O Sindicato de Jogadores (SJPF) apresentou esta quarta-feira um estudo que revela que a maioria dos jogadores utilizados na Liga na época 2006/07 foram estrangeiros com o objectivo de desmistificar a ideia de que há uma forte aposta dos clubes nos valores nacionais e para lançar um alerta sobre o crescente número de jogadores portugueses desempregados no futebol profissional. Os números são claros e revelam que da média de 223 jogadores utilizados por jornada, 117 foram estrangeiros contra 106 portugueses, o que perfaz uma percentagem de 52 contra 48 por cento.
A preponderância dos jogadores estrangeiros começou a manifestar-se desde as primeiras jornadas, embora se tenha registado um equilíbrio entre a 5ª e a 15ª rondas mas, a partir daqui, período que coincide com a reabertura do mercado, em Janeiro, a supremacia dos estrangeiros sobe em flecha, registando apenas um ligeiro decréscimo na ponta final do campeonato. Joaquim Evangelista, presidente do SJPF, fez que questão de destacar os diferentes comportamentos dos clubes, dando os «parabéns» ao D. Aves, E. Amadora, Sporting e Belenenses, os clubes em que a utilização de portugueses foi superior à dos estrangeiros, do mesmo modo que «reprovou» os sete clubes que utilizaram mais estrangeiros do que portugueses, com especial ênfase para o Marítimo que, em média, jogou com onze estrangeiros e apenas três portugueses.
Dos três grandes, Joaquim Evangelista não tem dúvidas em apontar o Sporting «como o mais português», com uma média de oito portugueses utilizados por ronda contra seis estrangeiros. O Benfica ainda começou a temporada com uma maioria de portugueses, mas desequilibrou a média na segunda metade, terminando com uma média de sete para sete. O campeão F.C. Porto foi de longe o mais estrangeirado com uma média de nove estrangeiros para cinco portugueses, ficando apenas atrás do Marítimo.
Dados que, para Joaquim Evangelista, obrigam a uma reflexão da parte dos dirigentes. «Devem fazer uma leitura própria, todos devemos reflectir. Os dirigentes dos grandes defendem a formação, mas afinal têm apostado massivamente nos estrangeiros. Nesta época balnear vão sempre para o Brasil e trazem de lá dois ou três jogadores», destacou.
Evangelista aponta o Sporting «como o melhor exemplo», mas ainda assim defende que «há muito para fazer». «Os discursos dos dirigentes não coincidem com os dados concretos», acrescentou.
Valores médios por clubes por jornada
D. Aves: 10 portugueses/4 estrangeiros
E. Amadora: 9/5
Sporting: 8/6
Belenenses: 8/6
Benfica: 7/7
Boavista: 7/7
P. Ferreira: 7/7
Sp. Braga: 7/7
Beira Mar: 7/7
V. Setúbal: 6/7
Nacional: 6/8
U. Leiria: 6/8
Académica: 6/8
Naval: 5/9
F.C. Porto: 5/9
Marítimo: 3/9
Liga Vitalis mais portuguesa
Na Liga Vitalis a maioria dos jogadores utilizados foram os portugueses, com uma média de 142 portugueses (65%) contra 77 estrangeiros (35%) por jornada. Uma tendência que se revelou claramente em todas as rondas com apenas dois clubes a chegarem ao final com uma média de mais estrangeiros utilizados: D. Chaves (8 estrangeiros/6 portugueses) e Gil Vicente (8/6).
O Feirense foi o clube mais português, com uma média de 13 portugueses para apenas um estrangeiro por ronda, merecendo por isso os «parabéns» do Sindicato de Jogadores.