Superação, sagacidade e crença, sem descurar a qualidade, claro, alicerces inabaláveis agarrados com unhas e dentes pelo FC Porto para combater o cansaço anunciado, resultaram no décimo triunfo na Liga.

O registo de extermínio, algo que começava a ser prática comum no Dragão, deu lugar a uma vitória suada, mas tremendamente preciosa diante do Belenenses, equipa que chegou a ter períodos interessantes durante o jogo. E acima de tudo, garantiu a liderança isolada do campeonato e uma vantagem de cinco pontos, ainda que provisória, para o segundo classificado.

Os portistas souberam esconder as suas debilidades e em lugar disso, colocaram em plano de evidência as suas maiores qualidades. Em suma, um dragão que, além de insaciável, também sabe ser inteligente e cínico.

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Na véspera do encontro Conceição tinha alertado para o pouco tempo de repouso da sua equipa. Quiçá por isso, o técnico portista tenha lançado de início Hernâni e Diego Reyes – titulares na Liga dois anos depois – para além de André André.

Como tem sido habitual, os azuis e brancos entraram melhor no encontro e dispuseram das primeiras ocasiões para marcar. Hernâni, com um remate em arco fez Muriel brilhar e, logo de seguida, Brahimi deu um nó cego em Geraldes e rematou por cima.

Por sua vez, Domingos reforçou o meio-campo em comparação com a partida com o Moreirense. Porém, o Belenenses esteve longe de se remeter no seu meio-campo à espera que uma inevitabilidade, um golo portista entenda-se, acabasse por acontecer. No intervalo das ocasiões criadas pelo FC Porto conseguiu, numa saída imaginada e criada por André Sousa, criar a primeira situação de perigo junto da baliza de José Sá.

O fôlego inicial do dragão foi perdendo chama.

A equipa de Conceição padecia de uma certa dificuldade em construir, sobretudo devido ao trio que compunha o meio-campo. Ora Diego Reyes é um elemento a menos na construção, limita-se a fazer passes para o lado o que obrigou ao recuo de Herrera para pegar no jogo, tornando-o uma unidade a menos na frente. Restava o génio de Brahimi para agitar o ataque dos portistas.

Pese embora essas dificuldades, o Hernâni, Brahimi e Alex Telles conseguiram voltar a colocar em sentido a defesa da equipa do Restelo. Contudo, esbarraram sempre em Muriel que parecia estar a querer assinar uma noite memorável. Puro engano.

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À entrada dos últimos cinco minutos da primeira parte, após canto de Alex Telles, Herrera aproveitou uma saída em falso do guarda-redes do Belenenses para inaugurar o marcador - segundo jogo seguido a marcar - e colocar o FC Porto na frente. Acima de tudo, ofereceu uma almofada de conforto aos portistas.

A etapa complementar trouxe um FC Porto diferente. Astuto, Conceição detetou o problema no sector intermediário e corrigiu esse aspeto. Herrera começou a estar mais perto de André André e Aboubakar, e curiosamente Reyes ficou mais confortável no jogo.

Aboubakar dispôs da primeira ocasião para aumentar a vantagem dos dragões. Não concretizou e foi o Belenenses quem cresceu a partir daí.

Ciente das limitações naturais do FC Porto – depois de um jogo muito exigente diante do RB Leipzig – a meio da semana, a formação de Domingos Paciência ousou empurrar o adversário para o seu meio-campo. Conseguiu fazê-lo durante vários minutos, porém, não foi capaz de traduzir em golos esse ascendente. 

As entradas de Galeno, Sérgio Oliveira e sobretudo de Corona – de longe a melhor opção para o corredor direito – fizeram o FC Porto crescer de novo no encontro. Após um par de oportunidades para dissipar as dúvidas quanto ao vencedor esbanjadas, foi a classe de Aboubakar, após passe de Herrera - figura maior do jogo- a selar a vitória da equipa azul e branca mais regular da Liga.

É cada vez mais neste tipo de jogos que se vencem campeonatos.