A FIGURA: Brahimi
Dois jogos de enorme qualidade de Yacine Brahimi, frente a Chelsea e Belenenses. Ivanovic, alvo de críticas no fragilizado Chelsea, terá sido responsável pelo despertar do argelino, que subiu claramente de nível na Liga dos Campeões mas fez questão de provar que não era uma questão de palco. Frente ao Belenenses, repetiu a dose e deixou João Amorim à beira de um ataque de nervos. Exibição em crescendo, como a sua época, lançando aviso com um remate em arco, à trave, ainda antes do intervalo. Uma dança, outra e depois mais uma. À enésima tentativa, foi Rúben Pinto a ficar por caminho antes do cruzamento para o golo de Jesus Corona. Logo depois chegou o seu. O primeiro golo da época num cabeceamento em voo. Percebeu-se que Brahimi estava à procura daquele momento. O festejo foi elucidativo. Yacine Brahimi é nesta altura um feiticeiro com um aprendiz à altura: Jesús Corona.

O MOMENTO: nó desatado
Sem exercer uma pressão sufocante, longe disso, o FC Porto criou oportunidades para marcar na primeira parte mas teve de esperar pelo 54º minuto de jogo. Brahimi tinha deixado João Amorim por terra pouco antes. Dessa vez foi Rúben Pinto a fazer frente ao argelino, de novo sem sucesso. O cruzamento, a bola a chegar ao segundo poste, Corona a rematar de primeira e Gonçalo Brandão a desviar do alcance de Ventura, involuntariamente. Nó desatado.

OUTROS DESTAQUES:

Jesús Corona
Quarto golo em quatro jogos na Liga 2015/16, alcançando o melhor marcador do FC Porto (Vincent Aboubakar) na competição. O extremo mexicano não tem apenas uma vasta gama de recursos técnicos, assemelhando-se a Yacine Brahimi nesse captítulo: tem golo. Atrevido como o argelino, esbanjando confiança, parte para cima dos adversários em velocidade e a ensaiar fintas, sendo difícil adivinhar o que vai fazer a seguir. Deliciosa jogada aos 20 minutos, em sucessivas tabelas até rematar ao lado. Comete alguns excessos, como Brahimi nos seus piores dias, mas tem potencial para formar uma dupla temível com o argelino. Génios siameses.

Rúben Neves
Vai cimentando a sua posição no onze do FC Porto, acumulando pontos no duelo com Danilo Pereira. Na primeira parte, o meio-campo azul e branco não conseguiu garantir uma superioridade clara, mas Rúben apresentou a qualidade habitual. Após o intervalo, face à lesão de Maicon, surgiu com a braçadeira de capitão. Um momento para mais tarde recordar. Aos 18 anos.

Marcano
A sua eficácia nem sempre é devidamente valorizada. Tem sido um verdadeiro pilar desta defesa do FC Porto. Discreto, vai resolvendo inúmeras situações de perigo e não parece acusar a pressão. Desta vez, viu Maicon sair ao intervalo e adaptou-se com naturalidade a Danilo Pereira, por natureza o prémio. O destaque já estava a ser escrito antes de Marcano assinar o 4-0, mas o golo fica-lhe bem.

Osvaldo
Nota para o primeiro golo de dragão ao peito. Um bom golo, por sinal, já que aquele toque com o pé esquerdo, de improviso, é coisa de ponta-de-lança experiente e disposto a correr riscos. Tem algo para dar a este FC Porto, parece certo, embora a dimensão física de Aboubakar seja imcomparável.

Belenenses
O que dizer de uma equipa que sofre oito golos em dois jogos (0-4 frente à Fiorentina e 4-0 no reduto do FC Porto)? O mais fácil – e injusto – seria a crítica. Mas não. Estes homens de Ricardo Sá Pinto pagam a fatura pela falta de experiência em ciclos de três jogos por semana. Ainda assim, dividiram o jogo na etapa inicial, enquanto as pernas resistiram. Merecem elogios pelo apuramento para a fase de grupos da Liga Europa, mas este é o preço a pagar. Dores de crescimento.