O Rio Ave precisou de dobrar o Cabo das Tormentas para embarcar rumo à vitória, como diz o próprio lema do clube.

Os vila-condenses venceram sobre a meta uma autêntica corrida contra o tempo. Chegaram ao intervalo em desvantagem, mas em quarenta e cinco minutos produziram quase o dobro e conseguiram a reviravolta num remate de belo efeito de Gelson Dala. E respiraram de alívio.

A herança da época passada é pesada. Ainda assim, a equipa de José Gomes vai sobrevivendo à custa de talento individual, persistência e entrega. Uma antítese do passado recente, mas igualmente eficaz até ao momento.

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O resultado deixa o Portimonense numa posição delicada. Quatro jogos sem vencer, um registo que contrasta com a qualidade dos seus intérpretes. Esta tarde, por exemplo, fez uma exibição interessante no primeiro tempo, mas acumulou erros – acabou com nove elementos – e deixou os três pontos fugirem.

Os vila-condenses viram o desvio de Bruno Moreira passar perto da baliza de Ricardo, logo ao minuto dois. E deixaram promessas de um futebol fluído e bem jogado. Puro engano, já que foi o Portimonense a superiorizar-se durante quarenta e cinco minutos.

Os algarvios apresentaram-se bem organizados e compactos, não permitindo que o Rio Ave usufruísse dos corredores laterais como tanto gosta. O ataque posicional da equipa de Vila do Conde era estéril e previsível. Ao mesmo tempo, permitia ao conjunto de Folha sair em contragolpe, sobretudo por Tabata e Nakajima.

O nipónico deixou Leonardo de sobreaviso, com um remate muito perto do poste (10’). Logo de seguida, Wellington desperdiçou na cara do guarda-redes do Rio Ave (14’). Ao minuto 20, o Portimonense deixou-se de ameaças: Tabata fez um cruzamento delicioso de trivela para o desvio certeiro de Dener. Justiça no marcador.

O Rio Ave esboçou reação através de um lance de bola parada, no entanto, o desvio de Tarantini não seguiu o caminho da baliza (20’). Mais tarde, foi novamente o capitão vila-condense a estar perto do empate com um pontapé a rasar a trave (40’).

Pelo meio, o Portimonense esteve perto de aumentar a vantagem. Nova jogada de contra-ataque, desta feita conduzida e finalizada por Tabata. Valeu Leonardo a manter o Rio Ave vivo no jogo.

Ao intervalo o cenário era pouco animador para a formação da casa. Assobios da bancada, sobretudo para José Gomes, e um futebol semelhante a um longo bocejo.

Contudo, o intervalo transformou por completo o Rio Ave. José Gomes até só fez uma mudança – Leandrinho por Jambor – mas as melhorias foram notórias. Logo a abrir, Gabrielzinho aproveitou uma bola perdida na área para igualar a contenda.

O jogo partiu-se e as oportunidades surgiram junto das duas balizas. Nakajima viu Leonardo negar-lhe nova vantagem (52’) e, logo de seguida, Wellington atirou ao lado, após assistência do japonês. Foram as últimas oportunidades dos algarvios na partida.

Ao minuto 58 começou o descalabro do Portimonense. Galeno – de jogo para jogo dá sinais notórios de crescimento – livrou-se de Hackman e acabou derrubado em falta por Lucas. Artur Soares Dias expulsou o central brasileiro e apontou para a marca de grande penalidade. Contudo, foi alertado pelo VAR – Bruno Paixão – e corrigiu a zona da falta, assinalando livre.  

A expulsão contrária deu alento ao Rio Ave. Os vila-condenses encostaram o adversário à sua área, mas pecaram quase sempre na definição. O tempo escasseava enquanto o Portimonense apenas se preocupava em guardar a bola, aguardando o apito final.

Ao cair do pano, já com Manafá no balneário por duplo-amarelo, surgiu o talento de Dala. Teve espaço à entrada da área, ultrapassou Felipe Macedo e atirou em jeito, para o fundo da baliza.

Os assobios transformaram-se em aplausos e o Rio Ave partiu com destino à vitória. Veremos quanto tempo dura a viagem.