A FIGURA: Gonçalo Paciência, o criativo
Entrou ao intervalo e foi o principal impulsionador do ataque da Briosa. Excelente qualidade técnica, bom a procurar espaços e forte na disputa com os centrais, ganhando quase todas as divididas. Saiu da sua criatividade o golo do empate, após um drible na esquerda sobre Anderson Luís, assistindo na perfeição Rabiola.
Após o empate foi agitando, mas a equipa recuou um bocado e a tarefa tornou-se mais ingrata. Mesmo assim, num jogo em que não teve oportunidades de finalização, mostrou que não é um homem só de área. Esta segunda parte deve valer-lhe o regresso à titularidade.

O MOMENTO: as mexidas de Filipe Gouveia ao intervalo
A Académica saiu para o intervalo a perder e Filipe Gouveia decidiu arriscar logo no abrir do segundo tempo. Chamou Rabiola e Gonçalo Paciência, retirou o avançado que começou de início, Rafael Lopes, e o defesa-direito, Oualembo, (recuou Nii Plange) e passou a jogar em 4-4-2.
A dupla Rabiola-Paciência começou desde logo a causar estragos e a ganhar espaços entre as linhas do Estoril, que não conseguiu encaixar na nova forma de jogar da Briosa. Não causavam muito perigo, não remataram muito à baliza, mas os desequilíbrios que estavam a criar faziam prever que a qualquer momento podiam abrir espaços e fazer o empate. Aos 70’ foi mesmo isso que aconteceu. Marinho, também ele recém-entrado, colocou em Paciência que após um belo lance individual na esquerda serviu Rabiola para o golo.
O camisola 9 só teve de encostar ao segundo poste e empatou o jogo, dando mais um ponto à Académica na luta pela fuga aos lugares de despromoção, logo na casa de um adversário difícil e que só tinha cedido pontos frente ao Rio Ave. Mérito para Filipe Gouveia pelo risco! 

OUTROS DESTAQUES:

Triângulo sul-americano à direita: Chaparro, Bruno César, Anderson Luís
O corredor direito do Estoril foi sempre o que deu mais trabalho à Briosa e foram muitas as vezes que por este lado a equipa de Fabiano Soares provocou estragos, devido as combinações entre Chaparro, Bruno César e o Anderson Luís. O médio centro argentino recebia e com um, dois toques soltava a bola, colocando-a no ex-Benfica, Bruno César, que progredia com a «redondinha» para o meio e deixava que o lateral brasileiro passasse nas suas costas para lhe colocar o esférico. O cruzamento seguia-se, normalmente de primeira por Anderson Luís, e o pânico era geral na área de Pedro Trigueira. Estas triangulações deixaram Ofori com a «cabeça em água», e o lateral nunca os conseguiu parar. Esta combinação não chegou a dar golo, mas abriu muitos buracos na defesa academista. Iago e Ricardo Nascimento ou a ineficácia do Estoril foram a salvação do conjunto de Coimbra.

OFORI, o lateral que andou sempre perdido
Filipe Gouveia apostou em Ofori no lugar de Emídio Rafael, no lado esquerdo da defesa, e nesta altura deve estar a pensar que não o devia ter feito. O lateral ganês entrou mal na partida, não conseguiu parar Bruno César e não foi inteligente o suficiente para perceber as trocas entre Chaparro e o extremo brasileiro. Convém também referir que Nii Plange no primeiro tempo e Rui Pedro no segundo, não foram a ajuda que precisava.
Era impressionante a forma como Ofori «destapava» o lado esquerdo ao perseguir Bruno César para todo o lado, à moda antiga. Os estorilistas perceberam e aproveitaram, quer Chaparro, quer Anderson Luís e até mesmo Bonatini foram usufruindo daquele espaço. A velocidade de Ofori, por vezes, serviu para corrigir esses erros.
Convém frisar que este desacerto posicional lhe podia ter valido a expulsão, já que depois de uma má abordagem a um pontapé longo de Kieszek, aos 14 minutos, Bruno César foi para a baliza sozinho e Ofori derrubou-o, já dentro de área, quando tentava recuperar posição. Jorge Sousa nada assinalou, para sorte do lateral.

Fabiano Soares recua Léo Bonatini
Pela negativa. Ao minuto 53, Fabiano Soares coloca em campo o avançado Luíz Phellype e tira o médio Chaparro, fazendo recuar Léo Bonatini. Esta substituição, num momento em que a Académica crescia, tirou posse de bola aos canarinhos e diminuiu o acerto posicional no meio-campo do Estoril, já que a marcação e o posicionamento defensivo não são o forte do autor do golo. O conjunto da Linha perdeu a luta pelo meio-campo, ficou mais exposto a contra-ataques e perdeu acutilância ofensiva já que Luíz Phellype nada acrescentou e Chaparro estava a ser importante na dinâmica estorilista. Bonatini ainda se esforçou para ajudar e para fazer de Chaparro, mas sem efeito. A baliza é o seu foco, não a criação, e por diversas vezes tentou de longe, mas sem sucesso. Com uma alteração, Fabiano retirou capacidade de posse e poder de fogo na área. Mal o técnico brasileiro!