Jogo de loucos no agitar da bandeira de xadrez sobre os jogos na Pedreira esta época. Depois de uma prestação caseira irrepreensível, na qual só cedeu pontos a Benfica e FC Porto, a equipa de Abel Ferreira despede-se do municipal bracarense com um empate (1-1) diante do Boavista. Os bracarenses quebram uma série de sete vitórias consecutivas em casa, falhando o assalto ao pódio e com o segundo lugar agora inalcançável.

Yusupha Njie, avançado da Gâmbia, foi a grande figura do encontro. Adiantou o Boavista no encontro dando cor a uma primeira metade afincada do conjunto de Jorge Simão, mas foi expulso a vinte minutos dos noventa deixando a pantera exposta ao golpe bracarense. Dyego Sousa teve nos pés a cambalhota no marcador, mas desperdiçou uma grande penalidade ao minuto 95. O Renault de Abel não se cola aos Ferraris da capital.

Afinaram-se as gargantas logo aos doze minutos, o passe de Esgaio para Dyego Sousa encostar deixava antever um golo cantado. Mas a emenda do avançado brasileiro, a novidade na equipa do Sp. Braga esta noite, saiu escandalosamente por cima. Boa entrada em jogos dos Guerreiros com esta situação criada, mas o falhanço do avançado foi como que um mau prenúncio.

À tentativa de jogar com paciência do Sp. Braga o Boavista foi respondendo com ataques eficazes. Com poucos passes a equipa de Jorge Simão ia chegando com frequência ao último terço do terreno de jogo, dispondo de várias oportunidades de perigo.

Yusupha dá

Yusupha parece ter aprendido a receita de Dyego Sousa e ia desperdiçando. Nenhuma oportunidade tão clamorosa como a do arsenalista, mas a pedir finalizações mais afinadas. O avançado natural da Gâmbia atirou ao ferro na resposta à perdida de Dyego Sousa e depois viu Matheus agigantar-se entre os postes antes de também Rossi falhar de cabeça na sequência de um livre.

Oportunidades que a defensiva do Sp. Braga não costuma conceder, a deixar a equipa arsenalista desconfortável. Até que em cima do intervalo a rede lá abanou. Saída displicente do Sp. Braga, recuperação rápida do Boavista com Fábio Espinho a lançar Yusupha para o avançado bater Matheus. Depois de ver as imagens Bruno Esteves descartou uma falta no início do lance e validou o golo.

Doze anos depois o Boavista voltou a marcar em Braga. Por outro lado, foi apenas o segundo golo fora de casa dos axadrezados em 2018, que há quase 675 minutos não marcavam longe do Bessa. Estatísticas que ilustram o feito do jovem Yusupha.

Yusupha tira

Corrida contra o tempo do Sp. Braga na segunda metade, lutando com todas as armas para que a despedida da Pedreira não se fizesse com uma imagem contrastante do que foi a realidade da temporada. Essa ansiedade conseguiu ser traiçoeira, faltou serenidade ao Sp. Braga para explorar o seu estilo de jogo.

O domínio existiu, mas de forma atabalhoada e sem a matriz habitual. Um domínio que a vinte minutos dos noventa ganhou ainda maior ascendente com a expulsão de Yusupha. O avançado foi expulso depois de atingir Raúl Silva com o braço numa disputa de bola. Boavista reduzido a dez e Dyego Sousa redime-se.

Cruzamento de Jefferson no lado canhoto, para a zona do primeiro poste, a solicitar o desvio do avançado desta vez não falhou e fez a Pedreira entrar em ebulição. Pressão final arrebatadora do Sp. Braga, empurrada com a crença das bancadas.

Assalto final com várias bolas na área axadrezada a culminar com a tal grande penalidade para Dyego Sousa cinco minutos para lá dos noventa. Embateu na trave. A Pedreira não merecia uma despedida assim, mas a audácia da turma do Bessa não merecia sair de mãos a abanar. O Boavista é a terceira equipa a conseguir pontuar em Braga.

O Renault de Abel Ferreira foi à potência máxima na derradeira reta do jogo de hoje, mas embateu na trave e não se consegue colar aos Ferraris de Lisboa antes do clássico.