A figura: Gabi

«A nossa forma de vida.» Ninguém tem no peito aquela frase como Gabi. A tarja que surgiu do lado colchonero quando as equipas entraram em campo é cicatriz no jogo do capitão. Está lá como marca, para lembrá-lo do que é ser Atleti, do que é jogar com as cores deste clube na final de todos os tempos, frente ao rival de uma eternidade, em honra dos que partiram. Gabi transportou essa alma para o relvado da Luz. A explicação estará algures aqui: nasceu em Madrid, formou-se no Atleti, sonhou acordado em ser o primeiro capitão colchonero em levantar a taça que coroa os campeões europeus. Em campo, fez por isso. Ajudou a bloquear o centro do terreno, pressionou os adversários em todo o lado e ainda deu sempre linha de passe aos colegas. Fez um jogo de ajudas, portanto. Como um verdadeiro capitão deve fazer, no apoio aos demais. Impressionou pelo que correu, pelo que lutou, pelo esclarecimento quando os outros já não o tinham. Ser Atleti é uma forma de vida, e isso, por vezes, signfica ficar a um minuto da glória eterna e falhar por completo. Foi assim em 1974, foi assim em 2014. A Gabi só lhe resta continuar a sonhar…

Positivo

O bloco central formado por quatro nacionalidades. Tiago e Gabi à frente, Godín e Miranda atrás. Os quatro controlaram a entrada da área de forma quase irrepreensível. Tiago e Gabi funcionavam como filtro, o brasileiro e o uruguaio, atrás, como parede que rebateu tudo o que ali bateu. Com isso, o Atlético retirou jogo a Benzema e Cristiano Ronaldo. Menos a Bale, que se encostou mais à linha.

Negativo

Diego Costa. Arriscou tudo e durou nada. O hispano-brasileiro estava em dúvida antes da partida, mas o treino da véspera tinha dado boas indicações. Diego Costa surgiu, assim, com alguma naturalidade no onze do Atlético Madrid. Um par de corridas e uma luta pela bola na área do Real Madrid foram a única coisa que fez dentro das quatro linhas. Saiu, aos dez minutos, para dar o lugar a Adrián López, que nem aqueceu. Tal como Costa. Num outro momento, depois do 1-1, a equipa quebrou de vez. Já estava no limite físico, à espera do apito final e não aguentou a última meia-hora.

Outros destaques

Godín

Foi ao céu de Lisboa para colocar o Atlético Madrid muito perto de um título sonhado. Diego Godín, que pelo meio e fim tem dois nomes tão peculiares como Roberto Leal, foi a par de Gabi aquele que mais se entregou e interpretou essa paixão roja y blanca de lutar por cada bola como se o sonho de uma vida estivesse ali, tão perto e alcançável. Foi isso que o fez saltar na área do Real Madrid e deixar Iker Casillas cheio de vergonha. Tinha sido herói na Catalunha, o derradeiro herói de um campeonato conquistado e não mereceu nada, mas mesmo nada que aquele golo, aquele 1-0, se tenha transformado numa coisa tão insignificante quando alguém, daqui a cem anos, olhar apenas para o resultado.

David Villa

Qué partidazo! Provavelmente, vai a caminho de algures e ainda está a chatear algum madridista. Villa fez um jogo tremendo de esforço. Depois da saída de Costa, ficou muitas vezes só na luta com Varane e Ramos e, lá está, chateou-os como pôde. E pôde muitas vezes, a fazer também de primeiro defesa, naquela estratégia já prevista do Atleti. Não marcou, é verdade, mas para quem já tinha atingido glória de blaugrana, vê-lo correr assim faz mesmo perguntar: este Atleti deve mesmo ser uma coisa especial.

Adrián

Não teve tempo para aquecer e, tralvez por isso, só tenha entrado realmente em jogo no segundo tempo. Em termos ofensivos, atenção, porque Adrián Líopez juntou-se à causa pela qual este Atleti luta. Fechou bem à esquerda nessa primeira fase e, no segundo tempo, partiu dali para travar uma bela batalha com Carvajal. Ou seja, foi um bom suplente do lesionado Diego Costa. É verdade que não se pode descurar a influência do hispano-brasileiro nesta equipa, a temporada provou-o, mas a exibição de Adrián amenizou-a e muito.