Num duelo com tanto em jogo, Estoril e Marítimo entraram em campo munidos de bastante pragmatismo, procurando estudar os pontos fracos do adversário para depois sim tentar causar mossa.

Ivo Vieira pediu para a equipa da Linha «libertar a mente» da pressão decorrente do último lugar ocupado e, de facto, tal parece ter acontecido, pelo menos no primeiro tempo.

Os insulares a pressionar alto, iam dificultando a saída da equipa da casa para o ataque. Do outro lado, o Estoril foi sabendo esperar e tirar partido das «fugas» na linha mais atacante dos insulares. Sempre que saiu da primeira zona de pressão, os estorilistas tiveram sempre muito espaço no centro do terreno para municiar o ataque ou tentar o remate de meia-distância.

Lucas Evangelista foi quase sempre o elemento mais perigoso, fruto desse mesmo espaço concedido, dando água pela barba aos defesas e também ao guarda-redes adversário.

Acabaria mesmo por ser o brasileiro a abrir o marcador à meia hora, na conversão de uma grande penalidade, colocando alguma justiça no resultado, pelo que se tinha assistido até então.

Para tanta sede de vitória, o Marítimo não foi capaz de levar o cântaro à fonte muitas vezes, dando a sensação de que fora o Estoril quem vinha de uma senda triunfante no campeonato (três).

Para quem tinha prometido uma equipa «cem por cento concentrada» no Estoril, com vista ao objetivo de alcançar lugares europeus, Daniel Ramos terá ficado certamente dececionado com o filme do encontro até ao tempo de descanso.

Escondeu-se o sol, brilhou o talismã da Madeira

A segunda parte trouxe um Marítimo de guião diferente nas mãos. A equipa insular entrou bem mais perigosa e não precisou de muito tempo para causar estragos.

Numa altura em que o sol se escondeu, brilhou de novo aquele que já pode ser visto como o talismã da Madeira. Joel Tagueu, camaronês que o Marítimo recrutou ao Cruzeiro em janeiro, subiu mais alto que os demais e encostou de cabeça para o empate, fazendo o sétimo golo da conta pessoal no campeonato e o sexto nos últimos quatro jogos, imagine-se.

Surpreendidos pela entrada forte do adversário, os canarinhos retraíram-se um pouco, concedendo mais espaço aos insulares, que ainda assim não foram capazes de fazer muito mais.

FILME DO JOGO

Foi preciso esperar pela última meia hora para assistir a mais ação em campo. Como era de esperar, o jogo repartiu-se e brotaram oportunidades para as duas equipas. Por uma vez chegou a gritar-se golo nas bancadas, mas o tiro de Eduardo rasou no poste da baliza do Marítimo, dando uma sensação contrária.

Os madeirenses fecharam-se, mas esperaram sempre pelo erro dos canarinhos para sair em contragolpe, causando alguns calafrios mas nada mais do que isso.

Esperança e desilusão no final

Quando todos já aguardavam pelo apito final, Victor Andrade caiu na área e Luís Ferreira assinalou novo penálti a favor do Estoril, para gáudio dos adeptos da casa.

Contudo, depois de consultar o VAR, o juiz da partida considerou que a falta tinha sido fora da área. O lance causou grande revolta em jogadores e adeptos, o que deu aso a um final de partida bastante «quentinho».

Resultado mais positivo para o Marítimo, que assim igualou o Rio Ave no quinto lugar e colocou-se a jeito para conseguir um lugar europeu no final da época. O Estoril terminou o jogo com apenas um ponto, mas com uma enorme ovação dos adeptos, com gritos de «não desistam!», muito embora a luta se complique a cada jornada que passa.