Estádio da Luz, minuto 14. Aimar pega na bola, bem antes do meio-campo, e levanta a cabeça. Sem oposição ou linhas de passe que lhe permitam desequilibrar, opta por conduzir a bola. Di Paula, atrás dele, confia na linha defensiva e deixa-o ganhar embalagem. A área já não está longe, e Filipe Anunciação, com receio de fazer falta em zona perigosa, é iludido com uma ginga de corpo que, no mesmo movimento, tira a bola do alcance de Maykon.

Quarenta metros percorridos e, finalmente, uma linha de tiro limpa, com Cássio no ponto de mira. O remate sai perfeito, desviado para a direita do guarda-redes, com a malha lateral como objectivo. O golo resulta de sete toques de pé direito, um slalom minimalista, talvez facilitado pela passividade inicial dos homens de amarelo, mas só possível num jogador capaz de fazer justiça à camisola 10. À sua maneira, Aimar acabara de assinar um dos golos mais vistosos da Liga, espécie de homenagem humilde ao 10 de todos os 10, poucas horas antes de Maradona completar 50 anos.