A Liga dos Campeões vai sofrer alterações a partir de 2018, com implicações para Portugal. As negociações levadas a cabo com os clubes que queriam formar uma superliga europeia, e nas quais participou o presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes, pelo lado da UEFA, chegaram a bom porto e a ideia caiu por terra. No entanto, o Maisfutebol pode avançar que haverá mudanças no formato da qualificação da Champions.

Haverá mais dinheiro para os clubes portugueses, mas no atual cenário, em que a liga nacional é quinta no ranking europeu, o terceiro classificado deixa de ir direto ao play-off e, em vez disso, terá de fazer mais uma pré-eliminatória.

No âmbito da European Club Association (ECA), Real Madrid, Juventus, PSG e Manchester United lideraram a ideia de se formar uma prova de elite. Caso essa liga da elite avançasse, teria implicações sérias para os países mais pequenos: ou seriam excluídos, ou teriam a participação reduzida a um representante. As consequências financeiras iriam sentir-se, pois o nome dos emblemas envolvidos nessa superliga atrairia os principais patrocinadores.

Assim, a UEFA iniciou conversações com o comité criado pelos clubes. Ouviu os quatro gigantes de Inglaterra, França, Itália e Espanha, convenceu-os a desistir da ideia, mas aceitou modificar alguns aspetos, que serão oficializados na gala da UEFA, a 25 de agosto, no Mónaco. É o chamado «outro lado da moeda».

A principal mudança prende-se com o número de clubes que entram diretamente para a fase de grupos. Até aqui, os quatro países mais bem classificados colocam três equipas e a quarta joga o play-off. Ora, a partir de 2018 e, pelo menos até 2021, vão todos diretos à fase de grupos. Ou seja, pelo ranking atual, Inglaterra, Espanha, Alemanha e Itália colocam quatro equipas cada nos grupos.

Ora, as implicações negativas para a liga portuguesa estão aí. Continua a haver três lugares para o 5º (Portugal) e 6º (França) do ranking. Os dois primeiros classificados do campeonato não sofrem alterações, mas o terceiro tem de fazer mais uma pré-eliminatória para chegar aos grupos. Obviamente, países que estão mais abaixo, deixarão de ter o campeão com acesso direto à fase de grupos.

Há, porém, boas notícias para a liga portuguesa. A distribuição de verbas fará com que chegue aos clubes nacionais mais dinheiro do que atualmente. Isto porque a comissão da UEFA que negociou conseguiu retirar peso ao market pool.

Esta percentagem das verbas da Liga dos Campeões tem a ver com a dimensão do mercado de cada país: como se sabe, os emblemas ingleses, por exeplo, recebem muito mais do que os portugueses, por causa desse montante que é associado ao número de pessoas que «consomem» o produto Liga dos Campeões.

Com a redução da percentagem de market pool, significa que esses montantes passam para outros aspetos: qualificações, vitórias, enfim, os chamados prémios de participação e desempenho. Em suma, as grandes ligas e clubes ganham mais uma garantia de entrada nos grupos (e o prémio de qualificação associado, claro), perdem uma parte da receita que tinham assegurada por pertencerem a um mercado maior e, desse modo, estão em pé de igualdade, no que a dinheiro de desempenho diz respeito, a todos os outros.

De referir que o presidente da FPF, Fernando Gomes, foi parte ativa nas negociações por ser o presidente do comité de competições dos clubes da UEFA. Do lado do organismo europeu, estiveram também nas reuniões o secretário-geral do organismo, Theodore Theodoridis, e ainda Giorgio Marchetti, David Gill e Michel van Praag.