A FIGURA: Iker Casillas

Decisivo. Já na época passada tinha sido enorme frente ao Sporting e esta noite não ficou muito atrás. Sofreu, é certo, um golo por entre as pernas, num lance em que qualquer entendido na matéria percebe que o mérito é muito maior de quem remata, do que demérito de quem defende. A verdade, contudo, é que pelo menos num par de lances de golo quase certo para o Sporting, fez defesas que mantiveram o FC Porto no rumo certo. Foi assim na cara de Doumbia, ainda com 0-0, e, sobretudo, na defesa que marca o jogo, quando os adeptos do Sporting já festejavam o golo de Montero. Uma mancha soberba. Uma mancha que pode muito bem ficar na história do campeonato.

O MOMENTO: Brahimi foi balsamo na ferida que Leão abriu

Minuto 49. Se o castigo de sofrer em cima do descanso é duro para qualquer equipa, o balsamo que todos desejam passa por marcar na reabertura. E foi o que fez o FC Porto, numa altura em que as equipas ainda voltavam a readquirir ritmo de jogo. A jogada começa em Otávio, que arranca como nunca antes conseguira no jogo, e entrega a Gonçalo Paciência. O português encara Mathieu e cruza rasteiro. A bola chega a Brahimi e o argelino, com toda a calma do mundo, marca o golo da vitória. Um golo que pode ter tirado de vez o Sporting das contas do título.

OUTROS DESTAQUES

Marcano

Seria a figura portista se Casillas não tivesse a «mancha salvadora» em cima da hora. Jogo impecável do central, com apenas um erro que, sublinhe-se, até podia ter custado caro: leu mal a trajetória da bola e deixou Doumbia escapar. O compatriota da baliza evitou que o Sporting se adiantasse no jogo. A partir daí, limpou o pó, sarou a ferida e ergueu a cabeça. Usou-a para marcar o primeiro golo do jogo e usou-a, sobretudo, para limpar tudo o que lhe surgiu pela frente na área.

Diogo Dalot

O melhor elogio que se lhe pode fazer é que, durante quase todo o jogo, ninguém diria que estava ali um lateral de apenas 18 anos, a fazer o segundo jogo a titular na Liga e o primeiro Clássico da carreira. Protagonista do lance com Doumbia que levou Soares Dias a rever no vídeo, não se deixou atormentar. Seguro a defender e oportuno a atacar. Aqui e ali, sobretudo na leitura dos lances, notou-se a inexperiência, mas a qualidade, essa, está toda lá.

Marega

O poder físico que se conhece, as deficiências técnicas que também já não são novidade. Se aliasse o nível físico a recorte técnico era claramente jogador para o topo da modalidade. Assim, continua capaz do melhor e do pior. Fábio Coentrão viu-se e desejou-se para o parar, os centrais leoninos também não tiveram vida fácil e ao Sporting valeu que a pontaria do maliano, esta noite, não esteve tão afinada. Atirou ao poste logo ao minuto 12, viu Bryan Ruiz negar-lhe o golo na recarga e, pouco depois, isolado à frente de Rui Patrício errou o alvo. No segundo tempo esteve mais discreto, mas voltou a ficar na cara de Patrício, a dez minutos do fim. Desviou para a baliza e Battaglia evitou o golo. Mas pagou caro o esforço. Ficou agarrado à coxa e saiu: lesão muscular pela certa. Mais uma no Dragão.

Gonçalo Paciência

Acabou por ser decisivo. Não teve oportunidades para marcar, mas com a bola nos pés faz a diferença. Isolou Marega no primeiro tempo e assistiu Brahimi para o 2-1 após lance em que arrancou pela direita. Na estreia a titular na Liga ao serviço do FC Porto, faltou apenas cheirar o golo.

Herrera

Enervou as bancadas com erros sucessivos no passe. A tremedeira do FC Porto também passou muito pelas bolas fáceis que o mexicano perdeu. Se a luta no miolo era desigual pelo apoio dado por Bruno Fernandes à dupla William-Battaglia, cabia ao FC Porto ser cirúrgico e, preferencialmente, reter pouco tempo a bola naquela zona. Era preciso mais Herrera esta noite. Viu amarelo e vai falhar a deslocação a Paços de Ferreira.