O horizonte é por isso azul para um F.C. Porto de alma e coração, que vive em estado de graça e continua a crescer à medida que o relógio avança: como nas boas histórias, guarda o melhor para o fim. Esta noite não entrou bem, é verdade, sofreu dois sustos cedo e demorou a impor a força.
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Demorou aliás a entrar na zona de finalização. Sobretudo isso. Pareceu começar sem frescura mental, apesar da vontade em continuar a ganhar. Vale a pena lembrar a propósito um sprint de Hulk aos dez minutos, quase de uma área à outra, para pressionar Welliton e obrigá-lo a rematar em esforço.
Um exemplo cabal da fome de vitórias, portanto, de uma equipa que bebeu do entusiasmo das bancadas para crescer a partir do primeiro golo. Com um futebol intenso e que ganhou espaços na segunda parte, o F.C. Porto construiu uma exibição robusta sublinhada num triunfo histórico.
A vantagem de quatro golos é praticamente definitiva a quem olha de fora. Vista mais de perto é ainda mais definitiva que isso. Por uma razão: este Spartak é claramente uma equipa de velocidade na frente. Joga recuada, em lançamentos longos e saídas rápidas. Subida no terreno perde claramente força.
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Ora por isso é que nos últimos quatro jogos europeus fora ganhou três: Amesterdão, Basileia e Zilina, mais Marselha no início da Champions. Esta noite não deu nem para ficar perto. Welliton falhou duas jogadas em que surgiu na frente de Helton e enterrou as esperanças russas.
Por isso volta-se atrás e sublinha-se que esta vitória é mais definitiva do que parece. Ela que só se tornou óbvia na segunda parte, depois de uma entrada que demorou a ser forte. Quatro dias depois da festa, os jogadores precisaram de tempo para fazer as ideias acompanhar a vontade.
Os primeiros minutos trouxeram perdas de bola e alguns passes errados, é certo, o golo de Falcao (que noite fantástica, três golos e uma assistência) tornou tudo mais claro. Por isso a segunda parte foi toda do F.C. Porto, num exercício repetitivo de ataques, transições rápidas e bolas na área.
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Através de trocas posicionais, que colocavam muitas vezes Varela nos espaços interiores e abriam uma via às subidas de Álvaro Pereira ou encostavam Guarín à direita e faziam Hulk deambular por toda a frente de ataque, o F.C. Porto foi inventado espaços e justificando a vitória robusta no fim.
À medida que os golos apareciam, obviamente, o clamor das bancadas ficava mais forte. Vai ficando mais forte a cada jogo que passa, aliás. O grito «venceremos, venceremos, vencermos outra vez, o Porto vai ganhar a Taça, como em 2003» espalhou-se pelo estádio. A onda azul segue imparável.
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Mais imparável até do que em 2003. Nessa altura, recorde-se, o Porto apresentou-se nos quartos-de-final também depois de vencer o Benfica na Luz. Com o Panathinaikos, porém, perdeu 1-0. Foi quando Mourinho aconselhou calma ao colega Sergio Markarian, lembrando que a eliminatória estava só a meio.
Estava de facto: o F.C. Porto foi ganhar a Atenas e só parou com a taça na mão em Seviha. Esta noite... simplificou as coisas no caminho de uma outra cidade espanhola: Villarreal. Um adversário duro, sem dúvida. Um futuro amarelo num horizonte azul carregado. Mas ele que venha, claro.
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