O Desp. Chaves obrigou o FC Porto a vestir traje de trabalho para vencer mais um jogo na Liga. O quinto consecutivo e novamente sem sofrer golos, o que deixa a equipa de Sérgio Conceição mais uma semana ao lado do Sporting na liderança. Uma vitória bem mais sofrida do que o 3-0 final deixa antever, o que ainda sublinha mais o mérito azul e branco.

É que foi preciso suar muito, correr muito, trabalhar muito para levar de vencidos os transmontanos, num duelo rijo, para homens. Um jogo equilibrado durante 80 minutos, mesmo com ascendente azul e branco. E com um resultado final justo mas muito pesado para a equipa de Luís Castro. Sobretudo porque a diferença nas oportunidades de golo nem foi assim tanta.

Ao intervalo, por exemplo, os dois melhores lances para marcar da equipa portista tinham surgido, ambos, ainda nos primeiros dez minutos. Nenhum soberano, sublinhe-se. Brahimi rematou forte mas à figura de Ricardo. Danilo cabeceou sobre a trave, após canto.

Essa pobreza explica, também, que o nulo tenha vigorado ao longo dos primeiros 45 minutos, numa metade em que o Desp. Chaves começou expectante mas seguro e ainda ameaçou num remate forte de Jefferson que Casillas susteve com a melhor defesa do encontro. Continua a zeros a baliza do espanhol esta época.

Ora, ao intervalo percebia-se então que o FC Porto tinha de mudar alguma coisa porque o plano A não estava a dar resultado. Sérgio Conceição apostou no esquema do costume, embora com uma mudança: Ricardo Pereira começou no banco, Layún foi titular. Não justificou o mexicano.

Do lado flaviense, Luís Castro estreou o central Nikola Maras e o lateral Djavan, num 4-3-3 musculado que atrapalhou e muito a sua ex-equipa.

Estreia do trio SAM e golo descoberto

Pedia-se mais agilidade ao FC Porto e Conceição mexeu cedo. Corona já não voltou dos balneários e Tiquinho Soares, de regresso, após lesão, aumentou o poder de ataque do dragão. Um tridente inédito, formado por Soares, Aboubakar e Marega (o trio SAM) e com Brahimi ali por perto. Demorou quatro minutos a resultar.

Soares recebeu atrasado, fez um belo passe para Brahimi que simulou na perfeição, enganando Domingos Duarte. Aboubakar recebeu, entrou na área, puxou para o pé esquerdo e rematou. A bola desviou em Paulinho e só parou no fundo da baliza. Quinto golo do camaronês na Liga.

Explosão de alegria no Dragão. Alegria e alívio, por um golo que, esperava Conceição, acalmava as hostes. Afinal, este ano foi a primeira vez que, ao intervalo, o FC Porto não estava em vantagem. Quatro minutos de segundo tempo e ficou corrigido.

O golo, porém, não acalmou o FC Porto como se imaginaria. Porque 1-0, já se sabe, é curto para descansos. Soares ainda teve na cabeça o 2-0, após um primeiro desvio de Marcano, num canto, mas o Chaves também desesperou, quando William desviou para fora um cruzamento de Paulinho, a vinte minutos do fim.O brasileiro ficou esquecido na área e a perdida foi incrível. Tal como a de Thiago Galvão, aos 80, após brilhante assistência de Pedro Tiba. Tudo isto com 1-0 no marcador. Quem estava seguro num jogo destes?

Galvão estava em campo há vinte minutos quando esse lance aconteceu. Foi lançado a par de Elhouni quando Luís Castro ficou sem nada a perder e tentou tirar algo mais do jogo. Jorginho Íntima por Djavan foi a última troca. Do lado do FC Porto, com vantagem no marcador, Conceição equilibrou a equipa com Otávio e André André, até porque o jogo, já se disse, desaconselhava riscos desnecessários.

O conforto veio, então, na reta final. Primeiro por Soares, na recarga a uma grande penalidade por si mesmo desperdiçada. Depois por Marega, o melhor em campo, num desvio certeiro ao segundo poste. O maliano merecia marcar, o Chaves não merecia sofrer mais.

Mas para a história ficará o 3-0 do FC Porto, o candidato que melhor resposta deu esta semana, numa ronda com dificuldades para todos mas sorte igual: três pontos. Os do FC Porto são para agradecer a um tridente por muito poucos esperado no início da época: o Trio Sam já faz estragos.