Emoções à flor da pele, oportunidades nas duas balizas, golos (um golaço!) e bom futebol. O choque de estilos que foi o Tondela-Rio Ave resultou num belo jogo de futebol para aquecer a gélida noite beirã à entrada de dezembro. Levou a melhor o Rio Ave, com uma proposta mais atrativa, já imagem de marca, mas facilmente poderia ter sido outro o resultado, já que o Tondela, mais direto ao assunto e menos dado a rendilhados, dispôs de ocasiões  suficientes para um resultado diferente. O cérebro ganhou à vertigem esta noite.

A abordagem do Rio Ave, como se disse, foi a que tem sido habitual esta época. Posse de bola como imagem de marca, futebol apoiado do primeiro ao último metro. É assim a equipa de Miguel Cardoso e, parece comprovado, nada irá fazer alterar o registo.

Quando o jogo começa com golo madrugador, então, ainda mais à vontade ficam os homens de Vila do Conde para explanar este filão. Até porque há qualidade mais do que suficiente para isso. O miolo com Pelé, Tarantini, João Novais, Chico Geraldes e Rúben Ribeiro trata a bola como poucos nesta Liga. O Tondela, sobretudo na primeira meia hora, viu-se e desejou-se para travar o rival.

De facto, os primeiros trinta minutos foram todos do Rio Ave, com o penálti cometido por Hélder Tavares sobre Chico Geraldes, aos 8 minutos, a fazer mexer o marcador. Pelé, com classe, acalmou a equipa e validou o que se seguiu. O Rio Ave esteve quase sempre no seu meio campo ofensivo e ficou a dever a outro acerto no passe dar mais volume ao marcador. Só remates de longe de Rúben Ribeiro e Tarantini, nesse período, deram sensação de perigo.

O Tondela, que apareceu em campo com Tomané e Heliardo na frente de ataque, demorou, então, a entrar no jogo, mas, até ao intervalo, criou ocasiões suficientes para empatar. Primeiro de bola parada, num cabeceamento de Tomané que Cássio deteve com brilhantismo, depois num remate sobre a trave de Bruno Monteiro e, por fim, num lance disparatado de Tomané que apostou na simulação grosseira quando estava isolado e poderia empatar.

Tomané haveria de ter tempo de se redimir, no segundo tempo, numa jogada muito parecida onde não vacilou e marcou mesmo. Contudo, antes, o Rio Ave já tinha feito o segundo, em nova entrada em campo a todo o gás.

Lance bem trabalhado na esquerda com Rúben Ribeiro a tocar para Francisco Geraldes, que abriu em Yuri Ribeiro. O lateral foi à linha cruzar e Guedes desviou ao primeiro poste. Foi ao minuto 47 e, cinco minutos volvidos, veio, então, o 1-2 que fez o Tondela voltar a acreditar. Afinal, ainda não há muito tempo, tinha virado em casa um 0-2 para 3-2, frente ao Boavista.

O problema para o Tondela é que o Rio Ave não se encolheu. Aliás, depois do golo de Tomané dispôs logo de uma ocasião flagrante, com Chico Geraldes a atirar ao lado na cara de Cláudio Ramos. Os homens de Pepa, num remate de Miguel Cardoso, também ameaçaram o golo, mas este haveria mesmo de surgir na outra baliza. E que golo.

Um minuto depois de Barreto, entretanto lançado por Miguel Cardoso, ter rematado ao poste, Rúben Ribeiro fez o melhor golo da tarde, num remate em arco desde a quina da área. Mais um belo momento de um jogador que está a ser dos melhores desta Liga.

O jogo acabou ali, praticamente. O estádio emudeceu e a fé que resistia esvaiu-se. Depois de duas vitórias seguidas em casa, era o visitante a levar os três pontos. Chama-se Rio Ave e chega aos 20, aproveitando, desde logo, o empate do Marítimo para encurtar distâncias na tabela, rumo aos lugares europeus.