No embate entre dois treinadores que se destacam pelo jogo coletivo e personalidade que colam às respetivas equipas, Diego Simeone saiu claramente por cima neste primeiro choque, no Wanda Metropolitano, em Madrid, com Jorge Jesus a ver as suas aspirações de levar a eliminatória para Lisboa, em pleno, goradas por erros crassos dos centrais do Sporting. Primeiro Coates, logo a abrir o jogo, depois Mathieu, já perto do intervalo, contribuíram, e de que maneira, para o triunfo claro dos colchoneros. Montero ainda teve uma oportunidade soberana para reabrir as expetativas dos leões em tempo de compensação, mas, com tudo para marcar, atirou para as bancadas. O Atlético segue, assim, com uma série inabalável na nova casa, com nove triunfos consecutivos, com vinte golos marcados e nem um sofrido.

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Conte até 22… Foi o tempo que o Atlético demorou para se colocar em vantagem na eliminatória. Passe longo de Savic, Coates intercepta, mas, quando tentou assistir Mathieu, acabou por destacar Koke que, apenas com Patrício pela frente atirou a contar. Ainda havia adeptos à procura de lugar e o Atlético já estava a ganhar. Um erro tremendo que abalou toda a estrutura do Sporting que, por alguns momentos, ameaçou ruir por completo. Logo a seguir Rui Patrício evitou o segundo, na sequência e um pontapé de canto, e cabeçada de Godín junto ao segundo poste, com o guarda-redes a voar e a evitar o descalabro madrugador.

Os leões demoraram a assentar o jogo e a assimilar o golo inicial, com o Atlético a não permitir reagrupamentos, antes pelo contrário. Correa abria na direita, Diego Costa esticava sobre a esquerda, os dois bem colados à linha, obrigando os leões a abrirem brechas descomunais na zona central, convidando Griezmann, Koke e Saul a entrar pela porta principal. Depois de muitos gritos de Jorge Jesus, o Sporting acabou por acertar o passo, com William a recuar para colocar-se entre os centrais. O Atlético que entrou vivo e determinado, definhou a olhos vistos. O Sporting ganhava fôlego e até chegou a ameaçar as redes de Oblak, com Gelson e Piccini a aproveitarem o adiantamento constante de Lucas Hernández para subir pelo flanco e assistirem Bas Dost que, por duas vezes, cabeceou ao lado. O Atlético continuava a tentar esticar o jogo, com passes longos para as costas dos laterais leoninos, mas os leões pareciam ter aprendido a lição e já controlavam estes movimentos que os colchoneros iam ensaiando, sempre com Griezmann em plano de destaque.

Com o jogo equilibrado, era agora Diego Simeone que gritava junto à linha, em sucessivas indicações, quando Bruno Fernandes lançou Gelson para um contra-ataque que tinha tudo para dar o empate. O jovem extremo, em velocidade, destacou-se, invadiu a área, mas depois tentou colocar em jeito, permitindo que o guarda-redes esloveno, todo esticado, evitasse o golo in extremis. Quando o jogo parecia equilibrado e o Sporting até mostrava argumentos para discutir o resultado, com William Carvalho a conseguir equilibrar o meio-campo, novo erro tremendo, a cinco minutos do intervalo, desta vez de Mathieu que falhou uma receção em zona proibida e, ao mesmo tempo, isolou Griezmann que, nestas condições, já se sabe, é letal: 2-0 para o Atlético.

Jesus baralha tudo e dá outra vez

Agora o Sporting precisava de, pelo menos, um golo para, como Jesus pretendia, levar a eliminatória para Lisboa. Terá sido nesse sentido que o treinador do Sporting, com o intervalo à porta, prescindiu de William Carvalho [aparentemente sem problemas físicos] para lançar Acuña. As mudanças seriam mais acentuadas no início da segunda parte. O argentino voltou como lateral, Bruno Fernandes descaiu para a direita, Coentrão subiu na ala, Bryan Ruiz foi para o lado de Bataglia e Gelson ficou completamente solto no apoio a Bas Dost.

Esta nova formação demorou a engrenar, até porque o Atlético voltou a entrar forte e a provocar erros atrás de erros no sector mais recuado dos leões. Coates encarregou-se de deixar claro que o erro inicial não foi apenas falta de concentração. O central uruguaio estava de facto numa noite negativa e, logo a abrir o segundo tempo, cometeu mais duas falhas graves, com poucos minutos de diferença. Em ambos os casos, Diego Costa ficou em posição mais do que privilegiada para fazer o terceiro do Atlético, mas estava lá Rui Patrício a segurar o resultado com reflexos incríveis. Nada saía bem ao Sporting. Coentrão ainda ameaçou marcar, de cabeça (!), a cruzamento de Bruno Fernandes, mas logo a seguir viu um amarelo que o afasta do jogo de Alvalade.

Entretanto, Simeone tinha lançado Kevin Gameiro, procurando resolver desde já a eliminatória e o avançado até assistiu Godín para o terceiro, mas estava em posição irregular e a sentença ficou adiada. O Sporting procurava construir de pé para pé, o Atlético respondia com ataques vertiginosos, com Coates e Mathieu a tremerem por todos os lados sempre que viam Griezmann, Gameiro ou Diego Costa a cavalgar na sua direção. A verdade é que o Atlético tinha, nesta altura, o jogo controlado e só faltava saber se ia sobrar alguma coisa para discutir em Lisboa, com Bas Dost a juntar-se a Coentrão entre os que vão falhar o embate de Alvalade.

O jogo arrastava-se até final, com os dois treinadores a esgotarem as substituições, sem que surgissem novas oportunidades claras quando, já em período de descontos, os leões tiveram uma ocasião soberana para reentrar na eliminatória. Bomba de Bryan Ruiz, Oblak defendeu para a frente e Montero, com tudo para marcar, atirou para as calendas.

É verdade que nada ficou decidido esta noite, ainda faltam disputar os noventa minutos de Lisboa, mas os leões, além de terem de marcar três golos, estão proibidos de voltar a sofrer. É possível?

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