A Cruz de Cristo que os jogadores do Belenenses transportam ao peito e um enorme André Moreira protegeram a equipa lisboeta no jogo com o FC Porto. Os homens de Silas cerraram os dentes para aguentar um sofrimento constante de 90 minutos e, depois de quase terem batido o Benfica há mais de dois meses, impuseram ao FC Porto a segunda derrota nesta edição do campeonato.

A equipa de Sérgio Conceição ainda depende de si própria para chegar ao título, mas corre a partir de hoje atrás do prejuízo, depois da derrota por 2-0 na capital.

Foram demasiados tiros nos pés nesta segunda-feira no Restelo. O FC Porto foi melhor do que o Belenenses em todos os capítulos do jogo à exceção do que decide os vencedores. Sujeitou a equipa da casa a uma das pressões mais asfixiantes de que há memória nos 252 que já leva a Liga 2017/18, mas não conseguiu descobrir o caminho da baliza contrária nos 26 remates que fez ao longo dos 90 minutos.

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Quando não eram os remates desenquadrados nem a floresta de pernas formada pela equipa da casa, tantas vezes forçada a defender com dez homens junto à sua área, era André Moreira a brilhar e a agigantar-se para reduzir ao tamanho de uma baliza de hóquei os 7,32 metros de distância entre os postes, quando o comboio da Linha do Restelo parecia já tão amassado que parecia prestes a sucumbir ao panzer portista.

Escrevemos dois parágrafos acima que os portistas deram demasiados tiros nos pés. Se o Belenenses tem o gigante mérito de ter conseguido resistir estoicamente à incrível dimensão física do FC Porto, não é menos verdade que a equipa de Sérgio Conceição acaba por sair penalizada pelos próprios erros.

O choque entre Felipe e o estreante Osorio aos 10 minutos foi o maior deles todos, talvez mais gritante do que as mãos cheias (sim, no plural) de ocasiões flagrantes esbanjadas. O brasileiro e o venezuelano não nasceram para dançar o tango e a falta de química foi-se sentindo a espaços ao longo dos 90 minutos ainda que a equipa da casa só tenha conseguido chegar à área de Casillas esporadicamente.

Silas, treinador do Belenenses, tinha dito na antevisão, que os lisboetas teriam pela frente nesta segunda-feira a missão mais difícil da época. Talvez a profecia se tenha confirmado, não obstante as derrotas pesadas no Bonfim com o V. Setúbal (3-0) e aqui mesmo no Restelo por 5-2 aos pés do Desp. Aves. O técnico dos azuis do Restelo, que até tentou entrar em campo com uma disposição tática de três centrais e cinco médios, viu-se obrigado a abdicar logo cedo dessa proposta, passando a defender com cinco defesas e uma linha de três médios quase colada à defensiva.

Foram muitas as vezes em que o meio-campo do Belenenses foi ocupado por 21 jogadores. Ainda que faltasse espaço para o FC Porto construir, os azuis e brancos conseguiram encontrar brechas em ocasiões mais do que suficientes para regressarem à Invicta com um resultado, diríamos até, confortável.

Mas o conjunto de Silas foi resistindo, com sorte e muita bravura à mistura, aos constantes assaltos dos visitantes, que foram perdendo o discernimento à medida que o tempo passava. O golo de Maurides (irmão do ex-portista e herói dos dragões Maicon) aos 70 minutos na sequência de uma bola parada, alimentou a crença da equipa da casa e o desnorte portista.

O FC Porto deixa em Lisboa os três pontos e a liderança do campeonato. A pole position mora agora na Luz.

Nota final para o enorme apoio dos adeptos dos dragões no final da partida. Sinal de que a esperança continua viva.