Depois de uma segunda parte com erros de mais para ser verdade, os estudantes salvaram um ponto ao cair do pano.

Valeu o golo de João Real, a desfazer os erros dos colegas de setor, numa tarde para esquecer da defensiva academista. Sem fazer muito por isso, o Nacional quase saiu de Coimbra com os três pontos. Assim, mantém-se a distância pontual entre as duas equipas.

A Académica entrou com tudo na partida. Assumindo a responsabilidade de jogar perante o seu público, e a precisar de ganhar para deixar a linha de água, os estudantes mostraram desde cedo que as declarações dos jogadores na antevisão do confronto com os insulares não tinham sido palavras de circunstância.

A jogar com velocidade e intensidade, o conjunto de Gouveia criou duas oportunidades logo nos primeiros 15 minutos. Primeiro num remate de Leandro Silva que Gottardi defendeu com dificuldade e, depois, com o mesmo final num cabeceamento de João Real.

A dinâmica ofensiva com que o conjunto de Gouveia entrou em campo baralhou as marcações defensivas dos insulares. E isso fez com que os estudantes criassem várias ocasiões nos primeiros 25 minutos.

Passado este período, seguiu-se uma fase de menor fulgor dos estudantes. Os insulares começaram a acertar as marcações e a cortar linhas de passe na primeira fase de construção do futebol academista, e a menor velocidade imprimida no processo ofensivo tornou previsíveis as jogadas da equipa da casa.

O Nacional também foi espreitando o ataque, ainda que mantendo-se muito mais na expectativa do que o adversário. Nos flancos, Salvador Agra e Willyan foram tentando imprimir velocidade, contudo, raramente a bola chegou com perigo à baliza de Trigueira.

E quando tudo apontava para que o nulo se estendesse até ao intervalo, um raide estudantil à baliza de Gottardi abriu o marcador. Leandro Silva lançou Nii Plange nas costas da defesa madeirense, o extremo ganhou em velocidade aos opositores e rematou de pé esquerdo para um golo de belo efeito.

«Unidos»... também nos disparates

Em vantagem no marcador, com um golo mesmo a terminar o primeiro tempo, esperava-se que a Académica entrasse mais tranquila na etapa complementar. Absolutamente errado. A entrada dos estudantes na segunda parte é indescritível.

Vamos tentar, mas é muito difícil traduzir em palavras aquilo a que quase 3.000 pessoas assitiram no Cidade de Coimbra. Logo na saída de bola, o Nacional conduziu um ataque pela direita, através de Salvador Agra. Depois de ultrapassar Rafa, o extremo nacionalista cruzou para a área onde, Oualembo, pressionado por Willyan, empurrou para a baliza de um desamparado Trigueira.

Estava feito o empate, com poucos segundos jogados na segunda parte. Mas o pior ainda estava para vir. Durante cerca de três minutos, assistiu-se a um recital de passes falhados por parte dos jogadores da formação conimbricense.

O desnorte era total, e a imagem perfeita disso foi o lance do segundo golo do Nacional. Román, entrado ao intervalo para agitar o jogo insular, fez o que quis da defesa contrária, passando por vários adversários. Já dentro da área, o espanhol parece perder o lance, com a bola a ficar à disposição de Ricardo Nascimento. Porém, o central academista, na tentativa de atirar para canto, disferiu um remate indefensável para Trigueira.

Sem fazer muito por isso, a equipa visitante chegava à vantagem na partida, aos cinco minutos da segunda parte. E o lote de lances caricatos protagonizados pelos homens mais recuados da Académica ainda não se esgotara.

Seis minutos volvidos, foi Rafa que, com uma abordagem muito infeliz, isola Ricardo Gomes, valendo, nesse lance, o deslumbramento do dianteiro cabo-verdiano, que não esperava tamanha prenda, e deixou-se antecipar por João Real.

Tinham corrido 15 minutos da etapa complementar, quando se viu o primeiro sinal da presença estudantil na área contrária, num lance em que Nii Plange quase faz o empate.

A partir desse momento, assistiu-se a um jogo mais «normal», com lances perigosos de parte a parte, ainda que com maior iniciativa academista.

João Real indica o caminho... e Trigueira cerra fileiras

Quando o jogo caminhava para o final, com a Académica a procurar o empate de forma algo desesperada, o golo surgiria mesmo, numa jogada típica de «chuveirinho», após uma bola bombeada para a área por Leandro Silva, João Real apareceu no sítio certo a empurrar para o golo do empate, em cima dos 90 minutos. Depois de chegar à vantagem a terminar o primeiro tempo, no cair do pano do segundo, chegava o empate. Demonstrando a união de que os jogadores haviam falado antes da partida, o sub-capitão dedicou o golo a Ricardo Nascimento, companheiro de setor, que tinha estado infeliz, no seu dia de aniversário.

Mas o marcador só não voltou a alterar-se porque Trigueira surgiu a fechar o caminho da baliza academista, mesmo a terminar. Román surgiu em excelente posição para marcar, mas o guardião academista defendeu com os pés, o último esforço insular.

Fica um ponto para cada equipa, e mais um jogo sem perder do estudantes em casa. Mas, desta vez, isso esteve quase a acontecer. E por culpa própria.