Grécia e para já tudo corre bem. Sete jogos, cinco vitórias e dois empates, um deles frente ao Partizan e que carimbou o apuramento na 3ª pré-eliminatória da Champions.

Até agora, o conjunto de Pireu ultrapassou Partizan e Rijeka na Champions e soma duas vitórias e um empate (este sábado) para a Liga. Olhando aos resultados tudo parece correr bem, e são o que importa, mas analisando o jogo a equipa mostra várias debilidades. Por exemplo, frente ao Partizan foi «abafado» na Sérvia, mas os Deuses do Olimpo ajudaram a que tudo corresse bem ofensivamente e que marcasse três golos em contra-ataque, uma das virtudes.

No plantel há velhos conhecidos como os portugueses Diogo Figueiras e André Martins (não inscrito na Liga dos Campeões), Pardo (ex-Sp. Braga), Carcela (ex-Benfica) e Sebá (ex-FC Porto).

Besnik Hasi organizou os seus comandados em 4x2x3x1 em todos os jogos até agora, independentemente das peças que possa mexer, e têm sido muitas..

Onze provável

No capítulo ofensivo a saída de bola é sempre feita pelos dois centrais, com os laterais projetados e com os dois médios, paralelos aos centrais, a pedir à vez a bola.

A paciência não é o forte desta equipa e após três ou quatro passes, entre centrais/médios ou centrais/laterais, se não encontrarem uma forma de entrar no esquema adversário pelo chão, prioritariamente fazendo chegar a bola a Marin (o criativo), não hesitam em bombear ou à procura do avançado, que faz de pivot, ou do extremo, quando é Sebá a jogar. À direita joga sempre Carcela e para ali raramente há bolas longas.

Pelo chão a referência é sempre Marin, que Hasi tem colocado ou nas costas do avançado ou à esquerda, quando pretende ganhar outra força na zona central.

A grande virtude desta equipa é a verticalidade, já que com a bola nos pés, em posse, deixa muito a desejar. O Sporting terá de ter muito cuidado na forma como gere a bola na sua defesa e meio-campo, já que Odjidja no meio-campo é exímio na pressão e rouba muitas bolas. Quando esta é roubada, o alvo é o avançado, que segura, tenta virar e procurar os extremos, que mal há o roubo procuram o espaço. Poucos toques com o objetivo de chegar à baliza.

Aqui Ben Nabouhane segura a bola, em luta com o central, e vai esperar que Sebá passe para lhe dar a bola. O extremo ex-FC Porto ficou um para um com o defesa e criou perigo.
(1ª imagem) Odjidja recupera a bola e de imediato coloca (2ª imagem) em Ben Nabouhane com os extremos a procurar o espaço

Nota para o avançado que até agora foi sempre Ben Nabouhane, novidade para esta época já que esteve cedido ao Panionios na última temporada. Já marcou dois golos, ambos ao Partizan na 1ª mão, mas deve perder o lugar no ataque para Djurdjevic, internacional sérvio contratado no último dia de mercado, precisamente ao rival nessa eliminatória da Champions.

Ben Nabouhane é muito possante, segura bem a bola, mas tecnicamente deixa a desejar e é muito perdulário na finalização. Djurdjevic vai dar mais qualidade com bola na frente e mais espírito letal no último terço. Em posse de bola, o sérvio também pode melhorar o jogo do Olympiakos porque é mais móvel e procura melhor o espaço nas costas dos defesas adversários.

Estreou-se este sábado após a pausa internacional, mas não marcou.

A DÚVIDA NO ATAQUE

Uma dúvida no esquema que Besnik Hasi montará frente ao Sporting prende-se com a posição de Marin. O alemão é indiscutível no esquema, mas tem variado da posição de segundo avançado para extremo-esquerdo.

Marin jogou os dois jogos relativos à 1ª mão das eliminatórias da Champions como segundo avançado e na 2ª mão como extremo-esquerdo. Nesses jogos o Olympiakos estava em vantagem.

Quando Marin jogou pelo meio, Sebá entrou para a esquerda, quando Marin jogou na esquerda, Hasi optou por duas soluções para segundo avançado:

- Fortounis (4 golos esta época já): o grego é muito bom a jogar entrelinhas e dá uma maior veia goleadora à equipa. Procura terrenos que Marin não pisa, as costas da defesa. Marin quer no pé, Fortounis procura o espaço e foi assim que o Olympiakos marcou um golo ao Partizan, um minuto depois de Fortounis entrar.

- noutro jogo optou por adiantar Odjidja, que tem jogado sempre como número «8». Esta opção foi feita numa altura em que o Olympiakos ia jogar fora de casa e estava em vantagem frente ao Rijeka.

