O Boavista terá pela frente na primeira eliminatória da Taça UEFA um adversário indissociável do movimento judaico. O Maccabi Telavive é uma das instituições da União Mundial Maccabi, uma organização fundada em 1927 para promover o sionismo e os princípios judeus através da educação e desporto. Há vários clubes similares, sobretudo em Israel, incluindo o Maccabi Haifa, que ganhou esta época um histórico lugar na fase de grupos da Liga dos Campeões.

O nome Maccabi evoca os antepassados do povo hebraico e as suas tradições, perpetuadas há milhares de anos. Numa altura em que a questão judaica é o tema mais sensível da actualidade mundial, o Boavista viverá pelo menos uma consequência dos tempos conturbados que se vivem em Israel. Os clubes do país estão impedidos de jogar em casa nas competições europeias, por razões de segurança, pelo que a partida da primeira mão deve ser jogada em terreno neutro. Na pré-eliminatória da Taça UEFA o Maccabi «recebeu» o Levadia Talinn, da Estónia, na capital da Bulgária, Sofia.

O Maccabi de Telavive já era campeão quando as equipas judaicas actuavam ainda no campeonato da Palestina, antes da guerra e da criação do Estado de Israel, ponto alto de um conflito que dura até hoje. Foi alás o último campeão da Palestina, em 1947, e o primeiro de Israel, em 1950, quando a competição foi retomada. Ao todo soma 17 títulos nacionais, o útlimo dos quais ganho em 1996, além de 21 Taças de Israel.

O terceiro lugar do ano passado garantiu-lhe a presença na pré-eliminatória da Taça UEFA, onde afastou o adversário da Estónia com duas vitórias por 2-0. Foi claramente superior, numa eliminatória onde se destacou Prohorenkovs, o avançado letão que marcou um golo em cada uma das partidas. Strool foi o outro marcador do Maccabi, numa lista que fica completa com um auto-golo de um jogador estónio.

O Maccabi orgulha-se do seu passado e do seu currículo europeu, pelo facto de ter sido o primeiro clube israelita a jogar na Taça das Taças, quando a UEFA aceitou o país, em 1992/1993. Antes disso, ganhou a competição equivalente na Ásia. Foi em 1969, frente aos sul-coreanos do Yangzi. Dois anos mais tarde voltou a levantar o troféu, mas dessa vez por falta de comparência na final do adversário, que era o Clube da Polícia de Bagdad, do Iraque, mais um passo no eterno conflito israelo-árabe.

O melhor registo nas competições europeias aconteceu na última época, quando o clube chegou à segunda eliminatória da Taça UEFA, deixando pelo caminho o Zalgiris Vilnius, da Lituânia, e os croatas do Dínamo Zagreb, caindo depois frente aos holandeses do Roda.

Outro motivo de orgulho é o facto de o Maccabi ser o clube que mais jogadores concedeu à selecção israelita. Hoje conta ainda com vários internacionais, como Avi Nimni, Gadi Brumer, Tal Banin, Dedi Ben Dayan, Eli Biton, Oren Zitoni e Liran Strauber.

Nir Klinger, recordista de internacionalizações por Israel, com 83 jogos, e ex-jogador do Maccabi, é o treinador da equipa. O avançado chileno Rodrigo Goldberg completa com Andrejs Prohorenkovs a lista de estrangeiros da equipa.