Uma gigantesca onda encarnada a fazer transbordar as margens do Cávado. Uma resposta soberba no regresso ao norte do país, após a derrota em Vila do Conde, com uma segunda parte de grande nível, para a goleada que deixa o Benfica cada vez mais perto do título (0-5).

Encontro decisivo na reta final do campeonato, permitindo à equipa de Jorge Jesus abordar os últimos três jogos com uma certeza. Precisará apenas – e este apenas entre aspas – de vencer os seus compromissos na Luz para se sagrar bicampeão.

Vida difícil para o Gil Vicente, que terá agora uma visita ao Estádio do Dragão, reduto do FC Porto.

DESTAQUES: Jonas e os outros

O Benfica igualou o melhor resultado obtido fora de casa nesta época 2014/15. A 12 de setembro de 2014, na 4ª jornada, a formação encarnada foi a Setúbal vencer a equipa local por igual resultado, nessa altura com golos de Salvio, Talisca (3) e Ola John. Mudam-se os rostos, repete-se a goleada.

Maxi Pereira abriu e fechou as contas, Jonas – que jogador! - igualou Jackson Martínez na lista de marcadores da prova, Lima e Luisão ampliaram a margem. O líder respira boa saúde.

Sulejmani no carrossel de Jesus

Jorge Jesus sacou um coelho da cartola para o jogo em Barcelos. Sem Salvio, o treinador abdicou de Ola John e deixou Talisca no banco de suplentes. Sulejmani foi a solução encontrada para dar profundidade e critério ao flanco direito.

O sérvio, aliás, teria um papel decisivo no encontro. Desde cedo se percebeu que os encarnados estavam a beneficiar de espaços entre linhas para armar o cerco à baliza de Adriano Facchini.

Do outro lado, José Mota repetiu o onze que garantira uma importante vitória em Coimbra, frente à Académica (1-2). Rúben Ribeiro tinha liberdade para criar e Yazalde era o principal foco de perigo, pela direita. Porém, Maxi respondeu à pressão a defender com uma fuga em direção à área contrária para inaugurar o marcador.

O primeiro golo surgiu à passagem do quarto-de-hora, com relativa naturalidade. Por essa altura, o Benfica já pressionava o adversário. Belo lance de envolvimento, Jonas a tocar para Lima e este a lançar Sulejmani na área. Com extrema inteligência, o sérvio optou pelo toque subtil e serviu Maxi para a finalização.

Penúltimo classificado da Liga, ansiando pela recuperação, o Gil Vicente procurou responder de imediato e esse foi o seu pecado. O 0-2 surgiu após um lançamento favorável aos gilistas, em zona ofensiva. Contra-ataque do Benfica, Gabriel sem capacidade para travar Gaitán e o argentino a cruzar para uma finalização de classe de Jonas.

Gil Vicente a lutar contra o destino

Não deve ser menosprezada, ainda assim, a abnegação da equipa local. Júlio César fez duas grandes defesas na primeira metade do encontro – num remate de Yazalde e num cabeceamento de Cadu – e viu a bola rondar a sua baliza num lance confuso, ao minuto 32.

O final de tarde, porém, era do Benfica. Um líder com pressa em ser feliz e imune a contrariedades. Já perto do intervalo, Jorge Jesus viu-se obrigado a lançar Fejsa, face à lesão de Nico Gaitán, mas as águias continuaram a voar sem as principais asas.

Dois golos não bastariam para afastar as ligeiras dúvidas e o Benfica entrou na segunda metade com um ritmo alucinante. Entre o pontapé de saída e a conquista de um canto passaram apenas quatro ou cinco segundos! Depois surgiu Luisão, o capitão, a responder de cabeça à solicitação de Pizzi.

Uma segunda parte ao mais alto nível

Os dados estavam lançados para uma etapa complementar de grande nível, num dos melhores períodos da formação encarnada nesta época 2014/15. Velocidade, entusiasmo, acutilância e desejo de mais, sempre mais.

Com uma hora de jogo, Jonas voltou a demonstrar toda a sua qualidade, aguentando uma carga na área e esperando pelo momento certo para servir Lima ao segundo poste. As bancadas explodiam de alegria e os adeptos invadiam o relvado, em êxtase.

Jonas e Lima viriam a combinar novamente para o 0-5. Porém, desta vez, Adriano conseguiu-se opor-se e seria Maxi Pereira a marcar, na recarga, chegando a um improvável bis. Pelo meio, o Gil Vicente falhou um par de oportunidades para chegar a um golo de honra que seria inteiramente merecido. De pouco ajudaria na sua fuga desesperada à descida, ainda assim.