O Rio Ave arrancou esta edição da Liga com uma vitória sobre o Belenenses. Um triunfo que pecou por escasso face ao que as duas equipas produziram esta noite.

Miguel Cardoso, o novo líder deste Rio Ave, reencontrou Domingos Paciência, um velho conhecido, visto que o técnico vila-condense foi adjunto do treinador da formação do Restelo. E o aprendiz superou, em larga distância, o mestre.

Este Rio Ave parece querer seguir no caminho trilhado por Luís Castro no passado recente. Uma proposta de jogo ousada, com um futebol de toque curto, repleto de mobilidade e com espaço para as principais figuras brilharem, entenda-se Francisco Geraldes e Rúben Ribeiro. O futebol rioavista cresce quando os dois pegam no jogo.

Salienta-se ainda, a coragem para continuar fiel e agarrado a uma ideia de jogo durante praticamente os noventa minutos, perante um Belenenses parco de argumentos para discutir o jogo.

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Corações acelerados, pernas tremelicantes. Vestígios intrínsecos aos instantes anteriores ao arranque do jogo inaugural da competição mais importante de clubes a nível nacional.

Quiçá, por isso, o jogo começou confuso, com muitos passes errados. Uma apatia generalizada, com as pernas a parecerem bloquear.

As primeiras aproximações às balizas, dignas de registo, surgiram sempre de bola parada até o Rio Ave começar a pegar no jogo e a mostrar ao que vinha. Com Rúben Ribeiro e Chico Geraldes como cérebros do futebol ofensivo, o Rio Ave subiu no terreno e empurrou o Belenenses para o seu meio-campo.

Porém, os vila-condenses não criaram grandes situações de perigo, com exceção para um livre de Rúben Ribeiro. Notava-se uma ideia de futebol positivo, mas com ainda muitas arestas por limar. 

Ainda assim, a formação da casa conseguiu mesmo materializar a supremacia evidenciada. Chico Geraldes, em noite de estreia com a camisola rioavista, colocou, com alguma sorte à mistura, o Rio Ave na frente.

Castigo justo para um Belenenses que desde cedo assumiu uma postura demasiado expetante, com pouca capacidade para incomodar verdadeiramente Cássio. Os lances de bola parada, claro está, e um pontapé de André Sousa que ameaçou contrariar esse domínio vila-condense foram os únicos registos ofensivos da formação do Restelo na primeira parte. Muito curto para uma equipa com apenas quatro reforços no onze e que conserva a base do ano transato.

A segunda metade voltou a ter os criativos do Rio Ave em plano de evidência e um Belenenses que ousou algo diferente daquilo que tinha demonstrado no primeiro tempo. Ainda assim, um par de cruzamentos e uma série de lançamentos longos revelaram-se insuficientes para contrariar um Rio Ave que cresceu com o passar dos minutos.

Os homens de Miguel Cardoso esbanjaram oportunidades para dilatar o marcador. Algo que, a acontecer, seria inteiramente justo, diga-se. Perante essa incapacidade em concretizar as oportunidades criadas, em catadupa quase, o Belenenses começou a acreditar que poderia levar um ponto para Belém.

Domingos Paciência lançou Pereirinha e Balogun juntamente com Maurides para procurar sucessivos cruzamentos para a área. As alterações revelaram-se inconsequentes para conseguir um desfecho diferente.

Talvez, inconsciente, o Rio Ave recuou de forma a conseguir segurar a magra vantagem. Não se livrou de um ou outro calafrio, mas apenas se pode queixar de si próprio, tendo em conta que fez o suficiente para vencer por números mais expressivos.

Somou três pontos a equipa que mais fez para os conquistar. Um Rio Ave que merece ser seguido com especial atenção perante um Belenenses que precisa de crescer – e muito – se quiser aspirar a outros patamares.