O Atlético Madrid não foi sensível à efeméride do jogo 250 europeu de Arsène Wenger e carimbou a passagem à final da Liga Europa com uma vitória tangencial sobre o Arsenal na capital espanhola.

Sem Diego Simeone no banco – técnico cumpriu castigo pela expulsão no jogo de Londres há uma semana – a equipa colchonera foi premiada pelo pragmatismo que apresentou durante os 90 minutos. O empate a um golo arrancado em Terras de Sua Majestade conferia uma ligeira vantagem ao conjunto espanhol, que soube jogar com esse detalhe, fazendo uso da capacidade organizacional que lhe é reconhecida.

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O Atlético Madrid sentiu-se quase sempre numa espécie de papel secundário de entregar as despesas de jogo ao Arsenal, que só em raras ocasiões conseguiu provocar arrepios à afición colchonera. Godín (sobretudo ele) e Giménez davam para as encomendas e enredavam Lacazette numa teia da qual o francês nunca conseguiu libertar-se.

Com menos bola mas mais sóbria e, sobretudo, incómoda quando a tinha, a equipa madrilena geria o ritmo de um jogo marcado pela monotonia. Presos num colete-de-forças, os Gunners tentavam circular a bola mas faltava-lhes peso no último terço. As poucas mas melhores oportunidades da primeira parte até pertenceram aos espanhóis.

Aos 7 minutos, pouco antes de Koscielny sair com uma lesão aparentemente grave, Diego Costa falhou uma soberana ocasião para bater Ospina. O hispano-brasileiro concretizou a ameaça e à entrada para o tempo de compensação da primeira parte abriu o marcador no Metropolitano.

Mais confortável na eliminatória, o Atlético acentuou o pragmatismo numa etapa complementar que foi, necessariamente, mais aberta muito por culpa da necessidade imperativa do Arsenal em mudar o guião do jogo.

Ao minuto 53, Ramsey teve nos pés a melhor oportunidade do Gunners em toda a partida, numa das poucas vezes em que a defesa colchonera mostrou permeabilidade dentro da área de Oblak.

O guarda-redes esloveno, figura central da 1.ª mão em Londres, teve esta quinta-feira uma noite bem mais tranquila, mas ainda brilhou a remate de Xhaka pouco depois da hora de jogo.

Com linhas baixas, o Atléti apostava no contra-ataque e roçou um par de vezes o xeque-mate aos homens de Wenger, sobretudo quando os londrinos jogavam instalados no meio-campo contrário mas com pouca capacidade para submeter a equipa da casa a uma pressão asfixiante que a forçasse a cometer erros.

Nota final para o espetáculo de Diego Simeone. De um camarote reservado só para ele dava indicações e circulava para a esquerda e para a direita como se estivesse em pleno relvado num jogo em que o seu Atlético não foi brilhante mas revelou a competência gigante que o argentino trouxe com ele em meados de 2011 quando assumiu o comando dos colchoneros. A prova disso? O legado de El Cholo que continua a engordar: quatro finais europeias em seis anos. Não é pouco.

Para Wenger, pode ter sido o fim da linha do técnico francês, prestes a despedir-se do Arsenal, na Europa. Mais do que hoje, o sonho de Lyon terá ficado comprometido no jogo da 1.ª mão.