Se Abel Ferreira não conhecesse Sérgio Conceição, o técnico do FC Porto bem poderia estender-lhe um cartão de apresentação e sorrir ao entregar-lho: «Muito prazer, sou o Sérgio Conceição e sou líder do campeonato.»

Mal entendidos à parte, a verdade é que Abel e Sérgio se conhecem bem e a questão da liderança está dependente de dois jogos no Estoril: o de amanhã do Sporting e o que falta ao FC Porto no dia 21.

Para já, depois do percalço em Moreira de Cónegos, os portistas ultrapassaram um teste de fogo esta noite no Dragão e venceram o Sp. Braga por 3-1. Não foi um jogo fácil. Sem Danilo Pereira e Marcano, o eixo defensivo ressente-se. Vai daí que Herrera fez de Danilo e Sérgio Oliveira substituiu Óliver no papel de Herrera.

Não saiu mal a aposta a Conceição. Ainda não havia chegado ao quarto de hora e já o seu homónimo a justificava: cruzamento de Telles, cabeça de Sérgio e golo – estreia a marcar pelo FC Porto nesta época.

Os dragões controlavam o meio-campo e os apoios de Ricardo e Telles pelas laterais permitiam que o jogo fluísse pelos corredores. Faltava, no entanto, inspiração.

FC Porto-Sp. Braga: ficha e jogo ao minuto

Corona, de regresso ao onze, controla superiormente a bola, mas perde-a de forma consecutiva, Brahimi não, cola-a no pé, mas ou pegava na bola demasiado atrás ou já perto da área tinha dois adversários a marcá-lo.

Marega teve nós pés o 2-0, mas picou mal a bola na cara de Matheus. Aboubakar também esteve perto do golo no arranque do jogo, com dois cabeceamentos carregados de veneno (13’ e 18’).

Não marcou o FC Porto, igualou o Sp. Braga: Raúl Silva apareceu solto na área a desviar para o golo um canto de Jefferson, aos 31’. Falhou Reyes na marcação, mas ele havia de compensar oito minutos depois, também num canto (de Telles, pois claro!), colocando de cabeça o FC Porto de novo em vantagem, justa, ainda antes do intervalo.

O FC Porto tinha vantagem no marcador, mas nem por isso consolidava a vantagem numérica num meio-campo em que Danilo e Vukcevic dividiam cada bola com Herrera e Sérgio Oliveira. Com uma vantagem magra não deixa de ser um risco, quase concretizado pelos arsenalistas, que aos 62’ estiveram a centímetros do golo: com o estreante Diogo Figueiras a assistir para o cabeceamento de Paulinho para uma defesa «à Casillas» de José Sá.

FC Porto-Sp. Braga, 3-1: destaques do jogo

Ao ver Paulinho (do Sp. Braga) falhar, Conceição deu ordem para que o Paulinho do FC Porto entrasse em campo para o lugar de Corona. Daí em diante, o jogo portista serenou. E mais tranquilo ficaria quando Brahimi, como que a querer assinalar o 150.º jogo pelo FC Porto, e Aboubakar acordaram para resolver o jogo (aos 73’): jogada do mais puro futebol de rua do argelino, a tirar Figueiras do caminho, servindo Telles (sim, de novo ele!), que cruzou para o cabeceamento vitorioso de Aboubakar, que acabou com uma seca de quatro jogos.

3-1 e o triunfo azul e branco encaminhado, apesar da reação bracarense, que obrigou Sá de novo a uma extraordinária defesa de Sá (86’) a um remate forte de Danilo Barbosa. Pela reação, talvez o Braga merecesse o golo, nada que coloque, contudo, o triunfo portista em causa num jogo em que Conceição fez entrar em campo os reforços: depois de Paulinho, Waris e Gonçalo Paciência, que recebeu o merecido aplauso do bom filho que à casa torna.

Teste duro ultrapassado, segue-se já outro neste fevereiro louco dos azuis e brancos: um clássico no Dragão na quarta-feira, frente ao Sporting, para a primeira-mão da meia-final da Taça de Portugal. Esse tal Sporting que anda a cobiçar a liderança. Hoje, ela voltou a ser do FC Porto. Amanhã, logo se vê.