Héctor Herrera, o calor mexicano a anular a frente fria na Bielorrússia. Um anticongelante para combater a resistência do BATE Borisov e permitir ao FC Porto de Lopetegui dar mais um passo para a história. 0-3, golos de Herrera, Jackson e Tello na etapa complementar.
 
Os dragões seguraram o primeiro lugar no Grupo H, garantido matematicamente três horas mais tarde, face à derrota do Shakhtar Donetsk frente ao At. Bilbao. De caminho, garantiram mais um milhão de euros e chegaram aos 13 pontos. Ou seja, Julen Lopetegui iguala o segundo melhor registo do FC Porto na fase de grupos da competição, obtido por Vítor Pereira em 2012/13.

O recorde de pontos azuis e brancos na Liga dos Campeões pertence a António Oliveira, com 16 em 1996/97, mas está ao alcance da equipa atual na última jornada, frente ao Shakhtar, que também garantiu o apuramento nesta ronda, apesar da derrota.

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O FC Porto vinha de uma longa pausa da competição (o afastamento precoce da Taça de Portugal contribuiu para tal) e Lopetegui não correu riscos desnecessários na preparação do encontro.
 
Os dragões viajaram apenas na véspera da partida, tendo em conta a falta de condições para uma estadia em Borisov. A equipa chegou a Minsk e por lá ficou, procurando adaptar-se rapidamente ao frio e à neve.
 
As condições climatéricas prejudicaram o espetáculo, naturalmente, já que o relvado da Arena Borisov ficou em más condições: um terreno irregular e duro, perigoso para os músculos e desaconselhável para equipas com boa qualidade técnica.
 
A primeira metade do encontro foi um reflexo desse quadro, aliás. O FC Porto regressou aos balneários com 69 por cento de posse de bola, de acordo com as estatísticas da UEFA, mas escassas ocasiões de golo.
 
O BATE Borisov apostou sobretudo no contra-ataque e na pressão alta sobre a defensiva contrária, onde surgia Marcano em vez de Maicon. O brasileiro era o único portista em risco para o jogo com o Shakhtar devido ao número de cartões amarelos, mas a decisão de Lopetegui poderá ter outra explicação. Marcano foi admoestado ao nono minuto de jogo, sem se ressentir até final.

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A equipa bielorrussa, ainda assim, causou alguma apreensão com roubos de bola em zonas perigosas, mas o FC Porto denotou paciência e capacidade de resistência a um terreno difícil. Após a primeira meia-hora, cresceu e aproximou-se com regularidade da baliza de Chernik.
 
Elementos criativos como Óliver (de regresso ao onze), Ricardo Quaresma e Brahimi não atuavam no palco certo para desenvolver o jogo que mais lhe agrada. Ao intervalo, Julen Lopetegui terá feito alguns ajustes, dando mais liberdade ao incansável Hector Herrera. Fator determinante.
 
O médio fez uma segunda parte de grande nível, ele que esteve há uma semana na Arena Borisov, ao serviço da seleção do México. Pouco após o reatamento, Herrera recebeu a bola na esquina da área, pela direita, e arriscou. Um belo remate cruzado, inaugurando a contagem.
 
Segundo golo de Héctor Herrera na fase de grupos da Liga dos Campeões (tinha aberto caminho para o triunfo por 2-1 sobre o At. Bilbao), terceiro na prova se englobarmos igualmente o play-off. Afinal, foi ele a marcar em Lille, 0-1, escancarando as portas da competição.
 
O FC Porto chegou à vantagem e desconcentrou o BATE Borisov, satisfeito com a perspetiva de um nulo. A equipa local pensava ainda no prejuízo quando os dragões ampliaram a margem, em menos de dez minutos.
 
De novo Herrera. Belo passe para Brahimi na esquerda e colocação na área. O argelino devolveu ao mexicano, este rodou e tocou para Jackson. Remate do colombiano com o pé esquerdo, certeiro, para o quinto golo na fase de grupos da Champions. Impressionante.
 
O BATE não esboçava uma resposta condizente, parecia estar no limite das suas capacidades, e pouco haveria a fazer perante um Héctor Herrera endiabrado, ao seu melhor nível. Ao cair do pano, foi Tello a beneficiar de uma grande abertura do médio. Velocidade, domínio do espanhol e finalização com o pé esquerdo. A terceira e decisiva machadada no adversário.