O Sporting deu um passo firme rumo aos oitavos de final da Liga Europa depois de rebentar o balão de gás do Astana que foi enchendo ao longo da primeira parte antes de rebentar, com estrondo, no início da segunda. A equipa do Cazaquistão, que não fazia um jogo oficial desde o início de dezembro, até entrou fresca e a colocar problemas à equipa de Jorge Jesus mas, sem ritmo competitivo, acabou por entregar o jogo e praticamente a eliminatória na etapa complementar, permitindo aos leões, virar, pela primeira vez na sua história, uma eliminatória fora de casa depois de ter chegado a perder ao intervalo.

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Duas equipas em fase bem distintas da temporada. O tetracampeão do Cazaquistão está praticamente na pré-época, depois de ter feito o último jogo oficial ainda em 2017, na última jornada da fase de grupos da Liga Europa, enquanto o Sporting estava a cumprir o 12º jogo em 2018. Talvez por isso, o Astana tenha entrado com tudo no jogo, procurando surpreender os leões com transições rápidas, explorando a velocidade de Tomasov e Twumasi sobre as alas.

Despotovic e Maevski já tinham colocado Rui Patrício à prova quando Shitov, na marcação de um livre, apanhou a defesa leonina a dormir, com um passe longo a destacar Tomasov à entrada da área. O extremo croata controlou bem a bola e rematou na passada, com o pé esquerdo, sem hipóteses para Patrício. Bola ao centro e o Sporting foi quase surpreendido da mesma forma logo a seguir. Tomasov, mais uma vez lançado por Shitov, voltou à escapar à defesa do Sporting, mas desta vez Rui Patrício chegou primeiro. O Sporting estava a demorar a entrar no jogo e podia ter pago um custo mais elevado por isso, com o Astana a ameaçar um segundo golo.

Jorge Jesus fez apenas ajustes ao onze que tinha vencido o Feirense, recuperando a ala esquerda – Coentrão e Acuña – que tinha cumprido um jogo de castigo, além da aposta em André Pinto, para o eixo da defesa, depois de ter deixado Mathieu em Lisboa. Bryan Ruiz manteve a titularidade, mas desta vez, com Montero no banco, jogou mais próximo de Doumbia, sem grandes resultados na primeira meia-hora de jogo.

A verdade é que o balão do Astana começou a perder gás e, nos últimos dez minutos da primeira parte, os leões já estavam claramente por cima. Bruno Fernandes podia ter empatado, com um remate de fora da área que obrigou Eric a aplicar-se junto à trave e Doumbia marcou mesmo, numa recarga a um primeiro remate de Coates, mas o árbitro detetou, ao que tudo indica, uma posição irregular do avançado que não existiu. Erro grave da arbitragem, numa altura em que o Sporting estava cada vez mais crescido no jogo. Ainda antes do intervalo, nova oportunidade para Bruno Fernandes, na marcação de um livre, com Eric a defender mais uma vez junto à barra. Piccini e Gelson acertavam agulhas sobre a direita, Bruno Fernandes juntava-se Acuña para também equilibrar a asa esquerda.

Um, dois...e três golos em dez minutos

A abrir a segunda parte, o jogo mudou em três tempos, com os leões a marcarem dois golos de rajada, três nos primeiros dez minutos. Logo a abrir, boa combinação entre Gelson e Piccini, com o lateral a cruzar à procura de Doumbia e Logvinenko e cortar a bola descradamente com a mão. Castigo máximo convertido em golo por Bruno Fernandes. Bola ao centro e novo golo para o Sporting: Acuña cruza da esquerda e Gelson, do lado contrário, rematou cruzado, fazendo a bola passar por entre as penas de Eric. Muito simples. As asas do leão agora, com mais espaço, a funcionar na perfeição. Num ápice, o Sporting fez o que nunca tinha feito nesta fase da competição: virar uma eliminatória fora de casa depois de ter chegado a perder ao intervalo.

Mas ainda havia mais. Ou melhor, cada vez havia menos Astana. Cada vez que o Sporting carregava, o Astana tremia por todos os lados e o terceiro golo chegou logo a seguir: grande abertura de Acuña a lançar Bruno Fernandes sobre a esquerda. O médio cruzou depois tenso e Doumbia, sem marcação, só teve de encostar. O Sporting estava a ganhar o jogo e, nesta altura, começava a resolver a eliminatória. Jorge Jesus começou, então a gerir a equipa e o Astana afundava-se definitivamente: Logvinenko, que já tinha visto um amarelo no lance da grande penalidade, viu um segundo e acabou expulso. Stoilov teve de prescindir de Despotovic, o homem mais adiantado do Astana, para compor a defesa e o jogo começou a acabar aqui.

Até final, os leões geriram a vantagem com uma elevada posse de bola e contaram ainda com várias oportunidades para trazer uma vantagem ainda mais confortável para Lisboa, com destaque para as oportunidades claras de Gelson e Bruno Fernandes.

Dentro de poucas horas, Sporting e Astana já estarão, aliás, a caminho da capital portuguesa. A equipa do Cazaquistão, ainda sem outra competição para disputar, vai aproveitar para fugir ao rigoroso inverno que se faz sentir na sua capital, para realizar um estágio em Portugal até ao segundo jogo, dentro de uma semana, em Alvalade.