O Sporting perdeu um encontro que Jesus não quis verdadeiramente ganhar. Ou pelo menos, para não sermos injustos, não quis ganhar tanto quanto quer em outras ocasiões.

O jogo, portanto, cumpriu-lhe o desejo, como aconselha a bíblia. Seja feita a vossa vontade, Senhor.

O resto foi uma demonstração demasiado óbvia da superioridade do Bayer Leverkusen, que mandou em todos os momentos do jogo. O resultado, por isso, acaba por ser lisonjeiro para o Sporting.

Mas já lá vamos.

Interessa, antes de mais, explicar por que Jorge Jesus não quis ganhar tanto o jogo como em outras ocasiões. Ora tudo se resume no fundo a dois nomes: Adrien Silva e Slimani.

Confira a ficha de jogo e as notas dos jogadores

Serão porventura nesta altura os jogadores mais importantes da equipa, o primeiro pela intensidade que transmite ao futebol, o segundo pela capacidade de fazer golos. O treinador deixou-os a ambos no banco, num sinal para toda a gente que este encontro não seria tão importante assim.

Perante o terceiro classificado da Bundesliga, um adversário alemão em todos os sentidos da palavra, o sinal de falta de ambição foi fatal: o Sporting fez um dos piores jogos da época.

Tanto assim, aliás, que a equipa leonina só fez um remate à baliza durante os noventa minutos: aconteceu ainda na primeira parte, num disparo de Jefferson que obrigou Leno a boa defesa.

O resto foi uma incapacidade crónica de jogar futebol.

Porquê? Porque o Bayer Leverkusen não lhe deu espaço. Tão simples quanto isso. Os alemães colocavam cinco homens no meio campo e caíam em cima do adversário instantes depois de perderem a bola. A partir daí faltou espaço para as combinações habituais do Sporting, para as trocas de bola em progressão, para o futebol rendilhado e apoiado de que Jesus tanto gosta.

A formação leonina acumulou perdas de bola em momentos de transição, passes mal feitos e tentativas de ataque que não faziam a bola chegar perto da área adversária.

O Sporting tentou muito, mas sempre longe da baliza.

Perante isto, é preciso dizê-lo desde já, foram-se acumulando também exibições medíocres de quase todos os jogadores. William e Aquilani falharam demasiados passes, Bryan Ruiz foi pouco expedito, Carlos Mané perdeu-se em iniciativas individuais, João Mário esteve sempre longe do jogo.

Já Téo Gutierrez, bem... Téo foi um desastre, lento, pesado, complicativo. Um jogador a menos.

O que é normal, no fundo. Quando a exibição coletiva é pobre, não é possível retirar o melhor de cada jogador. O Sporting nunca o retirou, é verdade, ao contrário do que fez o Bayer Leverkusen, naquele estilo de jogo alemão, muito físico, de bolas lançadas para o ataque, futebol físico, encontrões, repelões e acelerações.

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O princípio era sempre o mesmo: colocar na frente, ganhar a segunda bola e abrir nas alas, a partir de onde tentava entrar no último terço para procurar uma zona de remate.

Foi dessa forma que fez um golo, atirou uma bola ao poste e criou mais três ou quatro boas ocasiões de golo. O resultado, lá está, é lisonjeiro para o Sporting.

É verdade que na última meia-hora Jorge Jesus até lançou Adrien e Slimani, sendo que ambos pouco acrescentaram ao jogo. Mas nessa altura as distâncias já estavam criadas: o tom deste jogo já tinha sido dado muito antes, e não era um tom grave para o Sporting.

No fim fez-se portanto a vontade de Jesus.

Já agora interessa dizer que a equipa já caiu fora da Liga dos Campeões, da Taça de Portugal, da Taça da Liga e ameaça cair fora da Liga Europa. Imaginam a tensão com que vai disputar cada jogo do campeonato?