O aviso de Filipe Gouveia na conferência de antevisão ao encontro parecia desvendar aquilo que se iria passar na partida da Amoreira. Léo Bonatini, foi ele que mereceu os elogios do treinador academista e foi ele, de novo, quem acabou por desbloquear as coisas para o Estoril.

De regresso à equipa, após cumprir castigo na última jornada, o avançado brasileiro não demorou muito fazer sorrir outra vez os adeptos canarinhos após a sua curta ausência.

Depois de um arranque bastante equilibrado, o pé de Bonatini tratou de colocar água na fervura que foi a primeira parte na Amoreira. Muita luta a meio campo e pulmão nas alas. A noite caiu fresca mas dentro do relvado o jogo foi quentinho nos primeiros 45 minutos.

FILME E FICHA DE JOGO

O ponto de ebulição foi atingido logo aos 15 minutos, com os adeptos a pedirem penalti sobre Bruno César na grande área academista. Ofori, a grande surpresa na equipa inicial dos estudantes, no lugar de Emídio Rafael, envolveu-se com o médio brasileiro quando este seguia isolado para a baliza de Pedro Trigueira.

O árbitro Jorge Sousa nada assinalou mas a repetição deixou algumas dúvidas. Parece de facto ter existido um encosto na perna do «chuta chuta» e, a acontecer, seria grande penalidade e posterior expulsão do defesa ganês.

O lance, contudo, permitiu aos presentes no estádio identificar a principal fraqueza dos estudantes na partida. Entre os olhares observadores estava, claro, o de Fabiano Soares. O técnico estorilista reparou nos sucessivos erros do lateral ganês e deu ordens para que os ataques dos canarinhos fossem conduzidos pelo lado direito.

Foi o início do sofrimento para a Académica, que culminou com o golo de Bonatini, aos 34 minutos. Com tantas investidas pelo lado direito, os estudantes esqueceram o perigoso Gerso no lado esquerdo. O extremo aproveitou, correu por ali fora e serviu o avançado brasileiro para o primeiro golo do encontro.

A Académica, porém, reagiu bem ao golo do Estoril. Fernando Alexandre e Hugo Seco, praticamente de seguida, estiveram perto de restabelecer a igualdade. Valeu aos canarinhos um inspirado Kieszek, que teve duas intervenções de grande qualidade.

Antes do tempo de descanso, o Estoril ficou por instantes reduzido a dez. Babanco, que já havia necessitado de assistência, cai no relvado e tem mesmo de abandonar o relvado de maca.

Ao intervalo o resultado de 1-0 adequava-se aquilo que tinha sido a partida até então, mas os estudantes saíram por cima.
 
A «malapata» atrasou-se mas ainda veio a tempo

No segundo tempo o cenário alterou-se por completo. Filipe Gouveia afinou a estratégia ao intervalo e os estudantes entraram com a lição bem estudada.

Para a segunda parte, o técnico chamou a jogo Rabiola e também Gonçalo Paciência, e foi precisamente isso mudou em relação à primeira metade, paciência.

A Académica deixou de ser Briosa e passou a ser mais ponderada nas saídas para o ataque. O ritmo da partida abrandou, como já era de prever, e os de Coimbra aproveitaram uma Linha adormecida (a dos centrais) para fazerem o golo do empate.

DESTAQUES DO ESTORIL-ACADÉMICA 

O recém-entrado Marinho apareceu sem marcação no meio-campo e colocou a bola em Gonçalo Paciência. O avançado tem uma boa arrancada pela esquerda, livra-se de Anderson Luís, e serve de bandeja Rabiola que, em cima da linha de golo, teve apenas de encostar para o fundo das redes.

Depois do golo, o encontro abriu-se mais um pouco. Fabiano Soares aposta tudo no ataque, fazendo entrar Luiz Phelyppe para o lugar de Chaparro, e recuando Bonatini para uma posição mais central no terreno.

A substituição surtiu efeito e o Estoril partiu para a frente em busca do golo. Ainda assim, excetuando um ou outro lance de maior perigo de Bruno César, os canarinhos nunca conseguiram intimidar verdadeiramente a defensiva academista.

O apito final chegou numa altura em que o jogo já pouco ou nada tinha para dar e acabou por selar um resultado justo para aquilo que se verificou em campo.

A Académica apontava a uma vitória na Amoreira «com maior ou menor dificuldade», e por pouco que não a conseguia de facto. Quer parecer que Filipe Gouveia, para além de treinador, tem também dotes de adivinho, tal a precisão das suas apostas.

Resultado final, um empate. Continua a «malapata» do Estoril frente à Académica. Há três encontros que os canarinhos não conseguem passar no exame frente aos estudantes, e prolongam o jejum de vitórias no campeonato para quatro jogos.