Um Estoril cheio de problemas por lesões sacudiu todas as dificuldades e decidiu atacar o pódio da Liga. Evandro está ao comando da máquina de Marco Silva, que mesmo sem peças fundamentais chegou e sobrou para um Olhanense que vai ter de sofrer muito para ficar na Liga, se não melhorar de imediato o futebol que apresenta. Porque para o Estoril deu para tudo. Deu para tirar Evandro e Babanco do jogo (ambos em risco para a Luz) e ainda para Ricardo Vaz apontar o primeiro golo na carreira sénior.

Até podemos começar pelos algarvios. O Olhanense atirou uma bola à trave e outro ao poste. O primeiro problema para Galderisi, e óbvio, é que nenhuma delas resultou em golo; o segundo, é que nem se percebe muito bem como é que o Olhanense conseguiu as duas ocasiões quando se olha ao resto do encontro.

Dito isto, o Estoril . Sem Rúben Fernandes, sem Gonçalo Santos, sem Filipe Gonçalves e sem Sebá. Pior ainda, soube-se em cima do jogo, sem Carlitos. Pode até dizer-se que este triunfo começou a ser construído no bom planeamento do clube da casa. Estamos a falar de mercado, claro.

Marco Silva fez de Babanco médio outra vez e João Pedro Galvão entrou para o lugar de Carlitos. Os dois iam ter um impacto brutal no jogo, apenas ultrapassados pelo sempre influente Evandro.

Estava a equipa da Linha a dar os primeiros passos no encontro, a assumi-lo, quando Dionisi teve o tal lance à trave, com ajuda do vento. Ora, entre essa ocasião e a outra que foi ao poste passou uma hora. Pelo meio, o Estoril chegou a 3-0. Como? De menos a mais e consoante Evandro entrou em rotação.

Mas primeiro com Balboa a desmarcar Babanco e Mladen a confirmar o golo na própria baliza. Praticamente, foi a primeira jogada canarinha com espaço. E ele deixou de existir durante algum tempo, porque apesar de trocar a bola, raramente a formação de Marco Silva furou bem as linhas adversárias e chegou com perigo. E assim se resume o primeiro tempo entre o 1-0 e o 2-0.

Porque já perto do intervalo, Evandro assumiu a bola.
O maior criador de golos da Liga [a par de Alan], arrancou e, voilá, a bola só acabou nas redes de Belec, chutada por João Pedro Galvão. Ao intervalo, estava tudo resolvido, para mal do Olhanense.

Galderisi bem podia trocar Belogun por Vojtus que o resultado ia ser o mesmo- 2-0 no primeiro tempo, 2-0 no segundo. Evandro subiu o nível e com ele subiu o Estoril. A área e a baliza de Belec estavam mais perto e num canto do 15 Galvão bisou.

Marco Silva começou aí a jogar outro jogo. O da Luz. O Estoril estava, e está, a três pontos do FC Porto [joga neste domingo], mas podia ficar sem meio-campo para a próxima ronda. Evandro e Babanco estavam em risco, o treinador retirou-os de campo. Mas foi a última substituição que foi mais marcante. Não só para Ricardo Vaz, um ex-júnior que ganhou uma grande penalidade e obteve o primeiro golo da carreira sénior, como também para todo o grupo, que percebeu o momento e aceitou-o com um sorriso. O miúdo correu que nem um louco para a claque, numa festa entre bancada e relvado, enquanto o Olhanense era só um vestígio de uma equipa, derrotada pela própria cabeça, que percebeu que o oponente é de outro campeonato.

Aliás, até se pode mesmo terminar assim. De que campeonato é este Estoril? Marco Silva vai travar a euforia, mas os jogadores são jogadores e, como tal, já devem ter na mente voos mais altos.