Depois do Astana, segue-se o Viktoria Plzen na caminhada do Sporting rumo a Lyon.

Se nos dezasseis avos de final encontrou uma equipa que estava a finalizar a pré-época para começar uma nova temporada, agora enfrenta outra equipa que esteve sem competição no inverno e que começa a dar os primeiros passos em 2018.

O Plzen fará o seu quinto jogo após a pausa e o balanço do recomeço é negativo: uma vitória, dois empates e uma derrota. Os checos lideram o campeonato com mais nove pontos que o segundo classificado (menos um jogo), mas antes da pausa a vantagem era de 14 pontos.

Até à pausa de inverno tinha 15 vitórias e um empate na Liga e somava por triunfos todos os jogos caseiros. Neste momento soma as mesmas 15 vitórias, tem dois empates e sofreu a primeira derrota, e logo em casa.

Ora, se o descanso podia ser um ponto a favor dos checos nesta eliminatória, o mau regresso à competição, a falta de ritmo e as dificuldades que revelam no relvado ao nível do jogo jogado pode tornar tudo mais fácil para os leões.

Se o Astana tinha perdido dois importantes jogadores no mercado de inverno, o Plzen tem os mesmos intérpretes e o esquema do treinador Pavel Vrba é o mesmo: o 4-2-3-1.

Onze provável para o duelo com o Sporting: Hruska será o guarda-redes titular, já que é ele o eleito para jogar na Liga Europa.

Krmencik, internacional checo, é o homem-golo desta equipa, com 17 esta época, quatro deles na Liga Europa, e é o verdadeiro «pinheiro», como diria Paulo Sérgio, antigo treinador do Sporting. É um homem de área, um lutador incansável, que usa e abusa do choque, e que é fortíssimo no jogo aéreo, contrastando com a falta de recorte técnico e de qualidade com bola pelo chão.

A ideia da equipa anda à volta dele: bola longa para este funcionar como pivot para os homens que lhe aparecem nas costas, Kopic, Kolar e Zeman (ou Petrzela), ou mesmo para finalizar.

A equipa de Vrba tenta muitas vezes a saída por trás, sobretudo quando joga com equipas que lhe são inferiores, mas são raras as vezes que um lance iniciado pelo chão atrás consegue chegar com qualidade a zonas de finalização. A bola longa acabará, a qualquer momento da jogada, por ser usada e aí caberá a Krmencik decidir se a jogada continua ou fica por ali.

Aliás, o pontapé de saída dos checos reflete isso.

Bola de saída do Plzen: Krmencik é o homem mais avançado e vai receber a bola longa dos centrais para depois tentar servir um dos três que vêm de frente para ele.

A saída de bola pelo chão é feita pelos centrais ou pelo lateral direito. São várias as vezes em que Reznik recua para vir receber do guarda-redes e dar sequência ao lance, surpreendendo o extremo. Se Acuña (caso mantenha a titularidade) estiver atento pode roubar bolas destas, já que a qualidade de saída dos elementos defensivos do Plzen é baixa.

A situação em que o lateral direito recua para iniciar a construção

Caso não seja por Reznik, será pelos centrais, que depois irão procurar, alternadamente, um dos dois médios do duplo-pivot: Horava ou Hrosovsky. Este segundo abre quase sempre do lado esquerdo, já que o lateral Limbersky se projeta muito no ataque, com o extremo Kopic a vir dentro para dar outra solução com bola.

Centrais saem com bola, na segunda linha estão os dois médios, com Hrosovsky a abrir à esquerda. Reznik abre à direita, com o extremo Zeman a vir dentro. Na imagem não é visível, mas o lateral Limbersky já está muito projetado, na posição de extremo.

Sobretudo em casa, o Plzen costuma assumir a bola, mas com ela pelo chão não consegue grandes feitos. Para esta ineficácia com bola contribui muito a falta de velocidade imprimida, mas sobretudo a falta de velocidade a decidir e a entregar.

De toda a «pasmaceira» e jogo lento do Plzen salvam-se Kopic e Zeman, os dois extremos. Normalmente jogam do lado contrário ao pé preferencial e procuram constantemente terrenos centrais para remate ou cruzamento para Krmencik, tendencialmente ao segundo poste.

A ida para terrenos centrais dos extremos permite ainda aos laterais a integração no ataque e aqui o lateral-direito Reznik está em melhor forma e pode desequilibrar. O experiente Limbersky é, naturalmente, mais ofensivo mas não está na sua melhor forma e o facto de ser direito não ajuda a ser eficaz na exploração da linha para cruzar.

Se a bola não entrar em Kopic ou Zeman com qualidade pelo chão, então o ritmo é quase sempre baixo, de adormecimento do rival, e com a procura incessante pelo jogo longo. Assim, as bolas paradas assumem especial importância, com os dois centrais, o «pinheiro» Krmencik e o segundo avançado Kolar a serem muito difíceis de travar.

Defender em 4-4-2, mas com muitos buracos

Se há coisa que não vai faltar ao Sporting neste jogo será espaço, quer para iniciar construção quer entrelinhas.

Zona de pressão do Plzen

Os homens de Vrba raramente pressionam alto e começam a obstrução/pressão ao jogo rival na zona do meio-campo, com Kolar ao lado do avançado Krmencik. Esta primeira linha quase nunca ganha bolas e os centrais adversários conseguem ligar o jogo aos médios com muita facilidade. Depois há uma linha de quatro, com os dois extremos ao nível do duplo-pivot, mas normalmente muito abertos. Ora, isto cria espaço para se jogar entre extremos e médios e nas costas dos médios.

Os extremos do Sporting vão ter espaço para jogar, sobretudo naqueles movimentos para zonas centrais. E se Reznik tem estado bem no capítulo defensivo, Limbersky não tem estado bem e, por isso, Gelson Martins pode desequilibrar facilmente o jogo.

A velocidade na decisão dos jogadores do Sporting será determinante para desmontar a defesa do Plzen, que fora de casa é muito permissiva: sofreu 9 golos em 4 jogos na Liga Europa. Os checos só venceram uma vez fora de portas e empataram outra. A fortaleza está em casa com quatro vitórias em quatro jogos.

Por isso, a primeira mão será determinante no decurso da eliminatória, ainda que o Sporting seja favorito para vencer em Portugal e na República Checa.

A FIGURA: Kopic

Apesar de Krmencik ser o homem dos golos, o extremo Kopic é aquele que mais futebol tem no conjunto checo. O internacional pela República Checa joga à direita e à esquerda, é um agitador e o único capaz de pensar além do básico no Plzen. Com a bola colada ao pé pode ser um perigo e o facto de ter a liberdade para partir da linha para qualquer parte do terreno pode confundir o Sporting. Já leva 8 golos esta época (dois na Liga Europa) e é o principal assistente de Krmencik. Aparece muito bem também na entrada da área para a finalização e, por isso, toda a atenção dos leões para Kopic será pouca. Se for neutralizado, o Plzen só criará perigo com bola longa e bola parada.