Voltas e reviravoltas, curva e contracurva em direção ao título nacional. O Benfica conserva a vantagem de quatro pontos na frente da tabela classificativa da Liga após nova cambalhota no marcador. 1-3 em Arouca.
 
Iuri Medeiros provocou um sobressalto no percurso, tal como acontecera na visita a Moreira de Cónegos, mas a equipa de Jorge Jesus regressou a casa com os três pontos. Golos de Jonas e Lima – dois - na etapa complementar.
 
A recuperação iniciou-se numa falha tremenda de Goicoechea, guarda-redes local, e foi confirmada na fase de maior pressão dos encarnados. Suor e crença do Benfica, que não treme. A equipa da casa ficou reduzida a dez elementos ao minuto 64, por expulsão de Hugo Basto.  Não vai defrontar o FC Porto na próxima ronda.
 
O Arouca preparou este jogo sem três unidades influentes na manobra da equipa. Pedro Emanuel perdeu, na jornada anterior, o defesa Miguel Oliveira, o médio Rui Sampaio e o médio/avançado Pintassilgo.
 
Obrigado a improvisar, o técnico recuou Artur no terreno de jogo e decidiu apostar em Iuri Medeiros, a jovem promessa cedida pelo Sporting. Curiosamente, do outro lado esteve Joris Kayembe, um velocista belga dos quadros do FC Porto.
 
No Benfica, a única novidade girou em torno do regresso de Júlio César à baliza. Jorge Jesus não quis esperar e relegou Artur Moraes para o banco de suplentes.
 
Iuri Medeiros: uma seta em Arouca

Fosse um guarda-redes ou outro, nada haveria a fazer perante o remate inspirado de Iuri Medeiros ao sétimo minuto de jogo.
 
Os adeptos iam entrando no recinto a conta-gotas e muitos não viram o excelente trabalho do jovem internacional português. Passe na diagonal de Nelsinho, Iuri a tocar com o pé esquerdo para fora do alcance de Eliseu e a atirar de pronto com o direito.
 
Um golaço a abrir as hostilidades em Arouca. Prémio para a boa entrada dos homens de Pedro Emanuel, perante um Benfica que se procurava adaptar a um relvado mais estreito.
 
Sem espaço nos corredores, Jorge Jesus pedia a Gaitán e Salvio para procurarem caminhos livres no corredor central. O grande desafio consistia em evitar as faíscas – os duelos corporais – dentro de uma caixa de fósforos.
 
Pizzi também entrava pelo centro, nem sempre com acerto, e obrigou Goicoechea a uma defesa – a primeira de várias – apertada para canto, após remate à entrada da área.
 
Pouco depois seria Salvio a comprovar a qualidade (nesse capítulo) do guarda-redes uruguaio. Belo trabalho do argentino, até entrar na área, mas de novo o dono da baliza do Arouca a superiorizar-se.
 
A melhor oportunidade do Benfica chegaria com meia-hora de jogo. Na sequência de um canto na direita, Luisão desviou de cabeça e Salvio rematou ao ferro da baliza contrária.
 
O Arouca esquecia princípios estéticos na defesa da vantagem e recuava perigosamente no terreno. Kayembe ainda lançou um par de ameaças na direita, travando um duelo interessante com Maxi Pereira, mas o argumento parecia curto. Para além disso, Pedro Emanuel tinha que lidar com a folha disciplinar da sua equipa: três cartões amarelos na etapa inicial.
 
O tiro nos pés e o cerco do Benfica

Sem alterações no marcador até ao intervalo, Jorge Jesus sentiu que não havia tempo a perder e trocou Samaris por Talisca. O Benfica chegou rapidamente ao empate, é certo, mas nada teve a ver com a substituição.
 
Mauro Goicoechea, após várias defesas seguras, borrou a pintura com um alívio contra Lima. Jonas aproveitou e empurrou para a baliza deserta.

O Benfica montava o cerco ao adversário e este acusava a pressão. À hora de jogo, estava confirmada a reviravolta. Gaitán na esquerda, um ensaio de Jonas para defesa incompleta do guarda-redes do Arouca e Lima a finalizar ao segundo poste.
 
Pedro Emanuel sentia o chão a fugir dos seus pés. Sem tempo para mexer no onze, o treinador local viria Hugo Basto ser expulso ao minuto 64. Fuga de Lima em direção à baliza e o central a recorrer à falta. Surgiam dois jogadores arouquenses nas imediações mas Vasco Santos não hesitou.
 
Em superioridade numérica e com vantagem no marcador, o Benfica baixou o ritmo de jogo e limitou-se a controlar a resposta descoordenada do Arouca. Tempo ainda para bom passe de Eliseu e segundo golo de Lima, assumindo-se como a figura do encontro. Mais uma cambalhota no resultado a favor do líder do campeonato.