Um empate que não agrada a ninguém, mas que se ajusta num jogo de grandes golos. Este é o sumo do Rio Ave-Nacional, jogo entre candidatos, uns mais assumidos do que outro, a postos europeus. A verdade é que, face ao atraso, a Europa pode esperar. Melhor: a Europa parece que vai ter mesmo de esperar.
 
Num jogo que alternou períodos interessantes com outros onde a luta superou o discernimento, foi preciso esperar pelo segundo tempo para se verem os golos, numa noite fria em Vila do Conde, como quase sempre nesta altura do ano.
 
Aliás, não só o frio (apesar do sol), mas sobretudo a hora madrugadora (18h numa segunda-feira) roubaram, e de que maneira, público ao espetáculo. Uma das duas bancadas do estádio não tinha sequer um espectador.
 
Um pormenor habitual no futebol português. Vamos, portanto, para o jogo…
 
Ao intervalo o resultado penalizava claramente o Rio Ave. Apesar de só ter sido esmagador na fase final, a equipa de Pedro Martins fora melhor durante quase todo o tempo. Mais esclarecida, mais perigosa. Também mais perdulária, o que fez a diferença.
 
Nem foi só a grande penalidade que Hassan desperdiçou. Ou melhor, que Gottardi defendeu. O Rio Ave teve outras oportunidades, uma delas flagrantíssima por Del Valle, já sem guarda-redes na baliza. Valeu Marçal a dar o corpo à bola. Antes, Gottardi, o melhor em campo, tinha evitado sobre a linha que um cabeceamento de Tarantini entrasse.
 
Os dados justificavam a tese de que um Rio Ave vencedor ao intervalo não chocaria ninguém. Seria, até, mais justo. Mas o que conta são as bolas que entram e Pedro Martins desceu aos balneários com a certeza de ter de encontrar a fórmula para furar a barreira madeirense.
 
O meu golo é melhor do que o teu
 
Não precisou esperar muito para festejar, finalmente. Na primeira jogada do segundo tempo, o Rio Ave coloca em Marvin que arranca pela esquerda, entra na área e, na passada, atira um míssil para a baliza de Gottardi. Nada podia fazer aqui, o brasileiro. A vantagem chegava, finalmente. Havia justiça.
 
O problema é que o golo, que deveria tranquilizar o Rio Ave, galvanizou o rival. O Nacional, já com Wagner no lugar de Saleh Gomaa, percebeu que tinha de fazer mais para levar alguma coisa de Vila do Conde. Cresceu. E marcou. Num golaço.
 
Centro na direita, toque atrasado de cabeça de Lucas João e bomba de Marco Matias. Mais um bom golo num jogo afinado neste capítulo.
 
Estavamos no minuto 52. A vantagem do Rio Ave esfumara-se em cinco miniutos e, também importante, o capital de confiança ganho com o golo. Tanto que o jogo partia de vez e deixava a ideia de poder cair para qualquer lado.
 
Se não, veja-se: aos 57, Marvin entrou na área e viu Gottardi negar-lhe o bis; aos 65, Luís Aurélio, sozinho, atirou contra um homem do Rio Ave, quando tinha tudo para marcar. Dois lances flagrantes, um para cada lado.
 
A bola, essa, passava a estar mais tempo do lado do Nacional, até porque Manuel Machado não teve problemas em arriscar, tirando o trinco Aly Ghazal para lançar Christian. Pedro Martins respondeu com mais músculo para o meio campo: Pedro Moreira em vez de Del Valle.
 
Com isso voltou a puxar a balança para o seu lado, numa altura em que esta ameaçava cair para o lado do Nacional. Os madeirenses nem se importaram, porque a toada de contra-ataque não lhes assentava mal. E o jogo arrastou-se até ao final, sem nunca mais roçar o brilho do início do segundo tempo. 

Um ponto para cada lado. Quinto jogo seguido sem vencer na Liga para o Rio Ave. Nos últimos oito, o Nacional só perdeu um.