Está de volta a Liga Europa, com três representantes portugueses na reta final da última edição antes da reformulação, que trará muitas alterações. Com o formato que entrará em vigor na próxima temporada, aliás, Benfica e Sp. Braga não estariam aqui, porque deixará de haver nesta fase equipas repescadas da Liga dos Campeões.

Essa é uma das alterações que entrarão em vigor em 2024/25, mas há muitas mais. Para Portugal, há ainda mudanças quanto à presença em cada uma das competições, por causa da queda para o sétimo lugar no ranking da UEFA. Isso implica apenas cinco equipas nas várias competições, contra as seis atuais. Só o campeão nacional tem presença na nova fase de grupos da Liga dos Campeões, enquanto o segundo classificado entra na terceira pré-eliminatória.

Na Liga Europa, tem entrada direta o vencedor da Taça de Portugal, enquanto o terceiro classificado do campeonato entra na segunda pré-eliminatória e precisa portanto de passar três rondas para chegar à fase de grupos. Por fim, o quarto classificado entra na segunda pré-eliminatória da Liga Conferência. Mantém-se de resto a possibilidade de o quinto lugar no campeonato dar acesso à terceira competição europeia, se o vencedor da Taça tiver sido o primeiro ou o segundo classificado da Liga.

Mais jogos, uma só Liga, uma nova fase e sem repescagens: o que muda

Na reformulação que entrará em vigor em 2024/25 as três competições europeias terão modelos semelhantes depois da fase das pré-eliminatórias. Aumentam as equipas participantes e a fase de grupos é substituída por um formato de Liga, com muito mais jogos – na Liga dos Campeões são mais 50 por cento, de 125 para 189. Na Liga Europa passa dos atuais 141 jogos para os mesmos 189.

Passam a chegar à fase principal de cada competição 36 clubes, contra os atuais 32. O novo modelo, em cada uma das competições, apura diretamente os oito primeiros para os oitavos de final. As 16 equipas que ficarem entre o nono e o 24º lugar disputam então uma nova fase intermédia que definirá os oito restantes clubes nos oitavos de final. É um play-off a duas mãos, com os oito melhores da fase de Liga como cabeças de série.

As dozes últimas equipas da Liga são eliminadas, o dobro do que acontecia na fase de grupos da Liga dos Campeões que vigorou até esta época. Acaba portanto a repescagem para a competição seguinte, como acontecia até aqui.

O novo formato, esquematizado pela UEFA

Na Liga dos Campeões e na Liga Europa cada clube fará oito jogos, contra os seis atuais. Na Liga Conferência, essa fase terá seis jogos para cada clube.

O formato da nova Liga que substitui a fase de grupos é o chamado modelo suíço, com oito jogos para cada equipa frente a oito adversários diferentes, quatro em casa e quatro fora. Será o sorteio a definir quem jogará contra quem, a partir de quatro potes baseados no coeficiente dos clubes a cinco anos. Na Liga dos Campeões, o primeiro pote deixar de ser reservado aos campeões nacionais. Passa a ficar aberta também a possibilidade de se defrontarem clubes do mesmo país nesta fase.

A fase de Liga começa no final de setembro e prolonga-se até final janeiro. São dez semanas de jogos, porque a UEFA introduziu uma «semana exclusiva» para cada uma das competições, com jogos de terça a quinta-feira. Os play-offs decorrem em fevereiro.

Novo formato salva entrada direta na Liga Europa para Portugal

O novo formato implica apesar de tudo uma boa notícia para Portugal na Liga Europa. Até aqui, o sétimo lugar do ranking não garantia um lugar direto na fase de grupos, mas a partir da próxima época ele está assegurado. Também passam a ser dois os possíveis lugares de acesso à competição, quando até agora era apenas um. Além, claro, da possibilidade que se mantém de a equipa portuguesa nas pré-eliminatórias da Liga dos Campeões «cair» para a Liga Europa.

Na Liga dos Campeões, os quatro lugares adicionais são atribuídos a mais uma equipa do quinto classificado do ranking, outra vinda do caminho dos campeões nacionais na qualificação e mais duas dos dois países com melhor performance coletiva na Europa na época anterior – atualmente são Inglaterra e Espanha, com Portugal no sétimo lugar.

Além dessa nova possibilidade da performance desportiva, que dificilmente está ao alcance de Portugal na próxima época ou em temporadas futuras, a outra hipótese de ter mais equipas na Champions é tão ou mais remota – vencer a Champions ou a Liga Europa.

Como Portugal perdeu peso na Liga Europa

São objetivos cada vez mais complicados para equipas portuguesas. Não apenas a Liga dos Campeões, onde o FC Porto é nesta altura o único representante nacional, com duelo marcado frente ao Arsenal nos oitavos de final, mas também a segunda competição europeia.

Sporting, Benfica e Sp. Braga procuram algo que não acontece desde que o FC Porto venceu a Liga Europa, em 2020/11: três equipas portuguesas nos oitavos de final. Foi a época de ouro portuguesa na prova, ganha pelos dragões na final frente ao Sp. Braga, que eliminou o Benfica na meia-final.

Nos primeiros anos, depois de a Taça UEFA dar lugar à Liga Europa em 2009/10, Portugal deu cartas na competição. Além do título do FC Porto em 2011, o Sporting chegou às meias-finais na época seguinte e o Benfica alcançou duas finais consecutivas, em 2013 e 2014, perdidas respetivamente para Chelsea e Sevilha.

Mas isso mudou, à medida que também a Liga Europa se foi tornando terreno quase exclusivo dos clubes das grandes Ligas nas fases mais adiantadas. Desde 2014, nenhuma equipa portuguesa chegou sequer às meias-finais. E houve apenas nesta década cinco presenças nacionais nos quartos de final: duas para o Sp. Braga, duas para o Sporting - a última delas na época passada -, e uma para o Benfica.