A FIGURA: André Leal, Andrezinho para a amiga bola
Como é que um talento destes pode estar três meses fora do onze inicial do Paços? Só Carlos Pinto pode explicar. Problema disciplinar? Má atitude nos treinos? Ao que sabemos, nem uma, nem outra. Mera opção. Vamos aos factos: André Leal ofereceu o segundo golo a Welthon e foi a origem de quase todo o mal aplicado ao Boavista. Num jogo de bola pelo ar, muito coração e luta, o pequeno médio teve qualidade para acalmar os repelões, encontrar bons caminhos e jogar, enfim, futebol. Vasco Seabra resgatou-o do esquecimento em boa hora para o Paços. É provavelmente o atleta mais talentoso do plantel.     

O MOMENTO: minutos 55, expulsão e penálti reequilibram
O Paços estava seguro no jogo quando Artur Soares Dias assinalou penálti sobre Iuri e expulsou Miguel Vieira. Com 35 minutos para jogar e a perder 2-1, o Boavista reentrava na discussão do jogo. Os axadrezados não tiveram capacidade, porém, para chegar ao empate.

POSITIVO: Chapecoense e dois jornalistas recordados
O minuto de silêncio em memória das vítimas do acidente aéreo na Colômbia, com o avião da Chapecoense, foi intenso. Welthon fez questão, de resto, de trocar o seu nome pelo nome do atormentado clube na camisola do Paços, um gesto bonito. O Paços de Ferreira recordou ainda dois jornalistas recentemente falecidos: António Merino Ferreira e Manuel Azevedo.  

OUTROS DESTAQUES

Pedrinho

Mete a bola onde quer e pode vir a formar com Andrezinho uma das duplas mais interessantes da Liga. Lutador incansável, agressivo, importante nos momentos em que o Paços quer ter bola e também no processo defensivo. É do seu pé que nasce o livre bem aproveitado por Marco Baixinho para o primeiro golo.

Welthon
Sétimo golo na temporada, exemplo perfeito do avançado que é: primeiro ganha no confronto físico, depois movimenta-se bem e finaliza de primeira com o pé esquerdo. Não espanta que o Paços já lhe tenha ampliado e melhorado o contrato. É um homem com faro pelo golo e segura muito bem a bola. Não pode é falhar golos

Iuri Medeiros
Atitudes e reações de génio incompreendido, mal rodeado por operários. Iuri Medeiros tem muito futebol, mas precisa de perceber o contexto que o rodeia e o papel dentro da equipa. Claro que tem pormenores ótimos, deliciosos, mas é capaz de subir para outro patamar. Nenhum génio sobrevive sem o proletariado. Pelo menos no futebol.

Samu
Estreia a titular na Liga, noite ingrata, muita luta e pouco futebol para o seu bom pé esquerdo. Executa bem, mas não tem a confiança ideal para ser um atleta afirmativo. Precisa de muitos minutos (só tinha 44 na Liga) e batalhas. Foi o primeiro a ser sacrificado por Miguel Leal.

Marco Baixinho
Adaptado ao meio-campo, cumpriu bem as obrigações defensivas e aproveitou o erro de Agayev para inaugurar o marcador. Baixou para o centro da defesa com a expulsão de Miguel Vieira e elevou o seu nível.

Makhmudov
O internacional azeri deixara bons sinais contra o Sporting, em 15 minutos, e confirmou-os na meia hora em Paços de Ferreira. Gosta de ter a bola e organizar, de receber e tocar. O Boavista precisa de um médio assim.

Idé Gomes
15 minutos para o jogador mais alto da Liga, estreia absoluta: 204 centímetros no ataque boavisteiro para a ofensiva final. Vontade, muita vontade.