Tudo ou nada. Vida ou morte. Todas as fichas neste jogo. Foram frases proferidas antes do embate. A tarefa do V. Guimarães era complicada, mas os vimaranenses saíram agarrados à vida com um Full House na receção ao Marselha (1-0). Hurtado resolveu à cabeçada ao minuto oitenta.

A tal «boa noite europeia» perspetivada por Pedro Martins aconteceu mesmo, o V. Guimarães rubricou uma exibição de luxo e venceu pela primeira vez dois jogos consecutivos esta época, quebrando um ciclo de dez jogos europeus sem vencer.

Em jogo estava a continuidade do V. Guimarães em prova. Partindo em último para a quarta jornada, com apenas um ponto, Pedro Martins admitiu que todas as fichas estavam neste jogo e, nesse sentido a equipa portuguesa entrou forte no encontro, com arrojo e não olhando ao poderio do adversário.

A jogar pela primeira vez em 4x3x3, alterando o sistema pelo terceiro jogo consecutivo, o técnico do Vitória pôs Wakaso sozinho à frente da defesa deixando Celis no banco, apostando na criatividade de Francisco Ramos e Hurtado no serviço ao tridente da frente.

Faltou apenas o golo a uma primeira metade frenética. E não foi por falta de oportunidades, de parte a parte, que as redes não abanaram. No tal período em que o Vitória entrou forte Marcos Valente chegou ligeiramente atrasado para fazer a emenda perante Mandanda e Rafael Martins apareceu em boa posição a cabecear, penteando apenas o esférico sem a incisão que o momento exigia.

Do lado do Marselha, sem Evra no banco, que foi expulso antes do pontapé de saída, a espaços a equipa francesa conseguiu provocar calafrios ao setor mais recuado do conjunto português. Valeu o desacerto de Germain ao cair do pano, a cabecear ao lado quando estava completamente sozinho.

Depois do descanso os vimaranenses perderam gás, o jogo ficou incaracterístico e o Marselha fez a gestão do jogo com bola, longe do ataque e da pressão do conjunto de Pedro Martins. Pareceu dar-se por satisfeito com o empate. Um resultado que, ao fim de contas, servia às pretensões da equipa de Rudi Garcia.

Estava do lado do Vitória a iniciativa de mexer com o jogo. Os vimaranenses voltaram a arregaçar as mangas e tiveram novo período de fulgor a meio da segunda metade. Voltou a acreditar. Rafael Martins atirou uma bomba ao travessão, Raphinha obrigou depois Mandanda a defender como pôde um remate à queima-roupa.

O cronómetro evoluía e tornava o resultado penalizador. Ao minuto oitenta deu-se o momento do jogo. Cruzamento de Heldon, cabeçada fulminante de Hurtado a fazer o D. Afonso Henriques entrar em ebulição. Golo pleno de convicção a resolver o jogo.

Pedro Martins apostou as fichas todas e ganhou. Vitória histórica, a primeira do Vitória nas provas europeias diante de equipas francesas. O V. Guimarães deixa o último lugar do Grupo I, passa a somar quatro pontos, tendo dois de desvantagem para o Marselha.