Leo Messi salvou um clássico condenado ao fracasso. A quatro minutos do final, um momento mágico, uma corrida solitária a derrubar um Real Madrid por inteiro. Se não viu, corra a ver. Compensa tudo o resto. Bis do argentino no Bernabéu, Barcelona com tremenda vantagem na meia-final da Liga dos Campeões (0-2).
Confira a ficha
Mourinho foi expulso por não concordar com o cartão vermelho a Pepe (60m). Sem patriotismos, aceita-se a decisão do árbitro da partida. A principal responsabilidade é do luso-brasileiro. Em superioridade numérica, o Barça carregou e marcou. Afellay serviu Messi no primeiro e este serviu-se a si mesmo no segundo. Tarefa hercúlea para o Real.
José Mourinho e Pep Guardiola aqueceram o duelo de véspera. Foi o terceiro confronto deste ciclo apertado de quatro, o quarto da temporada contando com a primeira volta da Liga. Eles já não se podem ver à frente.
As expectativas eram elevadas. Com as ausências confirmadas de parte a parte, prometiam-se espaços e futebol ofensivo. O Real Madrid não tinha Ricardo Carvalho nem Khedira, o Barça chegava sem Iniesta nem laterais esquerdos (Abidal, Maxwell e Adriano).
Mourinho apostou em Lass Diarra para o meio-campo, à frente de Pepe, deixando Cristiano Ronaldo e Di María sem apoio na frente. Ozil passou praticamente ao lado do jogo. Guardiola teve de inventar um lateral, apostando no veterano Puyol. O baixo Mascherano foi central.
Desilusão tremenda na etapa inicial
Dados lançados, golos em perspectiva, uma desilusão tremenda na etapa inicial da partida. Santiago Bernabéu a rebentar pelas costuras, pedindo uma vitória, e nada. O Real Madrid entrou de forma cautelosa, entregando a iniciativa de jogo ao adversário.
Valdés defendeu apenas uma bomba de Cristiano Ronaldo em cima do intervalo. Iker Casillas fez mais, negando o golo a Xavi na melhor oportunidade dos primeiros quarenta e cinco minutos. David Villa também rematou com perigo e, num parágrafo, resumem-se as oportunidades de golo neste período.
A história da primeira parte fica ainda marcada por simulações, deixando indícios sobre o que se seguiria. Pedro e Busquets inventaram agressões com uma falta de vergonha impressionante, Angel Di María foi demónio a cavar faltas no duelo com Daniel Alves.
O caldo entornou a caminho dos balneários. Pinto, guarda-redes suplentes do Barça, assumiu-se como réu e partiu para cima dos adversários. Foi expulso. Sem prejuízo directo para a sua equipa.
De novo com dez
José Mourinho arriscou mais na segunda metade, trocando logo Ozil por Adebayor. O Real Madrid prometia crescer e Ronaldo ainda recebeu uma bola na área, sem conseguir aproveitar. Com uma hora de jogo, tudo mudou.
As quezílias multiplicavam-se quando Pepe, até então a realizar uma exibição interessante, arriscou numa entrada sobre Daniel Alves. Foi com o pé em riste, à altura do joelho do brasileiro. O árbitro decidiu que precisava de marcar uma posição. Vermelho directo!
Sergio Ramos vira o cartão amarelo pouco antes e deixara o Real com menos uma solução defensiva para o jogo na Catalunha. Pepe também falha a segunda partida. Irritado, José Mourinho protestou e também recebeu ordem de expulsão. Com meia-hora pela frente, caldo entornado no Bernabéu.
Guardiola, sem grandes soluções de peso no banco, apostou em Afellay e sorriu. O holandês passou por Marcelo ao minuto 76 e encontrou Messi ao primeiro poste para o tento inaugural. O Real ainda esboçou uma reacção, ténue, mas o argentino provou estar acima de qualquer outro terrestre.
A quatro minutos do final de um jogo intenso, tabelou a meio-campo e arrancou para a área Real. Um, dois pelo caminho, outros tantos a ver o talento puro e incomparável. Remate com o pé direito, cruzado, golo. 0-2, tudo resolvido. Um espectáculo triste salvo pela arte de um predestinado.
VHA
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