À direita Carcela tem lugar reservado embora não esteja numa fase muito positiva. O ex-Benfica opta muito por lances individuais e das poucas vezes que vai à linha cruza sistematicamente para a zona do penálti, pelo chão, a pedir a entrada do médio. Odjidja aparece e remata muito bem. É preciso ter cuidado!

AS LACUNAS DEFENSIVAS

Defensivamente muitos problemas e muitas dúvidas na composição. Retsos era a base e saiu para Leverkusen mesmo no término do defeso, chegando Engels que pode ter entrada direta no «onze». Aliás, Engeles estreou-se este sábado e marcou no empate com o Xanthi. Ao lado de Retsos jogaram ora Romao ora Vukovic, dependendo do que Hasi quis na posição «6».

Romao fez dois jogos na posição «6» e defensivamente as coisas não correram muito bem, e com a saída de Retsos, a grande probabilidade é que jogue a central, ao lado ou de Vukovic ou do reforço Engels.

Nas laterais, à esquerda certa é a presença de Leonardo Koutris e à direita Elabdellaoui em vez de Diogo Figueiras, já que o norueguês ganhou o lugar ao português da eliminatória com o Partizan para a do Rijeka,.

Quer de um lado quer do outro o problema é o mesmo: o espaço nas costas e a marcação ao homem que fazem e que deu frutos aos adversários nos outros jogos.

Outro dos problemas é o espaço entre centrais e médios, resultante da pressão que o duplo pivot de meio-campo faz ainda em meio-campo ofensivo. Se esta não resulta, muitos problemas.

Médios (assinalados na imagem) pressionaram e a pressão não resultou. Espaço entre linhas e desequilíbrio. Nota ainda para o lateral, no caso Diogo Figueiras, seguiu o extremo até à linha e um dos avançados do Partizan aproveita o enorme espaço entre ele e o central, que acaba por sair na bola para tentar corrigir a ausência do médio. 
Médios (assinalados na imagem) pressionam mal acontece a perda da bola, mas não resulta. O lateral esquerdo vai seguir o extremo para dentro e o lateral vai ficar sozinho do lado direito.

O Sporting pode aproveitar este espaço entrelinhas, por exemplo para a meia-distância, na qual Bruno Fernandes é exímio, mas sobretudo aproveitar as debilidades laterais. Koutris e Elabdellaoui/D. Figueiras seguem muito o opositor direto, deixando espaço para aparecer outros jogadores ali, em especial os laterais.

Koutris faz sistematicamente isto. Jesus pode aproveitar por ali.
Koutris erra muito a fazer a linha. Aqui está dois passos atrás dos centrais

Na área há algo que Jesus pode ter em conta: o médio da posição «6» raramente ajuda na luta com os avançados e o lateral fecha muito. O 2º poste fica quase sempre liberto e Djurdjevic marcou um golo assim.

Lance na esquerda, Djurdjevic (avançado assinalado a preto) fica ao 2º poste e o lateral, no caso Diogo Figueiras, segue o extremo para dentro da área. O outro avançado está com um central e nenhum dos médios entra nesta luta da área. Djurdjevic fica esquecido ao 2º poste e vai fazer golo após o cruzamento.
Mais um lance semelhante agora com o lateral, Diogo Figueiras, a entrar para marcar um avançado, e a ficar alguém esquecido ao 2º poste. Novamente o médio da posição «6» (assinalado a vermelho) sem marcar ninguém nem a ajudar na luta da área.
O número 3 do Partizan vai fazer golo ao primeiro poste numa altura em que nenhum dos centrais está na zona. Isto resultou de uma variação rápida da esquerda para a direita com o avançado do Partizan a sair para a linha o que arrastou os centrais. Se fizer estas rotações rápidas, o Sporting pode aproveitar.

O ambiente a encontrar no Pireu será complicado, mas se os homens de Jorge Jesus lidarem bem com isso têm condições para trazer da Grécia um bom resultado.

A FIGURA: Marko Marin

O alemão é o criativo do conjunto do Olympiakos, quer ao centro quer à esquerda e é um alvo que os leões têm de ter em conta. Não pode ter espaço para pensar nem espaço para rodar entrelinhas e ficar de frente para a baliza. Já marcou um golo esta temporada num lance de contra-ataque partindo da esquerda, aproveitando a velocidade que tem. Anulando o alemão, o Sporting fica com muito menos preocupações já que o Olympiakos optará por um jogo mais direto e pelo ar. Para além de Marin, o Sporting deverá ter em conta Odjidja. Será o número «8» e é um dos jogadores em melhor forma no Olympiakos. Fortíssimo na recuperação e na pressão após a perda de bola, boa capacidade de progressão e com forte remate. É um «box-to-box» e o meio-campo dos gregos vive muito dele. Já conheceu vários parceiros esta temporada e nenhum estabilizou. Certo é que Odjidja é um alvo a ter em conta.