O Benfica deu um pontapé na crise, depois de quatro jogos sem conseguir vencer, regressando esta noite às vitórias num grande jogo no Estádio da Luz. Depois de uma primeira parte repartida, com duas bolas nos postes, uma para cada lado, a equipa de Jorge Jesus impôs-se definitivamente no segundo tempo, com golos de Seferovic e Pizzi. Uma vitória importante, que permite à equipa da Luz ganhar pontos ao Sporting e FC Porto que empataram no clássico do Dragão. Desta vez, o Benfica teve oxigénio até ao fim.

No meio de uma crise de resultados, o jogo desta noite apresentava-se com um verdadeiro quebra-cabeças para Jorge Jesus que, face às ausências de Otamendi (castigado) e Vertonghen (lesionado), teve de regressar ao 4x4x2, com Lucas Veríssimo a estrear-se neste sistema e ao lado de Jardel no seu primeiro jogo no Estádio da Luz. Uma defesa nova e um ataque também improvisado, com Waldschmidt ao lado de Seferovic, face à indisponibilidade de Darwin, também por motivos físicos. Alterações que implicavam mudanças estruturais, mas a verdade é que o Benfica entrou bem no jogo, com a equipa bem subida, a jogar no meio-campo do Rio Ave.

A equipa de Vila do Conde, com três centrais e ainda com Pelé a reforçar o eixo, procurou suster a entrada forte do Benfica, mas sentia tremendas dificuldades em sair a jogar, submetida de imediato à forte pressão dos encarnados na zona de construção. Como é habitual, a equipa de Miguel Cardoso procurava construir o seu jogo de trás para a frente, mas Francisco Geraldes estava com dificuldades em fazer escorrer o jogo, perdendo muitas bolas nesta fase inicial. Era o Benfica que mandava no arranque do jogo e, depois de um primeiro sinal de Seferovic, Everton, com um remate em arco, acertou no poste.

O jogo começou a virar quando o Rio Ave encontrou uma saída mais segura, quase sempre pela esquerda, procurando explorar as costas de Diogo Gonçalves e a velocidade de Rafael Camacho. Carlos Mané provocou um primeiro susto, com um remate de muito longe. Lucas Veríssimo não chegou à bola e Helton Leite teve de voar para impedir o primeiro golo do jogo. Logo a seguir, Gelson Dala, com um excelente pormenor, conseguiu furar na esquerda e atirou também ao poste. O jogo estava, nesta altura, totalmente aberto, com oportunidades nas duas balizas.

O Benfica, com mais posse de bola, procurava prender o jogo no meio-campo do Rio Ave, procurando agora profundidade pelas alas, com Diogo Gonçalves e Rafa de um lado, Grimaldo e Everton do outro, a procurar caminhos para a área de Kieszeck, mas a verdade é que sempre que o Rio Ave conseguia sair a jogar, criava perigo. Francisco Geraldes voltou a colocar Helton Leite à prova, depois de um bom lance de Sávio, Filipe Augusto também teve uma oportunidade e, mesmo a fechar a primeira parte, Rafael Camacho protagonizou a melhor oportunidade do Rio Ave, aproveitando um desentendimento entre Lucas Silva e Helton para, de ângulo apertado, atirar às malhas laterais.

Pressão crescente na segunda parte

O Benfica acabou a primeira parte a tremer, mas voltou a entrar forte no segundo tempo. Depois de um intervalo prolongado, com o Rio Ave a regressar atrasado para o segundo tempo, o Benfica voltou a instalar-se no meio-campo do Rio Ave submetendo a equipa de Miguel Cardoso a uma pressão insustentável, jogando os primeiros dez minutos praticamente dentro da área de Kieszek.

O guarda-redes polaco foi adiando o golo do Benfica, com autênticos milagres, com destaque para uma saída da área para, em carrinho, antecipar-se a Seferovic. Nesta altura já cheirava a golo por todos os lados, com duas oportunidades claras de Waldschmidt, antes de Seferovic, a passe de Everton, atirar a contar. No meio de tantas oportunidades, o avançado suíço nem festejou. O lance ainda foi analisado pelo VAR, por um suposto toque com o braço de Everton, mas afinal o braço era de Pelé.

O mais difícil parecia estar feito e o Benfica respirou.  Respirou até demais, porque permitiu que o Rio Ave saísse do sufoco, reagisse ao golo e voltasse a ameaçar o empate, com Anderso Cruz e Guga a entrarem bem no jogo. Seguiram-se alguns momentos de desacerto, mas o Benfica voltou a ganhar novo fôlego com as alterações promovidas por Jorge Jesus. Chiquinho e Pizzi trouxeram sangue fresco e o Benfica voltou a crescer.

Pizzi esteve muito perto de marcar, numa recarga a um primeiro remate de Seferovic, mas acabou por redimir-se com o segundo golo do Benfica. Um golo que surge de um erro de Pelé, que tinha sido um dos melhores na primeira parte. Chiquinho recuperou a bola, lançou Everton que, por sua vez, assistiu Pizzi para o golo da tranquilidade. O médio correu para o banco para festejar com Rui Costa.

Desta vez o Rio Ave, em evidente quebra em relação ao primeiro tempo, já não teve pernas para reagir, com o Benfica a gerir bem a ponta final, com elevada posse de bola e mais um falhanço clamoroso de Pizzi.

Uma vitória totalmente justificada no segundo tempo, em que o Benfica foi claramente superior ao Rio Ave que caiu a pique em relação à primeira parte.