Ricardo Sá Pinto tinha deixado a garantia no lançamento da partida com o Lech Poznan. A pesada derrota com o Benfica na sexta-feira passada não ia influenciar o desempenho do Belenenses no jogo de estreia na fase de grupos da Liga Europa. Competições diferentes provocam estados anímicos diferentes. A explicação era simples.

Difícil era interiorizá-la e acreditar que, depois de um 6-0, uma equipa reage no jogo seguinte como se nada se tivesse passado. Como se aqueles 11 homens no relvado fossem como um disco rígido que pode formatar-se fazendo delete a um passado como se ele não tivesse sequer existido.

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Mas a verdade é que o Belenenses deitou mesmo a crise para trás das costas e bateu-se olhos nos olhos com o campeão polaco (um campeão em crise, mas que não deixa de o ser por isso). A equipa de Sá Pinto pode queixar-se do azar (duas bolas aos ferros), mas deve também agradecer a São Ventura, que brilhou intensamente na segunda parte.

Depois de um início de jogo repartido, a equipa da casa começou a assumir as despesas do jogo a partir dos 20 minutos. O Lech Poznan ganhava metros, mas não conseguia materializar o domínio territorial. Os polacos ficavam-se por remates desenquadrados ou facilmente resolvidos por Ventura.

Muito organizado defensivamente, o Belenenses procurava surpreender em jogadas de contra-ataque e através de bolas paradas. Aos 38’, Miguel Rosa ficou a um «bocadinho assim» (veja em baixo deste parágrafo) de gelar o Estádio Municipal de Poznan após um canto batido da esquerda por Carlos Martins.



Era uma noite em que, já o dissemos, a sorte nada queria com a equipa de Sá Pinto. E ela voltou a fazer das suas logo a abrir o segundo tempo. Geraldes arrancou pela esquerda e serviu Carlos Martins, que em zona frontal atirou ao poste.

É a partir daqui que começa a entrar em ação Ventura. Perdão, São Ventura! O guarda-redes do Belenenses, tantas vezes criticado, protagonizou pelo menos duas defesas de grau de dificuldade elevadíssimo. Aos 66’, João Amorim cortou involuntariamente para a baliza. Ventura tirou em cima da linha. No fundo, teve asas, como voltaria a ter poucos minutos depois, ao evitar com a mão esquerda um golo que parecia certo.

Por essa altura, o Belenenses parecia condenado a acabar o jogo encostado às cordas, perante um Lech Poznan que procurava mais do que nunca os três pontos. Mas a equipa de Sá Pinto tinha mais reservado para o fim.

Já em período de descontos, Miguel Rosa e Kuca ficaram a centímetros da glória. E como ela tinha assentado tão bem a este Belenenses.