Bem que eles queriam deixar o passado para trás, mas o sorteio da Liga Europa voltou a colocar os marselheses na rota do Minho, novamente. A equipa francesa defronta o Sp. Braga, nos 16 avos da competição.

Há pouco mais de um mês deixaram três pontos no Afonso Henriques, mas agora o destino deu-lhes uma segunda oportunidade para reescrever uma página europeia que, em solo luso, ficou pintada a vermelho.

O jogo com o V. Guimarães ficou marcado pela derrota, mas também pelos incidentes ocorridos ainda antes do jogo, com Patrice Evra a trocar agressões com adeptos do clube. O incidente, recorde-se, levou até à suspensão e posterior despedimento do internacional francês.

Uma página negra numa temporada que tem dado muitos motivos para sorrir, sobretudo quando comparada com as épocas transatas.

O 5.º lugar alcançado na última temporada foi um prémio inesperado a culminar uma época intermitente, que teve inclusive uma chicotada psicológica pelo meio. Mas este Marselha é agora um clube em franca recuperação, financeira (foi adquirido por um milionário norte-americano em outubro último) e desportiva.

A aposta na continuidade de Rudi Garcia deu frutos e nota-se mais consistência no futebol praticado. A frente de ataque, que já era de qualidade, ganhou no último defeso um elemento de peso, Kostas Mitroglou.

Apesar disso, o grego contratado ao Benfica tarda a encaixar na estratégia de Garcia e já se especula sobre uma eventual saída. Para já, lá na frente vão brilhando outros jogadores.

Dimitri Payet, sensação do Euro 2016, é uma das estrelas, senão mesmo a maior delas. À técnica e agilidade do internacional francês, soma-se também o talento de Florian Thauvin, a força-motriz da equipa (líder de assistências na Ligue 1), e também ao faro de golo de Germain e Ocampos, cada um com sete golos anotados.

Lá atrás, o nome que diz mais aos portugueses é o de Rolando, naturalmente. O internacional português é outra das pedras basilares de Rudi Garcia, normalmente a fazer parelha com o também experiente Adil Rami. A tomar conta das redes está o internacional gaulês Steve Mandanda, um dos melhores do campeonato na sua posição.

Ao Sp. Braga espera um Marselha com uma dinâmica forte, sobretudo a nível ofensivo, escudada no talento, técnica e velocidade dos seus dianteiros. Têm o quarto melhor ataque do campeonato.

Mas os arsenalistas têm pontos fracos para explorar, nomeadamente a nível defensivo. A cada dois golos marcados, os marselheses sofrem um, o que demonstra muitas fragilidades na arte de defender.

Contra os portugueses pode jogar o facto de os franceses virem de uma sequência de oito jogos consecutivos sem conhecer o sabor da derrota. A última vez que o conjunto de Rudi Garcia perdeu foi, adivinhe...em Guimarães.

De resto, desde o início da época, os franceses registam apenas quatro derrotas, duas delas na Liga Europa, campanha que esteve longe de ser brilhante. Num grupo em que eram teoricamente favoritos, os marselheses terminaram em segundo, atrás do Salzburgo, com duas vitórias e o mesmo número de empates e derrotas.

Resta saber, então, que Marselha irá defrontar os bracarenses, sendo certo que o europeu tem dado mostras de ser uma equipa acessível, sobretudo fora de portas. Desde julho, altura em que iniciou a época, com a 3.ª Pré-eliminatória da Liga Europa, o Marselha só perdeu um dos 13 jogos disputados no Vélodrome, o que demonstra precisamente esse poderio em casa.

Uma equipa a temer, sim, mas com muitos pontos de interrogação, tal como o Sp. Braga os poderá ter na segunda metade da época, ainda que, neste momento, pareça ter qualidade suficiente para fazer frente aos franceses.