A Liga de Clubes e o Sindicato dos jogadores estiveram reunidos esta terça-feira para debater alguns dos problemas que afectam o futebol português, nomeadamente os salários em atraso e a situação particular do Estrela da Amadora.
No final da reunião, o presidente do Sindicato de Jogadores, Joaquim Evangelista, mostrou-se esperançado com o resultado do encontro e preocupado com a situação do clube tricolor. O responsável fez-se acompanhar de um conjunto de propostas que pretendeu discutir com Herminio Loureiro, presidente da Liga. Entre as quais, encontrava-se a negociação dos contratos colectivos de trabalho, que havia sido interrompida. «Apresentámos o regime jurídico do contrato colectivo de trabalho que foi aprovado em Espanha, bem como o protocolo assinado entre o Conselho Superior de Desporto, Liga e o Sindicato de Jogadores, também em Espanha, sobre os salários em atraso», informou Evangelista.
Para o responsável trata-se «de uma boa proposta que pode ser exequível em Portugal». A Liga, por sua vez, mostrou interesse em estudar se o diploma aprovado em Espanha poderá ser adaptado à realidade portuguesa. Para Hermínio, «o modelo espanhol tem questões positivas, mas não pode ser transcrito na totalidade para o futebol português», uma vez que se tratam de realidades completamente diferentes. «A situação em Espanha, no que toca, às receitas para os clubes, é bem diferente da nossa realidade», explicou.
A este respeito, Hermínio Loureiro lembrou a urgência de regulamentar as apostas desportivas, à imagem do que tem sido feito em Espanha. Já no que toca à questão dos salários em atraso, ambos os dirigentes concordaram que a situação não deve voltar a repetir-se, uma vez que lesa a imagem do fem Portugal.
Para Joaquim Evangelista, é necessário proceder a uma alteração dos regulamentos. «Foram feitas mudanças, mas insuficientes», considera. Com as actuais leis, «a Liga não podia ter evitado esta situação, porque se limitou a comprir com o formalismo estabelecido». O dirigente defende novas regras, uma vez que as actuais «não são as adequadas».
Estrela como exemplo
O presidente do Sindicato define a situação do Estrela como exemplo do falhanço das actuais regras. Para além da mudança a nível legal, onde não devem ser só os clubes a decidir, pois Evangelista acredita que «os prevaricadores não vão estabelecer regras que os penalizem», é necessário também criar mecanismos de apoio. «Há que ter em conta a dimensão humana», disse, anunciando a criação de «um fundo de garantia salarial», com o objectivo «de minimizar o probelma», permitindo aos jogadores «responder aos seus problemas pessoais e familiares». A Liga mostrou-se disponível para apoiar este fundo, faltando apenas definir as condições dessa participação.
O presidente do Sindicato de Jogadores deixou ainda alguns recados para os dirigentes do clube da Reboleira. «Comprometi-me a aguardar uma resposta até amanhã, no sentido de saber se os salários são pagos ou não. Se isso não for possível, o Sindicato apoiará a decisão que os jogadores entenderem tomar», revela Evangelista. «Quanto ao presidente do Estrela da Amadora, não pode prometer o que não consegue cumprir», criticou, antes de acusar António Oliveira de estar a cair em descrédito.
Já Hermínio Loureiro considera que se trata «de uma situação preocupante», que tem por base as penhoras de que o Estrela foi alvo e que impedem o clube de receber «receitas contratualizadas». «Nã queremos mais situações destas», assevera. O fantasma da greve que paira sobre o clube é mais um motivo de preocupação para o presidente da Liga: «Uma greve é sempre preocupante e deixa marcas na competição.»
Apesar da situação grave em que se encontra o Estrela, e na qual não é o único clube (Olivais e Moscavide, por exemplo), Hermínio explica que «em nenhuma liga europeia um clube pode ser excluído no decorrer da época desportiva, tal punição só pode acontecer no final da prova».