Da última vez que uma equipa polaca disputou a fase de grupos da Liga dos Campeões, Juskowiak tinha acabado de sair do Sporting. O avançado mudara-se para o Olympiakos, da Grécia, na temporada em que o Widzew Lodz representou a Polónia na Champions.

Agora, é a vez do Legia Varsóvia, que se desloca nesta terça-feira a Alvalade, onde Jusko marcou golos durante três épocas. «Parece que vai ser fácil, não é?», atirou sobre o encontro, num português ótimo para quem deixou Lisboa há mais de 20 anos.

O Sporting 1994/95, vencedor da Taça de Portugal. Reconhecível para quem o viu jogar, Juskowiak é o quarto da fila da cima a contar da esquerda para quem não se lembra

É sexta-feira, e apanhamos Andrzej Juskowiak no carro. «Vamos» com ele na estrada para Cracóvia. O antigo leão vai comentar a partida do Legia com o Wisla mais tarde, mas apontou desde logo todos os problemas da equipa da capital. E são muitos.

O primeiro, por exemplo, é a fonética do nome do clube em Portugal: lê-se Léguia e não Léjia.

«Está a atravessar uma fase muito difícil! O treinador foi despedido há uns dias. Tem muitos problemas», começou por dizer Juskowiak ao Maisfutebol, um dia antes de viajar para Lisboa [ndr: o Legia confirmou Jacek Magiera entretanto].

O Legia Varsóvia começou exatamente como o Widzew Lodz em 1995/96: defrontou o Dortmund na primeira jornada da fase de grupos e perdeu. Porém, as derrotas não são todas iguais e enquanto uns saíram derrotados por 2-1 na Alemanha, outros, mais recentes, foram goleados por 6-0 em casa.

Juskowiak sublinhou que as complicações do adversário de terça-feira do Sporting «não se devem apenas à derrota com o Borussia Dortmund, que foi muito dura», ainda para mais quando «há 20 anos que um clube polaco não ia à Liga dos Campeões». Obviamente, a expectativa era muita na Polónia.

Quanto ao encontro na Alemanha, o antigo avançado dos leões apontou o dedo: «O treinador teve muita culpa, especialmente com o que fez na defesa. Com o Dortmund meteu uma linha defensiva que nunca tinha jogado junta! Os centrais estão há pouco tempo no clube, chegaram este ano, não têm experiência!»

Juskowiak acrescenta que «o grande problema é a falta de agressividade» e explica: «A equipa não sabe fazer pressing e depois parece que não tem força. Está mal fisicamente. O Legia está a jogar mal no campeonato da Polónia. Tem muitos jogadores que estão em baixo de forma.»

Liga Europa: Sporting-Legia, 2 de fevereiro de 2012; vitória leonina por 1-0,golo de Matías Fernandez, depois de 2-2 em Varsóvia

Andrzej segue a formação polaca com atenção, mas admite que é quase impossível comparar este Legia com aquele que os leões defrontaram em fevereiro de 2012. «Esta equipa está a mudar muito de jogo para jogo. A outra não, a outra era mais estável», sublinha.

O polaco também acompanha o antigo clube, viu a partida de Madrid, na qual «o Sporting jogou mesmo muito bem e depois teve aquele jogo com o Rio Ave». Jusko analisou: «Naquela primeira parte, a equipa deixou jogar muito, na segunda já foi diferente. Mas o Sporting é muito forte em casa.»

Por tudo isto, o ponta de lança que Sousa Cintra contratou ao Lech Poznan em 1992/93 atira: «Parece que vai ser fácil, não é?» 

Juskowiak complementa logo de seguida: «Atenção, o futebol tem muitas surpresas e o Legia pode trazer um bom resultado de Alvalade.»

Claro que pode, mas até a estatística é favorável ao leão. No total, há 18 confrontos entre clubes portugueses e polacos. As equipas nacionais venceram 11 e empataram quatro vezes, todas em solo estrangeiro. Os polacos ganharam em três ocasiões, nunca em Portugal.

O futebol bonito em Alvalade e Bas Dost

Obviamente, 20 anos são muito tempo e muitas coisas mudaram em Alvalade. Desde logo, o estádio. No entanto, Andrzej Juskowiak recorda que naquele tempo «o Sporting também jogava um futebol bonito». O polaco comentou ainda: «Quando é assim, normalmente está-se mais perto de ganhar.»

Antes de se instalar em Cascais, onde confessou que ia ficar nesta visita, o antigo avançado leonino revelou ainda que conhece muito bem Bas Dost.

Jusko nos tempos do Wolfsburgo

O holandês e Juskowiak têm em comum o Wolfsburgo. Aliás, o polaco passou mais tempo com os alemães do que em Alvalade.

«Ele precisa de algum tempo para se adaptar, mas tem grande qualidade», disse sobre Bas Dost. «Mostrou isso há dois anos, fez uma grande época no Wolfsburgo. A última já não foi tão boa, mas foi um bocado como o resto da equipa. O Sporting tem de aproveitar as capacidades dele, porque é goleador», concluiu.

Terça-feira, o Sporting defronta um campeão polaco em aflição, antepenúltimo numa liga estranha. O Ruch Chorzów é o emblema mais titulado do país e está a meio da tabela; o Lech Poznan é outro histórico na mesma situação; o Wisla Cracóvia está ainda pior no último lugar.