Um final tremendo, de montanha russa, mas que acaba numa consequência: o FC Porto saiu do Sporting-Sp. Braga mais líder. O leão continua invencível na Liga, mas deixa Alvalade nesta noite com um mal menor. O empate.

Os verdes e brancos tiveram quase tudo para vencer nesta noite. Numa altura que não é para brilhantismos, o leão tentou ser pragmático. Conseguiu-o até, mas o ciclo em que está envolvido trouxe um Sp. Braga demasiado atrevido e com embalagem de cinco triunfos seguidos no campeonato. Essa série parou nesta noite, é certo, numa altura em que as circunstâncias do jogo e o resultado deixaram, certamente, um amargo de boca nas duas equipas.

Havia a vitória do FC Porto, havia triunfo benfiquista noutro vira com gente do Minho. O Sporting estava obrigado a vencer para que tudo ficasse igual no topo, mas cedo percebeu que o adversário desta noite podia trazer problemas inesperados. Quando Paulinho se isolou logo aos quatro minutos, Alvalade ficou em suspenso. Respirou de alívio nesse momento que o 20 atirou ao lado, num prenúncio de um jogo que ia ser disputado até ao último milésimo do último segundo.

O Sp. Braga tentou pressionar alto o leão, quis tapar bem o centro do terreno e depois aproveitar para lançar Horta e Paulinho em profundidade. Sobretudo eles, com Fransérgio também à espreita.

O Sporting respondeu sempre às primeiras iniciativas do Sp. Braga (Paulinho e Xadas num remate de longe). Tanto assim foi que, quando saiu para o intervalo, estava não só por cima como tinha obrigado Matheus a duas enormes defesas junto à relva: uma a cabeçada de Coates, outra a livre de Bruno Fernandes.

Sem nota artística coletiva, o leão tinha mais bola, o camisola 8 assumia a partida do lado verde e branco e quando chegou o descanso, já o Sp. Braga ansiava por ele pois já não estava nem a conseguir sair em transição rápida, nem a chegar suficientemente cedo aos duelos.

Ora, estivéssemos nós num clássico entre dois dos três ditos grandes e dir-se-ia que esse clássico teve de tudo. Indecisão até final, bons golos, e polémica. Não, não foi um jogo entre rivais, mas foi um encontro entre dois grandes, como disse Jorge Jesus na antevisão, e o Sp. Braga iria provar lá mais frente.

Antes disso, o leão ficou com o jogo a jeito. Depois de um lance de Fransérgio que não valeu, a equipa leonina assumiu, por fim, o comando. Podence atirou para fora, Bas Dost falhou onde não costuma falhar a cruzamento de Bruno César. Aliás, tanto não costuma que três minutos depois marcou mesmo.

Bruno Fernandes comandou a equipa e, neste caso, a bola, que enviou para o pé direito do holandês: letal como sempre, Dost recolocou o Sporting a dois pontos do FC Porto. Parecia que o pragmatismo verde e branco ia ser a realidade final do encontro, mas havia tempo, Abel foi moldando a equipa adversária e havia demasiados leões a cair no relvado. Depois de Acuña no primeiro tempo, Bas Dost no segundo.

João Carlos Teixeira e Fábio Martins foram a jogo. O Sp. Braga melhorou especificamente nas alas, nesse período, e os dois conseguiram ter bola e levá-la para perto da área de Patrício. Foi assim que os arsenalistas foram à luta, foi assim que Danilo entrou na área e caiu, derrubado por Coates. 

O 1-1 foi autoria de Dyego Sousa e mérito do outro brasileiro que, num pontapé desviado por André Pinto colocou a bola nas redes de Rui Patrício. Um balde água fria gelou Alvalade e a hipotermia só passou porque, numa dessas ironias do futebol, Ricardo Horta andava pela função de lateral-direito (devido às mudanças promovidas por Abel) e numa inabilidade meteu a bola na marca de penálti com uma falta sobre Alan Ruiz.

Bruno Fernandes atirou para o 2-2 final, mas deste jogo, quem riu por último, foi o FC Porto, com o leão agora também mais à mão do rival Benfica. Quanto ao Sp. Braga, nunca se pode dizer que um empate em casa do leão seja mau. Mas Abel e os jogadores têm legitimidade, fruto dos eventos do jogo, para pensar que este talvez tenha sido um dos menos felizes na história do clube em Alvalade.