24 jogos, duas grandes surpresas – com as derrotas dos candidatos Inter de Milão e Manchester United – e uma noite em cheio para os defesas-centrais portugueses. E além de tudo isto a maior reviravolta num só jogo nas competições europeias.

Comecemos por aí para desde já sublinhar que esta jornada inaugural da fase de grupos a Liga Europa foi a noite dos centrais lusos.

Luís Neto foi titular no Zenit que aos 77 minutos perdia por 3-0 em Israel diante do Maccabi Tel Aviv. Tudo se encaminhava para uma derrota pesada dos russos, sem o lesionado Danny. Mas na reta final surgiu uma das mais espantosas reações de que há registo nas competições europeias, com quatro golos (!) em 13 minutos a darem ao Zenit o triunfo, com Giuliano a ser a grande figura do encontro com um golo e três assistências.

Na história tanto da Liga Europa como da Liga dos Campeões nunca uma equipa havia conseguido dar a volta ao marcador com tantos golos em tão pouco tempo. O mais parecido havia sido a reviravolta do Brugges, 4-3, diante do Maribor (que vencia por 3-0 aos 74’), em novembro de 2011.

Neto esteve nesta noite histórica e é o primeiro central em destaque nesta noite.

O segundo central da noite é o ex-benfiquista Miguel Vítor, que foi protagonista da surpresa da jornada: a vitória do Hapoel Be’er Sheva em Milão diante do Inter, sem João Mário (não inscrito na lista da UEFA). Miguel Vítor colocou a sua equipa a vencer aos 54 minutos e abriu o caminho a uma vitória por 2-0, a maior de uma equipa israelita em solo italiano.

O terceiro central português em destaque é André Pinto, que fez o golo que valeu o empate caseiro (1-1) do Sp. Braga diante do Gent. Um resultado que não é propriamente animador até porque há nove épocas que os minhotos não cediam pontos na estreia na Liga Europa.

Aos três centrais lusos em destaque esta noite pode-se-lhes ainda juntar Nuno Morais, central de raiz adaptado a trinco no APOEL, que jogou pelos cipriotas na vitória por 2-1 sobre o Astana, num jogo que Mário Sérgio viu do banco. Que terá tido uma vista parecida à de José Fonte, outro central, internacional e campeão da Europa até, que foi poupado por Claude Puel no triunfo tranquilo do Southampton por 3-0 sobre o Sparta de Praga.

Mourinho e os três Paulos com sortes distintas

Falar em portugueses remete-nos também para a segunda surpresa da noite: a derrota do Manchester United em Roterdão com o Feyenoord graças a um golo de Tonny Villhena aos 79’.

José Mourinho voltou à Liga Europa 13 anos depois, arriscou poupar jogadores e falhou, levando os Red Devils a dois recordes negativos: nunca na sua história haviam perdido quatro jogos europeus consecutivos – considerando o registo da época anterior – nem sequer haviam alguma vez perdido em duas estreias consecutivas.

Melhor sorte tiveram os outros três treinadores nacionais que – além de Peseiro e Mourinho – estiveram em ação esta noite.

Três Paulos, que tiveram dois resultados positivos e um assim-assim.

Fonseca levou o Shakhtar Donetsk à liderança do grupo do Sp. Braga, clube que representou na época passada e que vai receber na próxima jornada, graças a uma vitória por 1-0 na Turquia sobre o Konyaspor.

Bento, com Diogo Figueiras a jogar todo o jogo e André Martins a jogar a última meia-hora, comandou o Olympiacos na vitória na Suíça sobre o Young Boys por 1-0.

E Sousa não foi além de um nulo na Grécia diante do PAOK.

Sortes diferentes tiveram também os restantes jogadores portugueses em ação esta noite. Tiago Pinto jogou os 90 minutos na vitória por 2-0 do Osmanlispor sobre o Steaua de Bucareste, enquanto Orlando Sá entrou nos minutos finais do empate a uma bola do Standard de Liège com o Celta de Vigo.

Pior resultado tiveram o Panathinaikos, com Zeca, que perdeu em casa, 0-1 com o Ajax, tal como aconteceu com o Nice de Ricardo Pereira, que permitiu um triunfo também pela margem mínima ao visitante Schalke. A noite também não correu bem aos romenos do Astra Giurgiu, com os Geraldo Alves e Filipe Teixeira a jogarem os 90 minutos e o ex-portista Sapunaru a marcar, que perderam por 3-2 em casa com o Áustria de Viena.

Portugueses à parte, este arranque da Liga Europa ficou ainda marcado com o golo mais rápido da história da prova. Foi apontado pelo jovem médio Jan Sykora que abriu o marcador no empate a duas bolas do Slovan Liberec (2-2) no Azerbaijão com o Karabakh quando estavam decorridos apenas 10,9 segundos (!) de jogo, batendo o anterior recorde de Vitolo, do Sevilha, que em março de 2015 fez um golo aos 13,2 segundos de jogo.