O Boavista viu chumbada em Assembleia-Geral da Liga, por larga maioria, uma proposta para adiar por um ano o prazo de pagamento do relvado instalado no Estádio do Bessa em 2015 e que substituiu o sintético após um acordo com a Liga depois de ter sido decidido que todos o relvados da Liga teriam de ser naturais. 

A informação foi avançada por Pedro Macieirinha, advogado representante do Rio Ave, que em declarações aos jornalistas à porta da sede da Liga, onde decorre esta quarta-feira a Assembleia Geral de clubes, apontou o dedo àquilo que diz serem os sucessivos incumprimentos dos axadrezados.

«Os clubes deram um sinal claro de que não querem continuar a pactuar com clubes incumpridores. (...) O Rio Ave congratulou-se com a decisão tomada agora em Assembleia Geral pela grande maioria dos clubes, que acabaram de chumbar uma proposta apresentada pela Boavista SAD no sentido de dilatar mais um ano o prazo de pagamento do relvado que foi pago pela Liga aquando da transformação do sintético em relva natural. Fizemos isto não por falta de solidariedade para com o Boavista, mas conscientes de que é importante que cada um de nós, clubes e SAD, apesar das dificuldades que temos, cumpram as suas obrigações. É uma obrigação que já estava prevista há algum tempo nos regulamentos e que obriga o Boavista a pagar o relvado até ao dia 30 deste mês», começou por dizer.

«Estaremos atentos para perceber que tipo de futebol a Liga, a Federação e até o próprio Estado pretendem: se continuar com clubes que sabem que são sucessivamente incumpridores, ou se pretendem que estes clubes, que têm demonstrado solidez desportiva e financeira, se mantenham na alta esfera do futebol português», acrescentou.

Recorde-se que para conseguirem inscrever-se nos campeonatos profissionais todas as equipas têm de cumprir os pressupostos financeiros determinados pela Liga e que são sujeitos a apreciação de uma comissão de análise. Em última instância, uma equipa pode ser excluídas, como aconteceu no ano passado com o V. Setúbal e o Desportivo das Aves.

«A questão dos pressupostos financeiros vai ser analisada à posteriori. A Liga tem até ao dia 6 para dar uma avaliação prévia relativamente aos pressupostos financeiros. O Rio Ave é um clube que nos últimos cinco anos contribuiu com cerca de 20 milhões de euros para o Estado», apontou o representante dos vilacondenses.

Pedro Macieirinha frisou que a dívida do Boavista relativa ao relvado vence a 30 de junho, pelo que não é por isso que o clube portuense incumprirá nos pressupostos financeiros, mas sim por dívidas já vencidas sobre as quais não se pronunciou. E reiterou: «Não podemos continuar com uma sociedade desportiva que já devia ter pago este valor em 2018 e continua sem entregar um cêntimo à Liga, que são os clubes, e a pedir sucessivas prorrogações do prazo. Isso tem de acabar», disse, garantindo que o emblema de Vila do Conde estará atento.

«O Rio Ave não é polícia e não estamos aqui à procura que haja o incumprimento de alguém. Mas, sendo nós os principais beneficiados e se alguma não apresentar esses pressupostos, obviamente que vamos estar atentos a esses pressupostos e à decisão que vier a ser proferida no sentido de tentar perceber se tudo foi ou não cumprido. O ganhar-se ou perder-se em campo também tem a ver com o facto de se cumprir ou não os pressupostos financeiros, porque se não tivermos a obrigação de pagar, podemos contratar jogadores acima de 1 milhão de euros ou acima de 5 milhões e não os pagar. O Rio Ave não pode fazer isso porque cumpre escrupulosamente as suas obrigações. (...) Também incumbe ao Estado perceber que tipo de clubes quer a competir na Liga: se clubes que pagam os seus impostos para competir ou clubes que através de mecanismos adiem pagamentos ad-eternum, como tem acontecido com alguns», vincou.

No dia 6 de junho, os clubes serão notificados a respeito dos pressupostos, tendo depois um prazo de dez dias para corrigir eventuais falhas nas candidaturas às competições profissionais, cujos participantes serão anunciados a 17 de junho.