Sepultura aberta, dragão moribundo, Extrema Unção aplicada pelo futebolista que, ironicamente, tantas vezes foi colocado na rota do FC Porto. Rafa. aos 89 minutos, anulou com requintes de crueldade o empate que Maxi Pereira parecera garantir instantes antes.

Este FC Porto é um edifício em chamas e o plano de fuga para os que lá estão é assustador. Uns saltam e caem no vazio, outros ficam e ardem na própria incompetência. Em Braga, onde mora um Sporting a respirar saúde em quatro provas, Ivan Marcano foi a face evidente do Mal que assola o emblema azul e branco.   

Um erro grotesco do espanhol, o colapso físico na última meia hora e o deserto criativo na encenação ofensiva ditaram a quarta derrota do FC Porto na Liga.

O Benfica fica a uns quilométricos seis pontos, o Sporting continua a quatro, o título é uma miragem ténue. Pueril.

FICHA DE JOGO E A PARTIDA AO MINUTO

«Estes são os meus princípios. Se não gostar deles, tenho outros». A frase de Grouxo Marx encaixa perfeitamente naquilo que foi o Sp. Braga e na estratégia utilizada para abrir a cova de um FC Porto em agonia, quase defunto nesta Liga.

A equipa atraente, envolvida na posse de bola, com linhas subidas e a discutir de peito feito não existiu. Paulo Fonseca concedeu a posse e a iniciativa ao FC Porto e viu os seus Guerreiros a sofrer muito, de forma quase insuportável, até se libertarem com o primeiro golo do jogo, aos 71 minutos.

Cruzamento de Djavan na esquerda, após transição eficaz, e lapso horrível de Marcano, ao não acertar bem na bola com o pé direito.

Nesse instante, o Sp. Braga pôs o FC Porto onde queria: em ponto de mira para os contra ataques selvagens de Pedro Santos e Rafa, principalmente eles.

OS DESTAQUES DO JOGO: Rafa, de pá na mão

O FC Porto, dizíamos acima, chegara aos instantes decisivos do jogo sem pernas. Entrou bem, teve 25 minutos francamente bons, permitiu depois o equilíbrio ao Sp. Braga e foi caindo, caindo, caindo até se esmagar no precipício.

Teve ocasiões para marcar – Suk a obrigar Marafona a defesa difícil, Brahimi a atirar ao poste de livre -, mas tudo nesse período madrugador, onde as pernas obedeciam e os cérebros latejavam de frescura.

Até ao intervalo, é importante sublinhar, o FC Porto perdeu José Peseiro no banco e a cabeça em algumas situações, em virtude de algumas decisões incompreensíveis de Carlos Xistra (ler destaques). O árbitro prejudicou sobremaneira os azuis e brancos até aos 45 minutos, embora tenha errado para os dois lados. Melhorou no segundo tempo.

Depois, insistimos, o FC Porto não apresentou soluções de ataque compatíveis com o estatuto de candidato ao título. O plantel é curto, os jogos acumulam-se, a condição física é má. Tudo junto permite que a desconfiança surja e que a equipa se despenhe em momentos decisivos.

O Sp. Braga teve uma noite de contenção e inteligência. E isso bastou para marcar três golos a Iker Casillas. Alguns falarão de lição bem estudada de Paulo Fonseca, outros de incompetência pura dos que chegaram da Invicta. A verdade deve estar onde costuma, algures no meio.

O FC Porto precisa de uma catarse, da cabeça aos pés: plantel, estrutura da SAD, direção do clube; limpeza e reorganização; o futuro necessita de decisões prementes e duras.