Não foi um jogo bonito. Mas foi um momento de inspiração pura que acabou por decidir o seu desfecho. Rodrigo Pinho e Ibson construíram o único golo que deu, mesmo ao cair do pano, a quarta vitória do Marítimo na presente Liga NOS. Autêntico balde de água fria para o Rio Ave de Miguel Cardoso, que já jogava para o empate em cima dos 90+3’ depois de mais de uma hora a jogar em inferioridade numérica devido a expulsão de Francisco Geraldes aos 24 minutos.

A equipa de Daniel Ramos ultrapassou os vilacondenses na classificação e soma agora 12 pontos.

FILME E FICHA DE JOGO

O Rio Ave entrou disposto a mandar no jogo e procurando construir com o contributo de todos os setores da equipa. Mas beneficiava, como é hábito, de um Marítimo desprendido da iniciativa e apostado nas transições rápidas quando recuperava a posse de bola.

Os vilacondenses bem tentaram controlar o jogo, mas o adiantamento das linhas no terreno, por forma a criar mais intensidade na pressão sobre no meio campo defensivo dos madeirenses, abriu muitos espaços para sucessivos contra-ataques.

À passagem da meia hora, o Marítimo só podia queixar-se de si próprio por não se encontrar em vantagem no marcador. Faltou inspiração no momento de decidir como finalizar a Ricardo Valente ou Erdem Sen. Mas também faltou alguma sorte, já que Jean Cléber, aos 21 minutos, rematou ao poste da baliza de Cássio após uma boa iniciativa individual à entrada da área visitante.

O Marítimo estava a atrevido e ainda mais ficou quando, aos 24’, Francisco Geraldes viu cartão vermelho directo, na sequência de uma entrada sobre Edgar Costa, expulsão essa que foi decidida após o visionamento de imagens.

Mesmo em superioridade numérica, a equipa de Daniel Ramos manteve-se fiel à sua habitual estratégia. A iniciativa continuou a ser concedida ao Rio Ave, embora a formação de Miguel Cardoso tivesse passado a apostar em transições rápidas para tentar chegar à baliza de Charles.

Contra dez, a organização defensiva dos madeirenses revelou-se ainda mais confiante. Tanto assim foi que até o central Pablo apareceu mais vezes na área de Cássio. Aos 32', o brasileiro chegou a introduzir o esférico na baliza dos visitantes, mas o lance foi anulado por fora de jogo.

Até ao intervalo só deu Marítimo, sempre apostado nas transições rápidas, mas sem capacidade de decidir bem quando chegava ao último terço do terreno. Quanto ao Rio Ave, foi só quase em cima do apito para o descanso que conseguiu rematar pela primeira e única vez à baliza de Charles. Mas Tarantini, atirou à malha lateral. Antes do regresso às cabines, Erdem Sen foi substituído por Rodrigo Pinho, por lesão.

O reatamento trouxe um Rio Ave com os mesmos dez elementos, o mesmo acontece com os onze do Marítimo. Mas quem esperava uma toada igual ou semelhante àquela que pautou os primeiros 45 minutos não demorou muito tempo a mudar de ideias.

A equipa madeirense entrou algo desconcentrada. Os pupilos de Daniel Ramos continuaram a chegar com mais perigo junto da área de Cássio, mas exibindo ainda maiores dificuldades na hora de definir. O estado do relvado também não ajudou, acabando por prejudicar ambas as equipas.

Com o passar do tempo, o Marítimo foi subindo mais no terreno, já em ataque continuado, em contraponto com um Rio Ave já apostado em não perder. Mas as investidas dos madeirenses ou esbarravam na boa organização defensiva dos visitantes, ou na tal falta de eficácia.

Em cima dos descontos, já quando se pensava na divisão de pontos, a apesar do aperto que o Marítimo estava a levar a cabo junto da área do Rio Ave, Rodrigo Pinho protagonizou um momento de inspiração que desatou um nó que parecia impossível de desfazer. Um passe de calcanhar providencial isolou o compatriota brasileiro Ibson, que já na área, só teve de desviar para o fundo das redes ante a saída do desprotegido Cássio.

Golo fabricado por jogadores que tinham começado a partida no banco de suplentes a pouco mais de um minuto do término da partida e que deixava os vilacondenses sem margem para reagir.