A melhor forma de resumir o Benfica-Feirense é dizer que foi uma tarde feliz para a equipa de Rui Vitória. Pela vitória sobre o Feirense, que vale o regresso à liderança isolada da Liga, mas antes disso feliz pela forma como o triunfo foi construido, a disfarçar uma exibição pouco inspirada.

Os tricampeões nacionais acabaram por conseguir uma goleada, mas alicerçada em dois golos muito afortunados, antes de aparecer o talento dos «baixinhos» Cervi e Grimaldo. Um resultado algo pesado para as dificuldades que o Feirense criou (mas também a punir os «brindes»), frente a um Benfica um tanto ou quanto espremido pelas lesões.

O Feirense até criou a primeira ocasião de perigo do encontro, com Cris a aparecer bem na área mas a falhar o alvo, só que depois centrou atenções numa organização defensiva que criou problemas ao Benfica, pela forma como fechou bem o corredor central e, simultaneamente, impediu que os laterais encarnados criassem desequilíbrios.

Daí que a primeira oportunidade do Benfica tenha partido de uma arranca de Lindelof, mas depois Mitroglou e Pizzi mostraram pontaria afinada para os defesas contrários (7m).

Bem vigiado mas não conformado, Grimaldo arrancou depois um cruzamento que descobriu Salvio ao segundo poste, mas Peçanha desviou o cabeceamento do argentino (19m), que logo a seguir teve uma boa ocasião para o pé direito mas atirou ao lado.

De regresso à equipa, Luisão foi lá à frente criar perigo na sequência de um pontapé de canto (33m), mas seria um jogador do Feirense a dar vantagem ao Benfica. O lançamento lateral de Salvio não encontrou nenhum colega, mas Luís Aurélio, na tentativa de corte com o pé direito, atirou para a própria baliza (35m).

Mais um brinde antes da inspiração

O marcador alterou-se mas a tendência do jogo não. Mesmo na segunda parte o Benfica manteve o domínio territorial (ao intervalo tinha 71% de posse de bola), mas sentiu dificuldades para encontrar espaços na defesa do Feirense.

Se Salvio criou perigo ao minuto 51, com um remate ao lado, a equipa visitante também ficou perto de aproveitar um (raro) deslize de Lindelof, mas o cabeceamento de Karamanos saiu ao lado (53m).

O Feirense parecia ainda disposto a explorar uma hipotética intranquilidade do Benfica pós-Nápoles, tal como José Mota tinha sugerido, mas um segundo «brinde» sentenciou o encontro. Ao tentar tirar uma bola da sua área, o central Icaro acabou por rematar contra Salvio, que afortunadamente aumentou assim a vantagem encarnada (62m).

Só depois, já com outra tranquilidade, é que apareceu um golo mais...«normal», digamos, com Nélson Semedo a cruzar para a cabeça do baixinho Cervi, recém-entrado, a fazer o 3-0 (70m).

Ederson ainda teve de aplicar-se perante um remate de Karamanos (87m), já com o estreante Zivkovic em campo, mas para o o último lance do jogo estava reservado o melhor momento técnico da tarde: Grimaldo já andava a prometer, e desta vez marcou mesmo, de livre direto, o primeiro golo de águia ao peito.