O Sp. Braga está fora das competições europeias. Em Baku, a equipa treinada por Artur Jorge até fez o que tinha a fazer – marcou três golos – mas sofreu dois, o último deles na compensação do prolongamento, o que permitiu ao Qarabag fazer história e estar, pela primeira vez, nos oitavos de final de uma prova da UEFA. Talvez nunca uma derrota foi tão saborosa para este clube.

É caso para dizer que um azeri nunca vem só para o Sp. Braga. Mas a eliminatória ante o Qarabag não foi só azeri. Depois de vencer em Braga, a equipa de Gurban Gurbanov foi melhor nos primeiros 45 minutos esta noite. O Sp. Braga só conseguiu crescer após o intervalo e responder com eficácia já a jogar em superioridade numérica. Roger (70m) e Álvaro Djaló (83m) arrastaram a decisão para prolongamento. Banza, de penálti (115m), ainda respondeu ao golo do ex-Moreirense e Farense Matheus Silva (102m), mas o golo do jovem Nariman Akhundzade (120+2m) fez a diferença, quando o Sp. Braga ameaçava o 4-1 e o cenário de penáltis até era o mais previsível. 

O desfecho castiga um Sp. Braga que podia ter feito mais no computo geral da eliminatória, penalizado não só, mas também por alguma permeabilidade defensiva (já evidente em vários momentos da época). Nos 30 minutos extra, entre alguma gestão, ainda foi a tempo de responder ao primeiro golo sofrido. Mas ao segundo não. Um golo até algo incrível, com Huseynov a aproveitar a desatenção de quase toda a gente para bater rápido e lançar Akhundzade para a felicidade de uns e azeri de outros.

Qarabag-Sp. Braga: todo o filme do jogo

A missão era, à partida, difícil. O Sp. Braga nunca tinha dado a volta a uma eliminatória depois de perder a primeira mão em casa. E a desvantagem era de dois golos. A cerca de 6 mil quilómetros de casa, Artur Jorge mudou duas peças face à vitória de domingo ante o Farense: Paulo Oliveira e Victor Gómez voltaram ao onze, por troca com José Fonte e Joe Mendes.

Com João Moutinho e Zalazar no meio-campo, o Sp. Braga surgiu com Pizzi a funcionar como um terceiro médio e a surgir, por vezes, descaído na esquerda, alterando o seu posicionamento também em função de possíveis subidas de Borja. Roger aparecia à direita, com Banza e Abel Ruiz mais próximos no ataque à baliza contrária. Com esta fórmula, o início do jogo até deu bons indicadores. O Sp. Braga entrou a pressionar alto a saída de bola do Qarabag e Banza deixou um primeiro aviso, pouco ao lado (3m).

Porém, aos poucos, o Qarabag começou a ter mais bola e a mostrar-se mais confortável nessa circunstância. Zoubir e Benzia, pela esquerda, criaram várias combinações perigosas e Jankovic (grande jogo no meio) a exibir, ao lado de um combativo Júlio Romão, qualidade na distribuição de jogo.

O Sp. Braga foi deixando de circular e de tentar construir como fazia antever a fase inicial do jogo e Lunev pouco trabalho teve. A bola não chegava à sua área e o golo até esteve mais perto de surgir para o Qarabag, já perto do intervalo, mas a conclusão de Juninho passou ao lado (40m).

Parecia obrigatório mexer para a segunda parte… e assim foi. Artur Jorge tirou um apagado Pizzi e lançou Álvaro Djaló para fazer o corredor esquerdo, afirmando a equipa com dois médios, dois extremos e dois avançados.

O 0-0 foi-se mantendo e também é justo dizer-se que por culpa de Matheus. Foi lendo bem as saídas rápidas do Qarabag e fez uma enorme mancha para evitar o golo de Vesovic (52m). Pouco depois, Cher Ndour entrou para a saída de Zalazar e o jogo mudou de contexto a seguir, com Jafarguliyev a ser expulso com o segundo amarelo em quatro minutos, após falta sobre Roger (57m).

Por essa altura, o Sp. Braga já ia dando sinais de maior risco, a tentar ser mais rápido a chegar ao ataque, explorando a frescura de Álvaro Djaló. E foi já com Bruma, Rony Lopes e Vítor Carvalho em campo que a eliminatória ficou relançada, com o golo de Roger ao minuto 70, num remate ao segundo poste após cruzamento de Bruma: primeiro golo da época na equipa principal e o primeiro na Liga Europa. A sete dos 90 - e já depois de um golo anulado a Abel Ruiz - Álvaro Djaló fez um golaço de pé direito e atirou a eliminatória para prolongamento.

Aí, o Sp. Braga não conseguiu ter, por um lado, o rasgo ofensivo necessário. E, por outro, a calma para evitar lances como as bolas paradas, das quais surgiram os dois golos sofridos. Matheus Silva recolocou o Qarabag na frente da eliminatória após um livre de Jankovic cortado por Banza para a frente (102m). O avançado congolês ainda empatou a eliminatória com o 3-1 de penálti (115m), mas o final de jogo foi tão incrível quanto penoso para o Sp. Braga, com o golo de Akhundzade a mostrar que um azeri não veio só para derrotar o Sp. Braga, que volta ao Minho para se concentrar no que resta do campeonato.